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Balanço final

18-12-2012 | 05:51
Por Liga Nacional de Basquete

Primeiro comandante da LNB, Kouros Monadjemi deixa presidência, faz avaliação da administração e fala sobre legado deixado ao basquete nos últimos quatro anos

Kouros Monadjemi, o primeiro presidente da história da LNB (João Pires/LNB)

Após quatro anos, o presidente Kouros Monadjemi está deixando o comando da Liga Nacional de Basquete (LNB). À frente da entidade em vários momentos marcantes, como a criação da Liga, o desenvolvimento do NBB e a solidificação da principal competição do basquete brasileiro, Kouros acredita que o esporte da bola laranja amadureceu durante todo esse tempo.

Credibilidade é uma das palavras mais usadas pelo primeiro presidente da LNB ao comentar sobre o legado desses quatro anos. Kouros sempre bate nesta tecla, explicando que empresas e cidades voltaram a ter confiança para investir no basquete após a criação do NBB.

Existem outros frutos dessa administração, e a que Kouros fala com mais carinho é da criação da Liga de Desenvolvimento do Basquete, campeonato realizado pela LNB para desenvolver e revelar novos talentos do basquete brasileiro — jogadores que disputaram a primeira edição já estão aparecendo com destaque no NBB.

Kouros, atualmente com 67 anos, sai da presidência, mas não irá embora da LNB, continuando a atuar como conselheiro. O dirigente, que já comandou o Minas Tênis Clube e dirigiu o basquete do clube mineiro, ainda sonha em ver o NBB maior do que já é, em um nível que possa ser comparado à NBA. Enquanto isso, seguirá trabalhando em prol da modalidade no Brasil.

Confira uma entrevista exclusiva em que Kouros Monadjemi faz um balanço de sua gestão na Liga Nacional de Basquete.

LNB – Fazer um balanço de quatro anos da Liga Nacional de Basquete não deve ser fácil, pois muita coisa aconteceu nesse período, mas como você avalia o atual momento da entidade e do basquete brasileiro?

Kouros Monadjemi – Se voltarmos quatro anos, quando ainda estávamos sonhando com o campeonato, e compararmos com hoje, já há uma enorme diferença. O basquete amadureceu; está caminhando forte; nos organizamos um pouco mais; voltou a credibilidade não só dos clubes, mas também das cidades e empresas que patrocinam as equipes. O país como um todo já começa a olhar o basquete de uma maneira diferente. E isso é muito bom. Mas nosso trabalho é contínuo, nada se faz da noite para o dia, e temos consciência disso. Temos que melhorar tecnicamente, temos que melhorar a infraestrutura dos clubes, como um todo, e temos que criar novos ídolos. Ainda há muito o que fazer.

LNB – Em algumas entrevistas, você diz que uma das coisas que mais te orgulha é ver os clubes de basquete unidos. Quão complicado foi conseguir esse feito?

Kouros Monadjemi – Foi difícil, porque é um aspecto cultural. O basquete é um esporte emocional e que leva você a pensar, muitas vezes, somente na sua própria equipe. Quando você cria uma Liga Nacional, em que o sucesso dos clubes depende, fundamentalmente, de que todos mirem o mesmo objetivo, não é uma missão fácil. Mas acho que estamos conseguindo isso. Se a gente voltar cinco, seis anos sabemos que muita coisa mudou. Os clubes que compõem a LNB estamos unidos sim. A cada ano essa maturidade aumenta e espero que isso continue.

LNB – Você sempre comenta que uma das principais conquistas da LNB foi a criação da Liga de Desenvolvimento de Basquete (LDB). Você se sente satisfeito de ter deixado essa competição para as futuras gerações?

Kouros Monadjemi – Se eu pudesse dizer com poucas palavras o que é mais importante para o nosso basquete, eu diria que é a viabilidade da Liga de Desenvolvimento. É dela que teremos a continuidade do trabalho de base dos clubes para gerar os futuros ídolos do nosso basquete. Graças à visão do Ministério do Esporte, que conseguiu enxergar o elo entre a formação, o desenvolvimento e a excelência da nossa modalidade, pudemos receber esse suporte financeiro e técnico para concretizar esse campeonato que nos possibilita aumentar a competividade e massificar o basquete no Brasil.

LNB – Uma das últimas ações realizadas durante seu mandato como presidente foi o desenvolvimento de um sistema que visa a criação da segunda divisão, com acesso de novos clubes ao NBB. Como você vê o futuro desse modelo?

Kouros Monadjemi – Não acredito no modelo de competição fechado. O esporte tem que ser dinâmico. Fechar a Liga em 12, 15, 20 clubes é um contrassenso. Não vamos evoluir assim. O basquete tem que se renovar, os clubes tem que se motivar. O acesso a outras divisões permite que clubes lutem para permanecer onde estão e outros tentem subir de patamar. Isso é sadio. Não quer dizer que as divisões menores são menos importantes. Pelo contrário. Temos que criar a segunda, a terceira e, se precisar a quarta divisão, para que massifique cada vez mais a modalidade. Eu vejo isso como uma vitória para o basquete.

(João Pires/LNB)

LNB – Você sai da presidência da LNB, mas o basquete não vai sair de você, não é? Você pretende continuar ajudando de alguma forma?

Kouros Monadjemi – A LNB é uma família. Todos que fazem parte da não vão sair, nós vamos sempre continuar. Eu saio da presidência hoje, mas continuo na Liga ajudando, como conselheiro. Nós criamos essa Liga para perpetuar e o que me deixa bastante satisfeito é ver que o basquete é sempre visto como a coisa mais importante dentro da LNB.

LNB – É possível, em todos esses anos, separar um momento marcante dessa trajetória na presidência?

Kouros Monadjemi – Poxa… eu acho que tem vários momentos. Não dá para citar apenas um. Acho que o quinto jogo da final da primeira temporada do NBB, com a HSBC Arena lotada para apoiar o Flamengo foi marcante. O dia que nós fizemos o Jogo das Estrelas em Franca, com dois dias com mais de 7 mil pessoas no Pedrocão foi marcante. E assim nós vamos seguindo. Acho que não existe um único momento que seja mais marcante que os outros.

LNB – Gostaria que você falasse um pouco do Cássio Roque, que foi seu vice-presidente nesses quatro anos, e agora assume como presidente da LNB. O que você espera dele?

Kouros Monadjemi – Eu não insistiria na indicação do Cássio se ele não fosse a pessoa ideal a assumir esse posto. Ele é uma pessoa completamente capaz, é um baita de um empresário bem-sucedido, equilibrado, sempre escuta todo mundo, o que é fundamental para manter a união dos clubes na Liga. Foi um dos grandes personagens para a fundação da Liga e tem total consciência do que é essa família. O Cássio preenche todos esses quesitos e tenho certeza que ele vai dar sequência ao trabalho.

LNB – Daqui 30, 40 anos, sempre que as pessoas forem procurar quem foi o primeiro presidente da LNB, eles vão ver o seu nome lá. Isso é um motivo de orgulho pessoal a você?

Kouros Monadjemi – Sem falsa modéstia. O mais importante é o seguinte: o Kouros, o Calixto, o Rossi, o Dadinho, o Luisão, o Arnaldo e todos aqueles que participaram direta ou indiretamente da fundação da LNB fazem parte do grupo que alcançou o objetivo. O meu orgulho vai ser ver o NBB, daqui 10 anos, um projeto no nível da NBA, com clubes tendo uma saúde financeira maravilhosa e que todos nós sempre lembremos de como começamos. Aí sim, vou me encher de orgulho.