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Rio 2016 / Seleção Brasileira

#BrasilÉHistória – 1968

02-08-2016 | 03:19
Por Liga Nacional de Basquete

Sem Amaury Pasos, Brasil perde duas vezes para a União Soviética, fica na quarta colocação e Era Kanela se encerra após 20 anos de comando

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Wlamir Marques e Amaury Pasos conquistaram dois mundiais e dois bronzes com a camisa da Seleção (Divulgação)

Sempre há um fim e, em 1968, Togo “Kanela” Soares dava seu adeus em sua última Olimpíada com a seleção. Apenas com Wlamir Marques em seu elenco, a Era da dupla “Diabo Loiro” e Amaury Pasos chega ao fim, Seleção Brasileira é barrada pela União Soviética nas semifinais novamente e fica com a quarta colocação nos Jogos Olímpicos de Verão no México, em 1968.

Uma das poucas verdades que se tem em nossa vida é: tudo possui um começo, um período em que se goza de todas as oportunidades daquilo que se iniciou e um fim. Em 1968, a era Wlamir Marques e Amaury Pasos terminou antes mesmo das Olimpíadas começarem, ainda sim, foi a última vez que o elenco brasileiro possuiu pelo menos um dos dois em quadra.

Um ano antes do torneio olímpico no México, o Brasil se mantinha como uma das principais seleções do basquete planetário. Após duas conquistas do mundial, a equipe comandada pelo técnico Kanela ficou na terceira colocação da competição e Amaury Pasos dava seu último passo com a camisa verde e amarela. Sua última aparição pelo elenco brasileiro aconteceu no mesmo ano, pelo campeonato pan-americano de Winnipeg, no Canadá.

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Ubiratan, ou “Bira” foi o segundo cestinha do Brasil em 1968 (Divulgação)

Em 1968, o quinteto titular dos Jogos Olímpicos era composto por: Edvar Simões, Rosa Branca, Wlamir Marques, Menon e Bira. Sucar, Mosquito, Scarpini, Hélio Rubens, Zé Geraldo e Sérgio Macarrão compunham o elenco canarinho nesta nova etapa, em final de ciclo com Wlamir, que ingressou na competição com 30 anos, sendo o jogador mais velho da equipe.

O sistema de disputa do torneio é o mesmo das Olimpíadas de Tokyo 1964: dois grupos com oito participantes e os dois melhores se classificavam para a fase semifinal, enquanto os demais disputavam as posições restantes do campeonato. A equipe brasileira ingressou no Grupo B e tinha como oponentes como a URSS, México, Polônia, Marrocos, Coreia do Sul, Cuba e Bulgária.

A Seleção começou o campeonato vencendo o Marrocos no Palácio de Los Desportes, no dia 13 de Outubro, por uma diferença de quase 50 pontos. E a boa fase pereceu durante os jogos, venceu o México, Bulgária, Pokônia, Cuba e Coreia do Sul, dando a invencibilidade para a equipe verde e amarela até o último jogo do grupo. No dia 20 de Outubro, o último jogo do conjunto B era entre os dois primeiros colocados, URSS e Brasil, e, novamente, o Brasil não segurou Palauskas e perdeu a partida, ficando na segunda posição.

Confira os resultados dos jogos da Seleção Brasileira na primeira fase:

Grupo B:
Brasil 98 x 52 Marrocos – 13 de Outubro – Wlamir 19 pontos, Bira 18 e Sucar 16 pontos
Brasil 75 X 59 Bulgária – 14 de Outubro – Wlamir 23 pontos e Mosquito 16 pontos
Brasil 60 x 53 México – 15 de Outubro – Bira 21 pontos e Menon 14 pontos
Brasil 88 x 51 Polônia – 16 de Outuburo –  Bira 20 pontos e Wlamir 18 pontos
Brasil 91 x 59 Coréia do Sul – 18 de Outubro – Bira 26 pontos, Wlamir 21, Menon 20 e Sucar 18 pontos
Brasil 84 x 68 Cuba – 19 de Outubro – Menon 17 pontos e Rosa Branca 17 pontos
Brasil 65 x 76 URSS – 20 de Outubro – Paulauskas 30 pontos

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Kanela foi técnico da Seleção Brasileira de basquete por 20 anos (Divulgação)

Na segunda colocação, a equipe canarinha enfrentou o primeiro colocado do Grupo A, que era composto por EUA, Iugoslávia, Itália, Espanha, Porto Rico, Senegal, Filipinas e Panamá. O elenco norte-americano ficou na primeira colocação, como a melhor defesa do campeonato, e os iugoslavos ficaram logo atrás na parte de cima da tabela. Portanto, nossa Seleção enfrentaria os Estados Unidos na semifinal enquanto a União Soviética recebeu a equipe balcã.

A equipe norte-americana era a mais forte das Olimpíadas e vinha como a favorita. A melhor defesa do campeonato tinha astros ainda em ascensão como Spencer Haywood, calouro do ano na ABA, MVP da liga em seu primeiro ano (1970) e campeão da NBA em 1980, e Jo Jo White, duas vezes campeão da NBA (1974 e 1976) e MVP das finais no segundo campeonato. Mesmo com os 24 pontos de Menon, nossa Seleção não conseguiu bater os americanos e perdeu, por 75 a 63.

Do outro lado, o confronto entre União Soviética e Iugoslávia terminou com a vantagem da equipe dos balcãs por apenas um ponto (63 a 62). Então, com a derrota, a URSS enfrentou o Brasil novamente pela disputa da medalha de bronze. O trio Sakandelidze, Paulauskas e Polivoda não deram chances e a equipe soviética venceu o jogo por uma vantagem maior que 15 pontos diante do Brasil (70 a 53) e ficaram com o ouro.

Nessa Olimpíada Wlamir, Bira e Menon foram os únicos jogadores a anotar mais de 100 pontos na competição. Sucar, Mosquito, Rosa Branca, Scarpini, Sérgio Macarrão, Edvar Simões, José Aparecido,  “Diabo Loiro” Wlamir e o “Velho Togo” participavam de seu último torneio Olímpico, encerrando assim um histórico período de conquistas magníficas para o basquete brasileiro.

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Como Brasil, Kanela conquistou dois bronzes e dois mundiais de basquete (Divulgação)

Com Kanela, Wlamir e Amaury, o Brasil passou de dois títulos do Sul-americano de basquete para oito, um vice-campeonato mundial em 1954, o bicampeonato mundial em 1959 e 1963, conquistou o terceiro lugar no mundial de 1967 e vice na edição em 70. Ainda acumulou duas das três medalhas de bronze que o Brasil conquistou nos Jogos Olímpicos, portanto, sete torneios mundiais seguidos terminando entre os quatro melhores do esporte.