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12-07-2017 | 02:52
Por Liga Nacional de Basquete

Maior cestinha da história, Shamell mira os 10 mil pontos, confia em reviravolta do Mogi no NBB CAIXA e revela “golfe todos os dias” nas férias; confira a entrevista exclusiva

Shamell abriu o jogo sobre a eliminação do Mogi, idade, família, e ainda nomeou os principais atletas que viu nos 12 anos de Brasil (Caio Casagrande/Bauru Basket)

O quadro #Offseason conversou com um entrevistado para lá de especial: o norte-americano Shamell, maior cestinha da história do NBB CAIXA (6.094 pontos). O astro do Mogi das Cruzes/Helbor soltou a voz sobre diversos temas, dentre eles a eliminação em casa para o Universo/Vitória nas quartas de final da última temporada e ambições na carreira aos 37 anos. Além disso, falou sobre seus filhos brasileiros (Jordan e Shamell), que jogam basquete em Mogi das Cruzes (SP) e a introdução dos meninos à cultura nos Estados Unidos. De quebra, admitiu ser um golfista de primeira no período de offseason.

Há mais de 12 anos no Brasil, Shamell é praticamente um brasileiro e está totalmente adaptado ao país, tanto na língua quanto na cultura em geral. Antes da “era NBB CAIXA”, defendeu Araraquara (2004) e Paulistano (2004 a 2007). Já na primeira edição do maior campeonato do país, jogou por Limeira (2008/2009), e depois, se transferiu para o Pinheiros, onde ficou por cinco temporadas e conquistou os títulos do Campeonato Paulista de 2011 e da Liga das Américas 2013, em que foi o MVP.

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Na temporada 2014/2015, o astro norte-americano foi contratado pelo Mogi das Cruzes/Helbor para ser “o cara” do projeto. Depois de duas semifinais consecutivas de NBB CAIXA, o gringo finalmente levantou um troféu de campeão foi o grande destaque das conquistas do Campeonato Paulista 2016 e da Liga Sul-Americana – MVP do Final Four. Agora, Shamell vai para sua quarta temporada no time mogiano.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, e conta com o patrocínio master da CAIXA, os patrocínios da SKY, Nike e Avianca e o apoio do Ministério do Esporte.

Confira a entrevista exclusiva com Shamell no quadro #Offseason:

LNB: Vocês marcaram época na temporada passada ao conquistar os dois primeiros títulos da nova era do basquete de Mogi (Campeonato Paulista e Liga Sul-Americana). Quão significativo foi para vocês escrever o nome na história da equipe e da cidade?

Shamell foi o MVP do inédito título do Mogi na Liga Sul-Americana 2016 (Divulgação/FIBA Américas)

Shamell: A temporada passada foi incrível. Conseguimos dois títulos, o Paulista pela primeira vez em 20 anos e a Liga Sul-Americana. Marcamos nossos nomes na história do clube e da cidade. Está marcado, não tem como apagar, estará para sempre ali.

LNB: É claro que os títulos vieram, mas não tem como esquecer a eliminação para o Vitória em casa nas quartas de final do NBB CAIXA. Como foi digerir aquele momento tão amargo?

Shamell: Foi um momento muito triste e ainda estou mordido. Não vai sair da minha cabeça até termos uma oportunidade assim de novo. Passou, mas isso me motivou ainda mais. Faz nove anos que estou no NBB e nunca passei de uma semifinal. Mas acredito que tudo tem seu tempo. Temos que ter paciência e trabalhar ainda mais. Estou ainda mais motivado para voltar firme e forte para chegar mais longe.

LNB: O que deve ser feito para o Mogi conquistar o tão sonhado título do NBB CAIXA?

Shamell: Temos que trabalhar bastante, cada dia mais. O grupo continua crescendo individual e coletivamente. Tem várias equipes melhorando também. Vamos brigar lá em cima de novo. Motivação nós já temos. Vamos trabalhar duro o ano todo, pois o campeonato é muito longo. É só colocar a cabeça no lugar e trabalhar.

LNB: Você teve sua melhor média de pontos com a camisa do Mogi, (20,5 por jogo) e a melhor média de eficiência da carreira (19,7 por jogo). Aos 37 anos, você se sente melhor do que nos outros anos?

Shamell: Esses números foram muito legais. Arremessei bem, as porcentagens foram legais também. Não consegui ser escolhido como MVP e não consegui ainda chegar ao Quinteto Ideal do NBB. Parece que a cada ano que passa o jogo vai ficando mais fácil para mim. Já conheço todas as defesas, o que os times fazem para me marcar, conheço todos os árbitros, as quadras, os aros, isso faz a diferença. Tudo é fruto de muito trabalho. Quanto mais velho você fica, mais você tem que investir no corpo. O resultado pessoal foi muito bom, mas quero que essa temporada seja melhor do que a passada.

Mesmo sendo MVP do Jogo das Estrelas pelo 2º ano seguido, Shamell ainda não cavou lugar no Quinteto Ideal do NBB CAIXA e quer ser MVP do campeonato (João Pires/LNB)

LNB: Qual foi o momento mais marcante da temporada? Consegue descrevê-lo?

Shamell: Nosso último jogo. Foi uma oportunidade muito grande que tivemos. Vimos pela televisão o Flamengo sendo eliminado mais cedo e isso significou uma grande oportunidade a todos, porque nos últimos anos eles sempre chegaram no topo, na briga pelo título. Para mim, com a minha personalidade, sempre acho que a responsabilidade é minha. Sempre acho que poderia ter feito mais para a gente passar de fase. Não conseguimos. Esse talvez seja o momento mais marcante para mim, é a última lembrança que ficou antes de acabar a temporada.

LNB: Você foi o primeiro jogador na história do NBB a completar os 6 mil pontos. Com 37 anos e indo para sua décima temporada no NBB, pretende chegar a quantos pontos?

Shamell: Não sei, tenho que ver quantos anos esse corpo aguenta jogar. Acredito que eu ainda tenha mais dois ou três anos, isso se eu continuar tratando minha máquina (meu corpo) direitinho, trabalhando forte. Não sei…. acho que chego a 10 mil, 9 mil pontos. Vamos ver como serão os próximos anos.

LNB: Para a próxima temporada, Mogi manteve o núcleo do time e você terá ao seu lado mais uma vez Larry, Tyrone, Jimmy, Filipin… O quão positiva é essa manutenção no elenco de uma temporada para outra?

Shamell: Continuamos com a base e é muito bom ter os mesmos caras aqui por mais uma temporada, isso ajuda na hora de retomar as atividades. Trouxemos mais três caras (Rafa Moreira, Carioca e Wesley Sena), creio que teríamos que trazer mais dois ou três caras para deixar o grupo ainda mais forte. Quando o elenco se mantém ajuda os novos jogadores entenderem como a gente joga e a personalidade da equipe do Mogi.

LNB: Você tem mais de 12 anos no Brasil e por isso conhece a maioria dos atletas da atualidade. Quem foram os principais jogadores que você viu neste período por aqui?

Shamell citou Marcelinho como um dos principais atletas que viu em seus 12 anos no Brasil (Fotojump/LNB)

Shamell: Marcelinho, Alex, Giovannoni, Fúlvio, Marquinhos. De estrangeiro aponto o David Jackson. Esses foram os caras que eu mais competi. Tem o Jefferson também. Tem vários jogadores bons nessa geração. Competi bastante, mas nesses 12 anos esses caras sempre serão colocados junto do meu nome. É uma geração muito boa e competitiva.

LNB: Sobre as férias, você mais uma vez levou seus filhos (Jordan e Shamell) para os Estados Unidos. Como é introduzi-los na cultura americana e também ao restante da família que mora lá?

Shamell: Minha família vai muito bem. A saúde da minha mãe não é a melhor, mas ela ficou muito feliz quando estive lá cuidando dela. Meus filhos amam a cultura americana. Eles acham os Estados Unidos o melhor país para se morar. É claro que eles carregam a cultura brasileira, mas tem bastante coisa lá e muitos lugares para levar as crianças, como em parques, Universal Studios, Disneyland…. Eles amam basquete, e lá tem quadra em todo canto. Tem uma na frente da casa da minha mãe, da minha também. Eles conseguem fazer um intercâmbio legal, treinando, jogando e conhecendo a cultura do basquete americano. Os meninos se adaptaram direitinho.

LNB: Seus filhos são mais brasileiros ou mais americanos?

Shamell: Como moramos no Brasil eles são mais brasileiros, mas têm várias características de americano. Acho que puxou o pai, né? Eles gostam muito de tênis, tênis tênis… Gostam de bastante coisa dos Estados Unidos no Youtube, vídeos de jogador, programas de televisão, mas eles são brasileiros.

LNB: Você sonha em ver seus filhos jogando basquete profissional? Como pensa em ajuda-los nesse processo?

Shamell: Não quero atrapalhá-los, só ajudar. É o sonho deles ser jogador profissional. Só quero ajudar sendo positivo, sem cobrar. Sei que eles terão muita dificuldade nessa carreira de jogador de basquete, sei muito bem o que é isso. Mas se um dia, por exemplo, algum deles me falar: ‘pai, não quero ser jogador de basquete’, estarei 100% ao lado deles. Por enquanto eu só ajudo nos treinos, dando dicas, falando para jogar forte e se divertir.

LNB: O que você fez neste período de offseason antes de se reapresentar no Mogi?

Shamell: Joguei golfe todo dia, uns 27, 36 buracos por dia. Curti bastante com meus ‘neguinhos’, comi bastante o café da manhã delicioso dos Estados Unidos, comi bastante hamburger, mas curti bastante a família mesmo. Duas vezes por semana fiz academia, duas vezes por semana jogava basquete coletivo quadra inteira, e nos outros dias fiquei trabalhando com a minha escolinha de basquete. Mas de uma maneira, curti primos, sobrinhos, família, amigos que não via há muito tempo. Curti muito, foi a primeira vez que tive quase 40 dias com a família e aproveitei ao máximo, mas agora é hora de trabalhar.