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Segredosdo mestre

19-04-2018 | 07:26
Por Marcel Pedroza

Um dos técnicos mais experientes do NBB CAIXA, Alberto Bial revela "elementos especiais" do Solar Cearense para a sequência da série contra o Paulistano

Um dos grandes trunfos do Solar Cearense, sem dúvidas, está no banco de reservas. Dono de larga experiência no basquete nacional, Alberto Bial tem alguns segredos na manga para tentar levar a equipe a uma nova vitória sobre o Paulistano/Corpore nas quartas de final do NBB CAIXA 2017/2018.

Depois de vencer o Jogo 1, em casa, o time de Fortaleza fará duas partidas seguidas em São Paulo. O Jogo 2 acontece nesta sexta-feira (20/04), às 19 horas, com transmissão ao vivo dos canais SporTV. Dois dias depois, no domingo (22/04), as equipes voltam a se enfrentar, às 11 horas, desta vez com transmissão ao vivo via Facebook.

“Atenção é tudo. Vamos enfrentá-los da mesma forma, independente de ser em casa ou não, série de playoffs é diferente. Temos os números, estudamos bastante o adversário, e nos baseamos nisso para fazermos nosso jogo”, alertou o treinador.

Alberto “Cearense” Bial: treinador tem 196 partidas à frente do Carcará e é a grande referência da equipe dentro e fora das quadras (Stephan Eilert/Divulgação)

Aos 66 anos, Bial comanda o Solar Cearense desde a entrada da equipe no NBB CAIXA, na edição 2012/2013. O Carcará, aliás, é uma das poucas equipes que nunca trocou de treinador na história da competição. Além dele, apenas a Liga Sorocabana, com Rinaldo Rodrigues à frente da equipe desde sempre tem esse feito (levando em consideração apenas os times que disputaram mais de três temporadas).

Recentemente, o experiente treinador entrou em outro seleto grupo do NBB CAIXA: “o clube dos 300”. Com um total de 301 jogos na competição, Bial se juntou a Guerrinha e Régis Marrelli como os únicos técnicos a ultrapassarem a marca de 300 partidas na competição. Além do Solar Cearense, Bial também comandou o Joinville por três temporadas, entre 2008 e 2011.

“Na vida a gente vai acumulando situações competitivas, que fazem a gente aprender e ganhar muita experiência. Seja nas vitórias, nas derrotas e nas situações de relações humanas. Tudo isso cria um somatório de experiências que você leva consigo e vai se aperfeiçoando para quando precisar usá-las, em situações como essa de playoffs, você evolua. Isso ajuda muito para que a gente possa não cometer erros anteriores e usar aquilo que deu certo em outros momentos”, disse Bial.

Segredos do mestre

Com tanta história no NBB CAIXA, Bial sabe muito bem que a vitória no Jogo 1 não significa nada em termos de resultado. Mas, por ser um treinador que preza muito pela energia e bom relacionamento dos jogadores, ele sabe que o bom momento vivido pelo Carcará, com a histórica campanh até aqui, deixa a equipe mais “solta” para os jogos em São Paulo.

“A gente espera muita dificuldade, já que o Paulistano é o franco favorito para ganhar essa série. Mas a confiança existe e vai continuar existindo até o final. Só que série de playoffs só vence quem termina com três vitórias. A confiança não pode diminuir ou aumentar em caso de derrota ou vitória em um jogo. O Carcará continua como nos últimos 20 jogos jogando um basquete muito próximo do seu nível máximo, com defesa muita aplicada e com um ataque muito coletivo”, explicou.

“É na defesa, Davi!”: Bial sabe que para conquistar nova vitória sobre o Paulistano, o Solar Cearense precisará defender com inteligência (Stephan Eilert/Divulgação)

Diante de um adversário de alto poder ofensivo, Bial sabe que a vitória só acontecerá em caso de um bom trabalho defensivo. Para parar o melhor ataque da fase de classificação (85,0 pontos por jogo), o comandante do Carcará quer a mesma atenção do Jogo 1. Na abertura da série, o time cearense limitou os rivais a sua segunda pior marca ofensiva da temporada (67 pontos).

“Paulistano é um time quase impossível de marcar. O potencial deles ficou claro na fase de classificação, não só pela incrível sequência de vitórias, mas por um estilo de jogo baseado nas bolas de 3, com grandes chutadores. Precisamos estar atentos o tempo todo para tentar de alguma forma diminuir esse poder desse grande time que é o Paulistano”, explicou Bial.

Com uma característica praticamente única para comandar suas equipes, o experiente treinador tem sempre um objetivo claro: fazer o relacionamento entre todos do grupo ser o melhor possível. E o que se ouve nos bastidores entre a maioria dos jogadores treinados por ele é que isso funciona muito bem. Nesta temporada, a união entre os atletas é uma das marcas da histórica campanha do Carcará.

Recentemente, em entrevistas ao site da LNB, dois atletas mostraram muita gratidão a Bial. Cestinha do time nos playoffs, Betinho revelou que sua “chave virou” depois de um papo franco com o treinador. Já Sualisson, grande surpresa dos últimos jogos, fez que questão de agradecer o comandante por sua caminhada no time de Fortaleza.

“O Basquete Cearense tem quatro pilares: compaixão, pureza, generosidade e a verdade. São quatro pilares difíceis de exercitar, mas eles juntos levam ao amor, que é um sentimento às vezes usado de maneira vulgar, mas que na verdade é algo muito forte e também transformador”, explicou Bial.

+ De eletricista a destaque dos playoffs: Sualisson vira fator surpresa do Basquete Cearense

Em meio a seu vasto repertório cultural, o treinador usou um famoso refrão dos Beatles para descrever como é o ambiente nessas seis temporadas de Basquete Cearense.

“Com certeza dentro do time todas as pessoas têm esse sentimento como a ‘energia nos move’. Com isso posso dizer que nos relacionamos de uma forma bacana e positiva e que faz essa sinergia maior entre os jogadores, comissão técnica e a parte administrativa. Isso é a base do Basquete cearense é bem ao estilo Paul McCartney: all we need is love”, exaltou.

Alegria e tristeza: durante as comemorações pela vitória no Jogo 1, Bial mostrou muita preocupação com a lesão sofrida por Paulinho (Stephan Eilert/Divulgação)

Em meio ao bom ambiente vivido pela equipe, Bial precisou lidar com uma situação bastante negativa. Na reta final do Jogo 1, Paulinho Boracini sofreu uma torção no joelho e, no dia seguinte, foi diagnosticado com ruptura do LCA (Ligamento Cruzado Anterior). Vivendo grande fase, o armador ficará fora das quadras entre seis e oito meses.

“A lesão do Paulinho muda completamente nossa forma de jogar. Ele é o melhor sexto homem do NBB 10 e, na minha visão, merece esse prêmio. Ele vinha fazendo um campeonato espetacular e não à toa aquela jogada dele foi visualizada por quase um bilhão de pessoas. A gente vai tentar fazer de tudo para substituir o Paulinho e cada jogador nosso vai dar um pouco a mais para suprir a falta desse grande craque”, explicou Bial.

Esta não é a primeira vez nesta temporada que o treinador passou por isso. No final do primeiro turno, Bruno Fiorotto sofreu a mesma lesão e só voltará a atuar na próxima temporada. Desde então, o experiente pivô “assumiu” outro papel na equipe e é isso que o treinador espera de Boracini, que viajou com a equipe para São Paulo.

“O Fiorotto contrubuiu demais com a gente. Ele fica sempre no banco de reservas e acaba ajudando muito. Ele é um jogador muito inteligente e com uma leitura boa de jogo. Então ele consegue passar boas dicas para os que estão jogando. Esperamos que o Paulinho possa colaborar de certa forma, mesmo sabendo que são duas personalidades completamente diferentes”, concluiu Bial.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, e conta com o patrocínio master da CAIXA, os patrocínios da SKY, INFRAERO, Avianca, Nike, Penalty e Wewi e os apoios do Açúcar Guarani e do Ministério do Esporte.