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Seleção Brasileira

Brasil Sub-21:Os pivôs

27-07-2018 | 09:14
Por Douglas Carraretto

Conheça a nova geração de pivôs que representará o Brasil no Sul-Americano Sub-21

Da esquerda para a direita: Dikembe, Victão, José Carlos e Michael Uchendu são os “gigantes” da Seleção Brasileira Sub-21 (Divulgação/LNB)

É melhor sair de baixo: a pivozada da Seleção Brasileira vai chegar voando para o Sul-Americano Sub-21. Pelo menos é o que se espera de Dikembe, Maikão, José Carlos e Victão no torneio, que acontecerá entre os dias 30 de julho e 05 de agosto, em Salta (ARG).

Diferentemente do convencional da posição, os quatro pivôs do Brasil Sub-21 são atléticos e capazes de correr a quadra com facilidade, além de marcar atletas menores em caso de desvantagem defensiva.

+Brasil Sub-21 encerrou preparação em amistoso com Pinheiros: saiba como foi

Essa característica segue a nova tendência do basquete moderno, que privilegia os pivôs mais físicos e capazes de ser mais versáteis. Por isso, é importante olhar com carinho para essa nova geração que pode representar a Seleção Adulta nos próximos ciclos. Conheça-os:

Dikembe André

Ficha técnica:

Nome: Dikembe da Silva André
Cidade: Itapevi (SP)
Idade: 18 anos
Altura: 2,06m
Clube: Paulistano/Corpore
Inspiração: Hettsheimeir (Sesi Franca) e Jhonatan (Flamengo)

O nome não deixa mentir. Assim como seu “xará”, o folclórico ex-pivô da NBA Dikembe Mutombo, Dikembre André é o responsável por dominar as áreas pintadas da Seleção Sub-21 e terá sua primeira missão internacional pela Seleção.

MVP da LDB 2017, Dikembe terá sua primeira experiência com a Seleção Brasileira (Marcello Zambrana/LNB)

O pivô sequer completou 19 anos, mas seu desempenho o coloca entre os atletas mais importantes do elenco. Com disposição de sobra e bastante técnica nos fundamentos de pivô, ele exerce com propriedade a função de “xerife”.

“A posição 5 é uma das mais importantes no basquete brasileiro. Eu, assim como o Maikão, tenho uma característica de jogar muito forte, ser aguerrido, ser ‘bravo’ ali dentro da área pintada. Treinamos muito forte aqui para ajudar um ao outro e está sendo uma experiência incrível estar aqui”, analisou Dikembe.

Seu desempenho na última edição da LDB (Sub-20), em que o CAP foi o campeão invicto, é uma das provas: médias de 13,6 pontos, 7,9 rebotes, 1,3 roubos de bola, 17,4 de eficiência e o troféu de MVP da competição. Não é para qualquer um…

+Estatísticas completas de Dikembe na LDB e no NBB CAIXA

Durante a temporada anterior, Dikembe praticamente não foi acionado pelo técnico Gustavo De Conti no NBB CAIXA, mas sua constante evolução é prova de que ele está cada vez mais preparado para o desafio. Agora, no Sul-Americano Sub-21, a chance é de mostrar que domina sua categoria também internacionalmente.

Palavra do coach

“O Dikembe vem treinando muito bem. Realmente um jogador muito firme. Pivô tem que ser aquele jogador truculento, jogar um pouco mais pesado, mais marrento, às vezes se enroscar com alguém, e ele tem isso. É dele isso. Nos treinos e também nos amistosos, ele encara como se fosse uma final, com ele não tem meio termo. Ele vai muito no 100%, joga bem de costas, reboteiro, joga bem com contato, tem melhorado alguns aspectos que a gente tem conversado como arremesso a meia distância, mas muito, muito bom mesmo”, disse o técnico da Seleção Sub-21, César Guidetti.

“A expectativa nele é grande, de se tornar um grande jogador. Ele sabe usar muito bem o corpo, o trabalho dele de descolamento, o ‘footwork’ é muito bom, vira para os dois lados, finalização a curta distância é muito boa e ele é um jogador até certo ponto tranquilo para tomada de decisão. Não se afoba, não toma nenhuma decisão precipitada e ele também tem um mental muito forte”, completou o comandante.

Michael Uchendu

Ficha técnica

Nome: Michael Somutochukwu Uchendu
Cidade: São Paulo (SP)
Idade: 20 anos
Altura: 2,05m
Clube: Sem clube
Inspiração: Hettsheimeir (Sesi Franca) e Nenê Hilário (Houston Rockets)

Michael Uchendu, mais conhecido como Maikão, é o cara da “força bruta” da Seleção Brasileira Sub-21 (Victor Lira/Bauru Basket)

Michael Uchendu, mais conhecido como Maikão, é o cara da força bruta. Com físico privilegiado e uma envergadura assustadora, o pivô é daqueles “cincões” que tomam conta do garrafão, mortal perto do aro e dominante principalmente na defesa.

“O Brasil está precisando de pivôs mais fortes, pois todos a maioria dessa característica estão na NBA, então eu e o Dikembe estamos vindo com vontade para mudar essa história. Estamos indo para o Sul-Americano para mostrar que o Brasil tem pivôs bons. Vamos jogar forte lá embaixo, defender a cesta, pegar rebotes, fazer bons bloqueios e dar opções aos armadores, sempre atacando a cesta quando possível”, declarou o jogador.

Maikão foi ganhando seu espaço na rotação do Bauru desde o NBB CAIXA 2015/2016, aos poucos, mas a cada aparição mostrava seu valor, com belas enterradas, diversos tocos, rebotes importantes e muita disposição. Essas são suas principais marcas.

O pivô vem sendo observado de perto desde cedo nas categorias de base e faz parte do ciclo da Seleção desde a categoria Sub-17, com a equipe que disputou a LDB 2015 como preparação para o Sul-Americano da categoria – Felipe Ruivo, Danilo Sena e Yago também fizeram parte deste ciclo.

+Estatísticas completas da carreira de Michael Uchendu no NBB CAIXA e na LDB

Na Copa América Sub-18 em 2016, em que o Brasil terminou em terceiro e conquistou a vaga para o Mundial Sub-19 (a Seleção acabou não disputando), Michael foi o terceiro maior reboteiro da competição, com média de 9,2 rebotes por jogo, e ainda registrou 10,6 pontos por partida (2º cestinha do Brasil). De quebra, foi autor da bola da vitória sobre Porto Rico que garantiu o bronze do Brasil.

Michael Uchendu domina os garrafões  sua categoria nas Américas desde 2015 (Divulgação/FIBA Americas)

Palavra do coach

“O Maikão é o cincão, pivô de força mesmo. Ele tem versatilidade de jogar pick and roll, não só virar de costas lá dentro, mas arremesso no perímetro, e vai ser uma referência para gente no garrafão. Tanto ele quanto o Dikembe dominam o garrafão, são pivôs dominantes. Eles são pivôs que a gente tem como referência. Então vamos ter alguns movimentos específicos para eles receberam a bola. É importante você ter isso num time, para as vezes abrir o jogo, uma bola que entra num pivô para uma situação mais favorável de arremesso, favorece o jogo exterior”, analisou o técnico da Seleção Sub-21, César Guidetti.

“É um jogador muito forte, muito físico, personalidade forte né, ele se cobra muito. Até temos conversado bastante sobre isso, dele aprender a administrar isso. Quando ele erra, se cobra muito e precisa saber administrar para não atrapalhar o jogo dele no momento. Mas faz parte do crescimento, eles são jogadores jovens, eu acredito que aos 21 anos ainda não fechou a formação de um atleta no basquete, então eles têm que entender isso e felizmente estão entendendo”, concluiu o treinador.

José Carlos

Ficha técnica:

Nome: José Carlos Francisco dos Santos
Cidade: Itaúna (MG)
Idade: 21 anos
Altura: 2,03m
Clube: Mogi das Cruzes/Helbor
Inspiração: Tyrone (San Lorenzo-ARG) e Hettsheimeir (Sesi Franca)

José Carlos foi uma das gratas surpresas dessa Seleção Brasileira Sub-21. O jogador não foi chamado na convocação inicial para o início dos treinamentos, mas foi acionado depois da lesão do ala/pivô Gabriel Jaú, cortado devido a uma ruptura no LCA (ligamento cruzado anterior) do joelho direito.

O ala/pivô agradou a comissão técnica e acabou ficando entre os 12 atletas que vão ao Sul-Americano. Suas principais qualidades são a disposição (principalmente na defesa) e a inteligência, além de um bom arremesso de média distância. Leve, ele é capaz de correr a quadra e faz disso um de seus diferenciais.

+Estatísticas completas de José Carlos no NBB CAIXA e na LDB

“Sou um cara que briga muito, gosto de defender e tenho características boas, que são o chute e o rebote. Minha contribuição maior será defendendo e correndo nos contra-ataques. Nossa Seleção tem pivôs leves e conseguimos correr e jogar em transição, então acredito que poderei ajudar nisso também”, declarou Zé Carlos.

Zé Carlos foi convocado depois da lesão de Gabriel Jaú e agradou a comissão técnica (Antonio Penedo/Mogi Helbor)

Em sua equipe, o Mogi das Cruzes/Helbor, Zé foi pouco acionado pelo técnico Guerrinha durante a temporada e ainda briga para ter mais minutos. Agora, pela Seleção Sub-21, o ala/pivô terá a chance de mostrar seu valor e ganhar força para pleitear por mais minutos em seu time.

Palavra do coach

“O José Carlos chegou um pouco depois, mas é uma grata surpresa. Tem se mostrado um jogador inteligente, enxerga o jogo, tem melhorado o seu arremesso, e acredito que já tem uma condição boa de jogar na posição. Às vezes abre para arremessar, passa bem a bola, entende bem o jogo. Entender o jogo é importantíssimo para todos, não só ter condição técnica, física, mas sim a inteligência de entender o jogo. Além disso, a esperteza de jogar que ele tem é muito interessante. Gostei bastante da vinda dele”, disse o técnico da Seleção Sub-21, César Guidetti.

Victão

Ficha técnica:

Nome: Victor André Camilo da Silva
Cidade: Campinas (SP)
Idade: 21 anos
Altura: 2,03m
Clube: Paulistano/Corpore
Inspiração: Lucas Dias (Sesi Franca)

Ele é energia: “campeão de tudo” pelo Paulistano, Victão é um dos atletas mais experientes da Seleção Sub-21 e certamente terá papel de liderança (Luiz Pires/LNB)

Se fossemos definir Victão em uma palavra, esta seria energia. Isso mesmo. O ala/pivô do Paulistano transborda energia e vibração sempre que está em ação e, com tamanha inteligência e aplicação principalmente na defesa, se credencia a ser um dos líderes de suas equipes.

“Minha característica principal é a defesa. No ataque procuro fazer bons bloqueios e finalizar bem quando sou acionado. Mas a verdade é que procuro ajudar minha equipe de qualquer forma, seja no ataque, na defesa ou na energia. É assim que espero ajudar a Seleção”, declarou Victão.


Nesta Seleção Sub-21, o jogador é um dos mais experientes do grupo, mas não só pela idade. Victão tem um currículo de respeito e é outro “campeão de tudo”. Com a camisa do Paulistano, faturou os títulos do Campeonato Paulista, NBB CAIXA, LDB (Sub-20) e da Taça Interligas de Desenvolvimento (Sub-23).

+Estatísticas completas de Victão no NBB CAIXA e na LDB

Falando em LDB, Victão exerceu sua liderança como capitão do CAP na campanha invicta da equipe até o título inédito da edição 2017 da competição. De quebra, ele teve participação crucial na parte final do campeonato e foi eleito o MVP da Fase Final – médias de 14,6 pontos, 9,0 rebotes e 16,6 de eficiência nas cinco últimas partidas, com direito a duplo-duplo de 26 pontos e 14 rebotes na semifinal contra o rival Pinheiros.


Mais do que somente títulos, a liderança de Victão na Seleção Sub-21 se justifica pelo longo tempo em que ele esteve sob comando do técnico Gustavo De Conti, agora do Flamengo, que o preparou para atuar em alto nível no adulto e colaborou diretamente em seu desenvolvimento.

Palavra do coach

“O Victão teve uma boa participação nesse último NBB. É um jogador que entrava menos, mas sempre quando entrava era muito eficiente. Tem qualidades e características diferenciadas, tanto dentro de fora quanto fora dela. Um cara sensacional, que está o tempo todo falando, vibrando, é muito positivo, toda hora colocando pilha nos meninos. Além das suas qualidades técnicas, jogador de posição 4, joga de frente, tem um bom arremesso, joga de costas e é bom defensor”, disse o técnico da Seleção Sub-21, César Guidetti.

César Guidetti analisa a transformação da posição no basquete

“A gente vê o basquete mudando temporada pós temporada, as coisas mudam muito rápido tática e tecnicamente. Principalmente com os pivôs, que nesses últimos anos precisam aprender a ser cada vez mais versáteis, mas técnicos, eles precisam aprender a fazer cada vez mais coisas. Saber arremessar de 3 pontos, continuar jogando de costas, que é uma característica própria deles”, disse o treinador.

“Acredito que o diferencial seja a defesa. Talvez a jogada mais feita no basquete atualmente é o pick and roll. e defender o pick and roll é muito difícil. Para o pivô é difícil marcar e sustentar um jogador pequeno, numa troca, por exemplo. Isso é difícil, então é um dos meus focos com os pivôs na base. Ensinar e aprimorar essa sustentação na defesa agora na base, para saber fazer no adulto. E isso é um diferencial. Na hora da decisão, a defesa faz a diferença. Na comparação, os pivôs podem ser iguais no poder ofensivo, mas o defensivo é o crucial para escolha, para tomada de decisão”, acrescentou.

“Antigamente o pivô era aquele jogador lento, demorava para atravessar a quadra. Hoje eles precisam ser até mais rápidos que os armadores e alas. Pivôs atravessando a quadra toda, chegando na frente para marcar… vemos isso na NBA. As coisas mudam muito rápido no basquete e isso é muito legal”, finalizou o treinador da Seleção Brasileira Sub-21.

+Saiba mais: conheça os armadores da Seleção Brasileira Sub-21
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