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Viagemno tempo

07-06-2017 | 07:20
Por Liga Nacional de Basquete

Homenageado com nome do ginásio, Wlamir Marques relembra tempos áureos no Corinthians e analisa Finais do NBB CAIXA: “não há favorito”

Ginásio Wlamir Marques será palco do Jogo 4 das Finais do NBB CAIXA entre Paulistano e Bauru  (Agência Corinthians)

Ele encerrou sua gloriosa carreira de jogador há mais de 40 anos, mas não deixa de ser uma das estrelas das Finais do NBB CAIXA. Aos 79 anos, o ex-jogador Wlamir Marques dá nome do ginásio que receberá o Jogo 4 da decisão entre Paulistano/Corpore e Gocil/Bauru Basket neste sábado (10/06), às 14 horas (de Brasília), com transmissão ao vivo dos canais Band e SporTV.

+Confira informações sobre a troca de ingressos para o Jogo 4 das Finais

Em entrevista exclusiva ao portal da LNB, o “Diabo Loiro”, como era conhecido, relembrou brevemente algumas experiências com a camisa do Corinthians, principalmente na histórica vitória sobre o Real Madrid em 1965, e fez uma pequena viagem no tempo.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, e conta com o patrocínio master da CAIXA, os patrocínios da SKY, Nike e Avianca e o apoio do Ministério do Esporte.

O Ginásio

Wlamir Marques dá nome ao ginásio do Parque São Jorge desde outubro de 2016 (Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

Uma das maiores lendas do basquete e do esporte brasileiro, Wlamir foi homenageado pelo Corinthians, clube que defendeu por dez anos de sua carreira, e batizou o Ginásio Poliesportivo do Parque São Jorge com seu nome em outubro de 2016.

“Minha geração dos anos 60 é lembrada até hoje no Corinthians. Aquele ginásio foi inaugurado em 1963 e recebeu meu nome mais de 50 anos depois. Isso mostra que não fomos esquecidos, somos reconhecidos no clube. Embora hoje pouca gente esteja viva para relembrar aquela época, quem tem seus 50, 60 anos, já lembra de algumas coisas”, comentou Wlamir.

+Saiba mais sobre o Ginásio Wlamir Marques e história do Corinthians no basquete

Vestindo o mando alvinegro, o ex-atleta, também conhecido como “Diabo Loiro” conquistou cinco títulos Estaduais, dois Sul-Americanos e quatro nacionais. Ainda nessa década tão áureo, foi bicampeão Mundial com a Seleção Brasileira e marcou a geração mais vitoriosa de todos os tempos do esporte da bola laranja no país, que também conquistou dois bronzes olímpicos em Roma (1958 e 1962).

“Joguei 10 anos no Corinthians em uma época em que não se trocava de clube tão facilmente como hoje. Não tínhamos contrato, éramos considerados amadores. Joguei por quatro clubes alvinegros, o Tumiaru de São Vicente, XV de Piracicaba, Corinthians e o Tênis Clube de Campinas. Mas era muito difícil trocar de time, então criei uma identidade muito forte com o clube”

Corinthians x Real Madrid

Wlamir Marques fez 51 pontos e liderou a vitória do Corinthians sobre o Real Madrid em 1965 (Arquivo)

Em 1965, o Corinthians recebeu o então bicampeão europeu Real Madrid (ESP) durante uma turnê dos merengues pela América do Sul. Em partida histórica no Ginásio Parque São Jorge, a equipe de Wlamir Marques venceu de maneira impressionante, por 118 a 109, com nada menos que 51 pontos do Diabo Loiro – embora diversos registros apontem 40 dele – que estava gripado e era dúvida para a partida.

“Era uma época muito boa. Fui bicampeão do Mundo com a Seleção quando eu jogava no Corinthians. Tivemos o jogo contra o Real Madrid que ganhamos aqui no Corinthians, esse ficou marcado nas histórias do basquete brasileiro e corintiano. Ganhávamos quase todos os campeonatos, nossa equipe era base da Seleção Brasileira. Foi uma época inesquecível”, lembrou o ex-jogador.

O Real Madrid contava com um elenco recheado de craques, com destaque para Emiliano Rodriguez, que fez 47 pontos na partida, além dos norte-americanos Cliff Luyk e Bob Burguess e de Moncho Monsalve, ex-técnico da Seleção Brasileira.

“O Real Madrid era bicampeão europeu e recebeu um convite para fazer uma viagem à América do Sul. Eles jogaram no Chile, Peru, Argentina, Uruguai, e receberam um convite do Corinthians para jogar aqui. Eles vinham invictos, era uma equipe muito boa. Ganhamos deles em um jogo excepcional. As regras eram diferentes de hoje em dia, placar alto, velocidade e muitos contra-ataques”, declarou Wlamir.

Ainda em 1965, o Corinthians conquistou seu primeiro título Sul-Americano e se credenciou à disputa do Mundial Interclubes de 1966, realizado em Madrid (ESP). Naquela oportunidade, a equipe do Parque São Jorge deixou o Real Madrid para trás e ficou com o vice-campeonato, com derrota apenas para o Ignis Varese (ITA) na decisão, por 66 a 59.

“Nossa equipe era base da Seleção Brasileira”, disse Wlamir Marques (à esq), com Rosa Branca, Ubiratan Maciel, Moacir Daiuto (técnico), Amaury Pasos e Zé Geraldo (Arquivo)

Paulistano x Bauru

Paulistano/Corpore e Gocil/Bauru Basket poderão fazer o último jogo da temporada 2016/2017 do NBB CAIXA. Com 2 a 1 de vantagem, a equipe da capital paulista poderá encerrar o jejum de 21 anos sem título nacional de um time da cidade de São Paulo, conquistado pelo Corinthians, de Oscar Schmidt, em 1996, justamente no Ginásio do Parque São Jorge. E falando em ginásio, Wlamir acredita que o fator casa pode ser predominante.

“É um confronto muito equilibrado. Precisamos levar em conta o fator casa, o Bauru não aproveitou quando jogou no Panela de Pressão, mas ganharam em Araraquara. Vejo que o Paulistano é uma equipe mais coletiva, pontuação mais distribuída. Já o Bauru é mais individualista e concentra as ações ofensivas em dois ou três jogadores. Há um equilíbrio muito grande, é muito difícil apontar um favorito”, disse o Diabo Loiro.

Paulistano, de Lucas Dias, ou Bauru, de Alex Garcia? Para Wlamir, não há favorito (Fotojump/LNB)

O incrível e até inusitado equilíbrio apresentado na atual temporada do NBB CAIXA é um dos motivos para que a decisão entre Paulistano e Bauru não tenha um favorito, na visão de Wlamir Marques. A lenda do basquete citou a NBA e os playoffs do campeonato nacional para dizer que o resultado do Jogo 4, marcado para sábado (10/06), às 14 horas, está completamente aberto.

“Hoje em dia não vemos mais regularidade tão grande, não só no Brasil, mas na NBA também. Hoje qualquer um pode perder. O NBB mesmo é um exemplo, os quatro primeiros colocados foram eliminados e avançaram quatro equipes que dificilmente chegariam. A falta de regularidade não deixa favoritismos. Não dá para achar que Bauru, pelo nome e pelo prestígio, possa ganhar do Paulistano, que é uma equipe jovem, mas jovem e poderosa, com grandes jogadores. Não existe favoritismo. É claro que Bauru joga com outra motivação, até porque o Paulistano ainda pode perder uma. Para o Bauru é ganhar ou ganhar, é um ânimo diferente”, finalizou.