HOJE
A bola não entrapor acaso
Por Liga Nacional de Basquete
Organização, profissionalismo e resiliência: Franca conquista título Paulista e coroa trabalho de gestão fora das quatro linhas
“A bola não entra por acaso”. Esse é o título de um famoso livro escrito pelo dirigente espanhol Ferran Soriano, que destaca o sucesso das gestões do FC Barcelona como motivo principal para as conquistas do futebol do clube.
É fato que em toda e qualquer área, seja ela esportiva ou não, os resultados estão totalmente ligados às gestões. E na última quarta-feira, o basquete brasileiro presenciou um desses casos em que a organização e o profissionalismo fora das quadras fizeram a diferença.
O Sesi Franca Basquete, um dos clubes mais tradicionais da história do esporte da bola laranja no Brasil, levantou o troféu de campeão do Campeonato Paulista 2018 e encerrou um jejum de 11 anos sem conquistar um título. Mas se engana quem pensa que colocar a bola dentro da cesta foi o suficiente para tal alcançar feito…
A gestão
Diante da incômoda “seca” de 11 anos sem títulos, a equipe francana sofria uma imensa pressão por parte de sua torcida, que sempre foi acostumada com inúmeras conquistas. Foi aí que, após correr riscos de encerrar as atividades e grandes dívidas financeiras, algumas mudanças na gestão “viraram o jogo” para o time da Capital do Basquete.
“Desde o momento que assumimos essa gestão, há três anos, nosso objetivo principal foi profissionalizar. Queríamos ter o controle total do clube, organizar as áreas de fora da quadra e aí sim colher os resultados dentro dela. Depois de muito sacrifício fomos coroados com um título. Sabemos que ainda temos muito a melhorar, mas estamos no caminho certo”, declarou o presidente do Franca Basquete, Luis Prior.
Mas o que foi essa tal mudança que o presidente Luis Prior citou? Carlos Donzelli, diretor do Magazine Luiza, patrocinador máster do basquete francano, explicou o processo, que começou a partir de mudanças no estatuto do clube e foi até a montagem do elenco.
“Começamos o processo de estruturação através da mudança no estatuto do clube, há três anos. Redesenhamos toda a governança e trouxemos pessoas gabaritadas. Temos até membro da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Conselho Depois partimos para a gestão esportiva, tratar o clube não só como uma paixão, mas como um negócio, trazendo conceitos de gestão de produtividade, tesouraria e processos”, disse Carlos Donzelli, diretor do Magazine Luiza.
“Todos nós temos uma paixão grande pelo clube, mas acima de tudo temos que tratar o time de uma forma racional, respeitando a história que Franca tem e cientes que temos um legado a deixar. O maior legado que podemos deixar é dar ao clube uma gestão profissional, que respeita valores e foca sempre nos melhores resultados”, concluiu o dirigente do Magazine Luiza.
O SESI
Outro grande elemento dessa evolução que o Franca teve tanto dentro quanto fora das quadras foi a chegada do SESI-SP (Serviço Social da Indústria) como principal parceiro. O órgão acreditou no projeto do basquete francano, investiu pesado em estrutura de treinamentos e contratações e rendeu ao time grandes resultados.
O primeiro deles apareceu no Campeonato Paulista de 2017, em que o Franca foi vice-campeão – perdeu para o Paulistano. Já no NBB CAIXA, porém, acabou eliminado pelo rival Sendi/Bauru Basket nas quartas de final, por 3 a 0. Mas, mesmo com o duro golpe, o planejamento seguiu firme, e a equipe seguiu buscando melhorias.
Para a nova temporada, Franca reforçou ainda mais seu elenco e contratou nomes de ponta, como Elinho e Hettsheimeir, integrantes da Seleção do NBB CAIXA 2017/2018, além de Lucas Dias, Jimmy, David Jackson, André Góes e Cia. Além disso, ganhou um centro de treinamento de altíssima tecnologia no complexo do SESI Franca (SP), chamado de CT Hélio Rubens Garcia – um dos melhores do país.
“Falam que a bola não entra por acaso. O Sesi ofereceu um centro de treinamento da mais alta qualidade para nós. Graças a isso vários atletas que estão aqui saíram do projeto da base do Sesi e hoje estão brilhando no time adulto”, disse Lula Ferreira, supervisor do Sesi Franca Basquete.
A gestão do Sesi Franca também demonstrou algo valioso. Algumas das decisões sobre contratações contaram com as opiniões de atletas do grupo, o que reforça o conceito de democracia e trabalho em conjunto do clube. Com isso, o time teve todo seu árduo trabalho coroado com o tão sonhado título Estadual sobre o mesmo Paulistano.
“Foi um trabalho incansável nos bastidores, sem vaidade, com muita humildade e suor. Reconhecemos nossos erros e dificuldades e buscamos as melhorias. Para nós do Sesi, mais do que o resultado esportivo, precisávamos de pessoas que mobilizassem os valores do esporte, como cooperação, liderança e trabalho em equipe. É isso que vimos nesse grupo. Escolhemos a dedo jogador por jogador, então o resultado não poderia ser diferente. Esse título foi o primeiro de muitos”, disse Ricardo Machado, diretor do Sesi.
Resiliência
Como bem diz o livro sobre a gestão do FC Barcelona, a bola não entra por acaso. Traduzindo para a realidade do basquete nacional, o Sesi Franca Basquete não voltou a ser campeão à toa. Diante de momentos de dificuldades e sucessivos tropeços dentro de quadra, o planejamento e o profissionalismo nunca deixaram de ser prioridade.
A cada vitória, um ganho de esperança. A cada tropeço, uma enxurrada de cobranças. Mas nada disso abalou o projeto. Mesmo em momentos ruins, o clube seguiu investindo em gestão, evoluiu significativamente na área de marketing e entretenimento e aproximou seu fanático torcedor do Pedrocão novamente.
O resultado de tudo isso? Paixão aflorada, apoio dentro e fora das quadras e troféu na mão depois de 11 anos de jejum. Na partida do título, por exemplo, a torcida francana compareceu em peso no Ginásio Antonio Prado Jr, em São Paulo (SP), e empurrou o time à vitória heroica sobre os atuais campeões, por 77 a 69.
“Esse título representa a resiliência e o poder de reação da nossa equipe. Vou confessar que passei momentos difíceis durante a temporada, mas só tenho que agradecer a todos. Mais do que a conquista, é a mensagem deixada: acreditar sempre e nunca desistir. Esse grupo trabalhou muito, se doou intensamente e soube virar uma página. O grito estava entalado e hoje podemos falar que somos campeões. Parabéns para todos”, disse o técnico do Sesi Franca, Helinho Garcia.
Que venha o NBB CAIXA
É certo que o primeiro objetivo da temporada foi cumprido pelo Sesi Franca, mas, agora, a equipe ainda tem duas competições para buscar mais títulos: o NBB CAIXA e a Liga Sul-Americana.
No torneio continental, o time do técnico Helinho encerrou a primeira fase com 100% de aproveitamento e na liderança de seu grupo. Já no NBB CAIXA, a equipe estreará na terça-feira (16/10), contra o Corinthians, no Ginásio Wlamir Marques, em São Paulo (SP), às 20 horas, com transmissão ao vivo da ESPN.
A conquista do Campeonato Paulista 2018 não aliviou a sede por títulos da equipe. Pelo contrário. Para o presidente Luis Prior, a motivação para as duas competições restantes na temporada aumentou ainda mais.
“Nosso time está um pouco cansado, mas também muito motivado e feliz. Com certeza faremos um ótimo NBB e, quem sabe, conquistar mais um título, sem esquecer também da Liga Sul-Americana, em que também vamos fortes para buscar o troféu”, finalizou Luis Prior.
Paulistano, outro exemplo de gestão
Mas não é só o Sesi Franca Basquete que merece os parabéns pelos resultados obtidos. O Paulistano/Corpore é outro clube que se destacou na gestão fora das quatro linhas e conquistou resultados para lá de expressivos.
Considerando os últimos cinco anos, o clube da capital paulista chegou a seis finais de campeonato na categoria adulta (três do Campeonato Paulista e três do NBB CAIXA), sendo três delas consecutivas – Paulista 2017, NBB CAIXA e Paulista 2018.
Mas todos esses resultados só foram alcançados graças a um trabalho sério que já dura décadas e décadas. O CAP é uma das maiores potências do basquete de base não só do Brasil, mas de toda a América do Sul, e colheu os frutos na categoria adulta.
Só na temporada passada, conquistou os títulos Estaduais das categorias Sub-13, Sub-17, Sub-19 e a Liga de Desenvolvimento de Basquete 2017 (Sub-20). Além desse, o time conquistou também a Taça Interligas de Desenvolvimento (Sub-22) de 2018 contra o Quimsa (ARG), campeão da Liga de Desarollo (LDD) da Argentina.
Vale destacar que o Paulistano é um clube bastante tradicional no futebol – conquistou 11 títulos do Campeonato Paulista e fica atrás somente dos quatro grandes (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo). Já a tradição do basquete adulto vem sendo construída aos poucos e cresce a cada ano que passa.
A gestão alvirrubra, que tem como cultura investir na base, apostou pesado em marketing e entretenimento nas partidas e aumentou significativamente sua massa de fãs na cidade de São Paulo.
Esse certamente foi um dos fatores que ajudou o Paulistano a se firmar no cenário do basquete brasileiro e se tornar uma das maiores potências do basquete brasileiro atual. Agora, para a 11ª temporada do NBB CAIXA, o clube está firme entre os candidatos ao título.
A estreia do clube no NBB CAIXA será neste sábado (13/10), contra o Mogi das Cruzes/Helbor, no Ginásio Antonio Prado Jr, em São Paulo (SP), às 13h35, com transmissão ao vivo dos canais Band e ESPN, em reedição da decisão da edição passada do nacional.
O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, e conta com o patrocínio máster da CAIXA, os patrocínios de INFRAERO, Avianca, Nike e Penalty e os apoios de UNISAL e Açúcar Guarani.