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Resenha dehermanos

08-06-2020 | 11:29
Por Liga Nacional de Basquete

Temas como estilo de jogo, adaptação aos países e Geração Dourada foram abordados no bate-papo de Balbi e Caio Pacheco no Instagram

Subiu a bola! Novo fruto da parceria entre NBB e La Liga (ARG), a série de lives no Instagram entre as ligas teve um início nesta segunda-feira (08/06) com um bate-papo estrelado entre dois armadores de elite das duas ligas: o argentino Franco Balbi (Flamengo) e o brasileiro Caio Pacheco (Bahia Basket-ARG).

Entre os temas estiveram os desempenhos de cada um na temporada, histórias de adaptações ao país vizinhos, Geração Dourada da Argentina campeã olímpica de Atenas 2004, além de perguntas dos fãs ligados na live. Os dois não tinham nenhuma relação pessoal até então, mas o papo fluiu bem demais…

“Passou muito rápido, falamos durante quase uma hora e foi muito legal. Só tenho a agradecer ao NBB e à La Liga, e ao Franco (Balbi). Já disse que ele ganhou um fã desde a época dele no Ferro Carril. Na próxima segunda terão mais lives como essa e espero que todos acompanhem”, declarou Caio Pacheco.

Caio é um armador brasileiro de 21 anos, nascido em Rio Claro (SP). Com passagens por Rio Claro, Limeira e Palmeiras (SP) na base, ele partiu para o Bahia Basket (ARG) aos 18 anos e deu início à sua trajetória por lá.

Atualmente, mesmo jovem, o brasileiro é o grande nome do Bahia na La Liga Argentina, com médias de 19,4 pontos e 6,0 assistências por jogo, e aparece como um dos candidatos ao prêmio de MVP do campeonato. Mais do que isso, ele se inscreveu no próximo Draft da NBA.

“Essa temporada está sendo abençoada, eu vinha fazendo bons jogos. Nosso time estava se encontrando antes da paralisação, por ser um time jovem, levamos um tempo. Você (Balbi) sabe como funciona lá no Bahia, é um clube interessado em formar jogadores. Eu tenho muita liberdade de criar, jogar meu jogo. Foi muito bom eu ter passado uma temporada de adaptação, em que não joguei tanto, mas me preparou para ver o nível que eu tinha que chegar. Essa troca do juvenil para o adulto foi importante, fisicamente e na velocidade do jogo. Realmente encontrei minha forma de jogar no Bahia”.

Já Franco Balbi está no Brasil há dois anos. Em seu primeiro, foi campeão, Armador do Ano e Estrangeiro do Ano do NBB 2018/2020, além de campeão da Copa Super 8. Atualmente, ele é o terceiro colocado no ranking de assistências da competição nacional, com 7,4 por jogo.

“Foi muito bom chegar a um lugar que não estava acostumado e adaptar o mais rápido possível. Chegarmos à final do campeonato, fomos campeões, e esse ano estava caminhando para isso também”, disse Balbi.

“Hoje tenho liberdade para jogar e isso é graças ao corpo técnico e equipe, que confiam em mim e no que eu posso fazer. Estava sendo um ano de com muita responsabilidade, com muitos torneios de alto nível. Todos sabem que o Flamengo é o maior clube, o maior vencedor, então me firmar no NBB era um dos meus objetivos depois de fazer um bom primeiro ano aqui”, completou o hermano do Flamengo.

Cadê o feijão?

Caio Pacheco chegou ao Bahia Basket aos 18 anos, sem falar uma palavra sequer em espanhol. E aí, como foi?

“Quando fui para lá não falava nada de espanhol, nenhuma palavra. Foi uma adaptação difícil, até porque foi vez eu saí do Brasil. Eu já havia tido uma adaptação do interior para São Paulo, e já foi difícil. Ir a um outro país é diferente. Eu estava acostumado a comer arroz e feijão todo dia, mas lá não tem feijão (risos). Teve dieta rígida, teve o frio. Lá é duro o frio. Na minha cidade (Rio Claro) quando faz frio é 15, 12º C. Lá em Bahia Blanca chega a fazer 0, -1º C… e ir treinar às 07h da manhã é duro (risos). Mas consegui me adaptar. Sem dúvidas a Argentina é um país que tenho no coração e tenho um carinho muito grande”, contou.

E o Balbi? Chegou de carro

Dá para acreditar que o Franco Balbi chegou ao Rio de Janeiro de carro?  Tudo por conta de seu filho, o cachorro.

“Fizemos uma aventura ao chegar no Rio, viemos de carro no primeiro ano. Meu cachorro não pode viajar de avião, então viemos de carro. Eu não falava nada de português, só tinha vindo uma vez a passeio. No começo foi difícil, mas depois você vai se adaptando, seu ouvido vai se adaptando à língua ao ponto de você começar a formar palavras e ir aprendendo”.

Os carrascos

Sabe aquele cara PESADO de jogar contra? Difícil de marcar, cheio de recursos… Pois é, os dois também perguntaram isso um ao outro.

Balbi, do Flamengo, e Jamaal, do Botafogo

“Para mim são Jamaal (Botafogo) e Georginho (São Paulo). São caras que têm características diferentes, mas que podem fazer qualquer coisa a qualquer momento”, revelou Balbi.

Já Caio, como jovem novato em uma liga estrangeira, também elegeu seus preferidos.

“Quando cheguei na Argentina não via a hora de jogar contra o Penka (Aguirre) e contra o San Lorenzo em si. Tinham Joel Anthony, que foi campeão da NBA, Mata… Até ganhamos um jogo deles. Mas, enfim, os mais difíceis de marcar são Dar Tucker (San Lorenzo), muito forte, muito talentoso, joga com as duas mãos… Aí tem o Pepo Barral (Obras Sanitárias), um jogador que assim como Georginho e Jamaal não dá para saber o que vai fazer, e o Paolo Quinteros, que não tem nem o que dizer, tem todos os recursos, para e chuta, faz de tudo”. 

A influência da Geração Dourada

Manu Ginobili, Luis Scola, Andrés Nocioni, Carlos Delfino, Pepe Sanchez, Fabrício Oberto… Essa geração conquistou nada menos que um ouro olímpico em Atenas 2004. Um feito histórico. Bateram ninguém menos que Dream Team dos Estados Unidos e venceram a Grécia na final.

Uma geração que marcou época e deixou um legado valioso aos que viriam a representar essa camisa mais tarde. Dito e feito. Mas até para quem não é argentino esse legado existe.

“No projeto do Bahia o dono é o Pepe Sanchez, que foi campeão olímpico em 2004. É um cara que jogou em todas as maiores ligas do mundo, um cara que eu particularmente sou suspeito para falar. Tenho um carinho enorme por ele. Ele me deu a oportunidade de jogar, é um cara diferente mentalmente, é a cabeça de tudo no projeto do Bahia. Ele fez um centro de treinamento chamado Dow Center, onde a gente treina, dorme, come, temos tudo lá. O projeto lá é para formar jogadores, então ele pega o jogador com 16, 17 anos e forma para chegar no adulto. Joga com time jovem, não tem medo de colocar time de moleque, esse ano tínhamos a menor média de idade da liga e fizemos grandes jogos. Bahia Blanca é como Franca, a cidade do basquete, e de Bahia saíram três da Geração Dourada: Manu Ginobili, Pepe Sanchez e Alejandro Montecchia, então é muito especial”.

Para Balbi, que na data do ouro olímpico da Argentina tinha 15 anos, a influência da Geração Dourada vem desde o caminho que essa geração fez até chegar ao título em Atenas e se estende até os dias de hoje.

“Essa geração marcou uma época no basquete. Dentro da Argentina e dentro da América do Sul. Outro dia estava falando que essa geração não é só 2004, vem de muito tempo antes desse projeto, vem do caminho deles até se consagrarem campeões olímpicos. Creio que a forma que vemos o Luis Scola, por exemplo, jogando até hoje, é o diferencial. Pode haver um antes de depois dessa geração, mas essa paixão por treinar, por jogar do mesmo jeito contra o último e uma final, é grande o legado que eles deixam para Argentina e todos os países. A maneira de treinar, de encarar os desafios, é um grande legado que deixam, por todo trajeto que fizeram até 2004. Depois disso, a Argentina permaneceu entre os maiores do mundo e até ano passado foram vice-campeões na Copa do Mundo”.

Draft da NBA

Além da expectativa pelo retorno da La Liga, que acontecerá em breve, Caio vive outra ansiedade: sobre o Draft da NBA. Ele colocou seu nome na loteria da maior liga do mundo e aparece com boas chances de ser selecionado. Mesmo assim, o garoto prefere manter a cautela e cogita a possibilidade de retirar seu nome para seguir elegível no próximo ano.

“Ainda vamos ver o que fazer. Tem a possibilidade, sim, de eu tirar o nome, até porque dificultou agora porque não posso fazer o Draft Combine, ir para os Estados e treinar lá para que me vejam. Mas vou tentar sempre olhar com olhos positivos. É uma coisa especial, tentar tirar o melhor disso. Ainda falta um tempo, para eu ficar ainda mais ansioso (risos). Mas vou me manter positivo”.

Balbi emendou e perguntou a Caio por qual time ele gostaria de ser draftado. O brasileiro respondeu, meio sem jeito, e citou os Spurs como o destino dos sonhos.

“Não sei nem dizer (risos). Só de ser draftado por qualquer franquia já seria um sonho. Sempre gostei do Boston Celtics, mas acho que seria bacana jogar nos Spurs, que têm um sistema que roda bem a bola e também por causa do Manu (Ginobili). Mas só de pensar em ser draftado, independente da franquia, já seria um sonho”.

O NBB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), com chancela da Confederação Brasileira de Basketball (CBB) e em parceria com a NBA, e conta com os patrocínios oficiais da Budweiser, Unisal, Nike, Penalty, Plastubos e VivaGol.