HOJE
2 a 0 Alex
Por Liga Nacional de Basquete
Vice-campeão da Euroliga e invicto em duelos contra o Real Madrid, Alex Garcia relembra confrontos, analisa elencos e acredita na força do Bauru para o Mundial
Enfrentar o Real Madrid (ESP) pode ser uma novidade para o Paschoalotto/Bauru, mas não para Alex Garcia. Durante a coletiva de imprensa de lançamento da Copa Intercontinental 2015, no E.C. Sírio, em São Paulo (SP), o jogador logo avisou: “já joguei duas vezes contra eles, e ganhei as duas”. Na declaração, o camisa 10 bauruense se referiu à época em que defendeu o Maccabi Tel-Aviv (ISR), onde ficou por uma temporada (2007/2008) e chegou à final da Euroliga daquele ano.
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E o os duelos contra os madrilenhos foram de altíssimo escalão, pois eram válidos pelo Top 16 da principal competição interclubes do Velho Continente. O Top 16 é a etapa que reúne os 16 melhores times da fase de classificação – que começa com 24 equipes. Nesta fase, os clubes são divididos em quatro grupos com quatro equipes e os dois melhores de cada chave vão às quartas de final.
Depois de ficar em primeiro em primeiro no seu grupo no Top 16, que além do Real Madrid ainda tinha Olympiacos (GRE) e Zalgiris Kaunas (LIT), o Maccabi passou pelo Barcelona (ESP) nas quartas (2 a 1) e foi ao Final Four do torneio. Na semifinal, o time de Israel passou pelo Montepaschi Siena (ITA), por 92 a 85, em partida de 19 pontos de Alex. Já na decisão do título, perdeu para o CSKA Moscow (RUS) por 91 a 77, em Madrid (ESP), e ficou com o segundo lugar.
A experiência adquirida naquela Euroliga é uma das principais armas de Alex Garcia, que também tem passagem pela NBA (San Antonio Spurs e New Orleans Hornets), para ajudar o Bauru diante do atual campeão europeu Real Madrid (ESP) na Copa Intercontinental 2015, que será realizada nos dias 25 e 27 de setembro, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo (SP).
“Adquiri uma experiência muito boa na Europa e aprendi muito sobre o jeito que se joga por lá. Eles jogam de uma maneira mais disciplinada, mais padronizada, fazendo tudo aquilo que o técnico pede, com algumas jogadas bem específicas pra cada jogador. No Brasil jogamos mais à vontade. Faz bastante tempo que eu joguei lá, mas a experiência continua e eu espero usar tudo que aprendi para ajudar o Bauru da melhor maneira possível”, disse Alex.
As vitórias
Frente ao Real Madrid, os dois duelos foram marcantes. Jogando em casa, na sempre fervorosa Nokia Arena, em Tel-Aviv, o time de Alex dominou o segundo e o terceiro quarto e levou a melhor por largos 19 pontos de diferença, placar de 94 a 75. Neste jogo, o ‘Brabo’ ficou em quadra por 18:44 minutos, anotou seis pontos, deu quatro assistências e pegou dois rebotes.
O cestinha do duelo foi seu companheiro de equipe Will Bynum, armador norte-americano, com 22 pontos. Pelo lado do Real Madrid, o destaque ficou por conta do ala/pivô Felipe Reyes, com 16 pontos. Hoje com 25 anos, Reyes ainda faz parte do elenco merengue e estará no Ibirapuera para enfrentar o Bauru.
No jogo da volta, desta vez em solo madrilenho, no Palacio Vistalegre, o cenário foi completamente diferente e o confronto foi decidido apenas na prorrogação. Em duelo de arrepiar, o Maccabi contou com a precisão nos lances livres do norte-americano naturalizado israelense Derrick Sharp nos momentos finais do tempo extra e saiu de quadra com o importante triunfo, por 103 a 100.
Em pouco mais de 29 minutos em quadra, Alex deixou a quadra com sete pontos, duas assistências e um rebote. Com 23 pontos e 13 rebotes, o ala norte-americano Terrence Morris foi um dos principais destaques do time israelense, assim como o ala nativo Yotam Halperin, autor da milagrosa bola de 3 pontos a cinco segundos do fim que levou o duelo para o tempo extra – 16 pontos.
“Aquele time do Real Madrid que eu enfrentei é bem diferente do atual. Naquela época do Sergio Rodríguez e o Rudy Fernández estavam na NBA, só o Felipe Reyes estava também. As duas partidas, tanto em Tel-Aviv quanto em Madrid, que foi decidido na prorrogação, foram duas vitórias especiais, pela camisa e tradição que tem o Real Madrid. No Maccabi tínhamos um elenco muito forte, com vários americanos de nome. Tínhamos um elenco muito homogêneo, um time muito rápido e experiente”, contou Alex.
Os elencos
– Maccabi 07/08
Não é qualquer um que ganha do Real Madrid. E que chega à uma final de Euroliga, então, muito menos. Para atingir este patamar, o Maccabi formou um elenco de respeito, comandado pelo experiente técnico Zvi Sherf, mais conhecido como ‘Zvika’ e dono de grande experiência no basquete de Israel, e formado por atletas renomados e outros jovens que, hoje, são estrelas de suas equipes e seleções.
Os destaques da equipe ficavam por conta do croata Nikola Vujcic, então com 29 anos, que hoje exerce a função de supervisor do clube israelense e inclusive veio para o Rio de Janeiro para acompanhar o Maccabi na Copa Intercontinental 2014 (vencida pelo Flamengo), do ala norte-americano Terence Morris, também na época com 29, e do renomado armador israelense Yotam Halperin, que tinha apenas 24 anos e hoje defende o Hapoel Jerusalém.
Outro nome do elenco eram o norte-americano naturalizado israelense David Blu, então com 27 anos, que anos depois foi campeão da Euroliga 2013 e levou o Maccabi à decisão da Intercontinental contra o Flamengo. O jogador se aposentou após o título. Quem também figurou neste plantel foi pivô uruguaio Esteban Batista, que havia acabado de passar duas temporadas no Atlanta Hawks (NBA) e estava com apenas 24 anos.
A garotada daquele time também não deixava a desejar. Na época com apenas 19 anos, o ala israelense Omri Casspi, que hoje é jogador do Sacramento Kings (NBA) fazia parte do elenco e já dava mostras de que seria um grande jogador. Outro jovens atleta era o ala Lior Eliyahu, que tinha de 22 anos e teve passagens pelo Houston Rockets (NBA). Hoje, os dois são figurinhas carimbadas na seleção israelense.
– Aquele Real Madrid
Sob o comando do técnico espanhol Joan Plaza, que acabava de ser promovido a treinador principal após uma temporada como assistente, o Real Madrid tinha um time longe de estar entre os mais vistosos de sua gloriosa história. O que prova este cenário são as precoces eliminações na Liga ACB daquele ano, em que os merengues caíram nas quartas de final para o Unicaja Málaga, e na Euroliga, quando foram despachados justamente no Top 16, no grupo do Maccabi, de Alex Garcia.
Mesmo assim, o desafio de enfrentar os madrilenhos não era nada fácil. Os caras do time eram o experiente norte-americano Louis Bullock, então com 32 anos, cestinha da equipe naquela Euro, e o ala/pivô espanhol Felipe Reyes, que ainda é atleta do Real Madrid e inclusive está defendendo a seleção da Espanha no Pré-Olímpico Europeu, hoje com 35 anos.
Quem também se destacava no plantel do Real era o norte-americano Charles Smith, que tinha 33 anos e acumulava passagens por San Antonio Spurs, Portland Trail Blazers e Denver Nuggets, da NBA, por onde também passou o armador espanhol Raul Lopez, atleta do Utah Jazz por três temporadas e dono de grande experiência no selecionado da Espanha.
O armador turco Kerem Tunçeri, então com 28 anos, que pouco tempo depois foi vice-campeão da Copa do Mundo da Turquia, em 2010, com a seleção de seu país, também era um dos principais atletas merengue. O jogador tinha 28 anos e vivia uma de suas melhores fases como jogador. Axel Hervelle, ala belga e primeiro jogador de seu país a ser selecionado no Draft da NBA, era outro que já mostrava extremo potencial naquela época, quando tinha apenas 24 anos.
E por falar em juventude, o elenco do Real Madrid já apostava em uma ótima safra, formada por jovem croata, de apenas 19 anos, que pouco entrava na quadra, chamado Bojan Bogdanovic, que hoje, com 26 anos, está na NBA vestindo a camisa do Brooklyn Nets, e o armador espanhol Sergio Llull, que na época com 20 anos disputava sua primeira Euroliga na carreira. Hoje com 28, Llull é um dos principais jogadores do Real e titular da seleção da Espanha.
Real Madrid 15/16
Hoje, o Real Madrid tem nada menos do que quatro atletas da seleção da Espanha: Sergio Llull, Felipe Reyes, Sergio Rodríguez e Rudy Fernández, os dois últimos com passagens pela NBA. Quem também passou pela liga norte-americana no elenco merengue foram o ala/pivô mexicano Gustavo Ayón e o ala argentino Andrés Nocioni.
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De quebra, os madridistas também têm o ala Jonas Maciulis, da seleção da Lituânia, e o norte-americano Jaycee Carroll, uma verdadeira máquina de bolas de 3 pontos. Além deles, o clube da capital espanhola acertou as contratações do norte-americano Trey Thompkins, que fez uma grande Euroliga 2014/2015 pelo Nizny Novogorod (RUS), e o sueco Jeffery Taylor, ambos com passagens pela NBA.
Já na ala jovem do Real Madrid, o esloveno Luka Doncic, de apenas 16 anos, MVP da liga espanhola Sub-18 e dono da média de 35,0 pontos no Eurobasket Sub-16, e o espanhol Willy Hernangómez, de 21 anos, recentemente draftado pelo Philadelphia 76ers (NBA), que fez parte do elenco da Espanha que foi campeão do Eurobasket no último final de semana, são os destaques.
“Os elencos daquele Real Madrid e o atual são bem diferentes. No Maccabi tínhamos um elenco muito forte, um dos melhores da Europa. Agora nossa situação é diferente. A realidade do Brasil é diferente. Serão dois jogos muito difíceis. Eles são muito fortes, então temos que ter paciência para enfrentar as situações das partidas. Mas independente de tudo, vamos dar o nosso máximo. Ganhar do Real Madrid é motivo de orgulho pra qualquer um, então vamos lutar demais por isso, pois acredito na minha equipe”, declarou o “Brabo”.
Bauru e a experiência
Se do outro lado o Real Madrid tem diversos craques consagrados e donos de respeitados currículos, do lado do Paschoalotto/Bauru a experiência também é algo existente. O próprio Alex Garcia, por exemplo, possui uma vasta experiência internacional, com anos e anos de Seleção Brasileira, com direito a disputa de uma Olimpíada (2012) e quatro Copas do Mundo (2002, 2006, 2010 e 2014), além, é claro, de sua passagem pela NBA, em que defendeu o tradicional San Antonio Spurs e o New Orleans Hornets.
Junto do ‘Brabo’, Rafael Hettsheimeir é outro que carrega boa rodagem internacional. O pivô, de 29 anos, passou nove temporadas na Espanha e inclusive defendeu o próprio Real Madrid (ESP). Além do clube merengue, o jogador atuou pelo CAI Zaragoza e pelo Unicaja Málaga em solo espanhol. De quebra, Rafael também participou da Copa do Mundo de 2014 pela Seleção e recentemente recebeu sondagem do San Antonio Spurs.
Até mesmo a ala mais jovem do elenco bauruense carrega consigo uma experiência internacional, adquirida no ouro nos Jogos Pan-Americanos 2015 de Toronto, com Ricardo Fischer, Léo Meindl e Rafael Mineiro, contratado pontualmente junto à Winner/Limeira para a disputa do Mundial de Clubes. E por falar em juventude, Wesley Sena, pivô de 20 anos e 2,09m de altura, também teve breve passagem pelo basquete espanhol.
“Quando você joga contra time europeu, experiência internacional que você tem conta muito, principalmente em saber jogar contra um estilo de jogo diferente, contra árbitros diferentes, clima diferente do Brasil. Então essa experiência que temos de Seleção, em torneios internacionais, de Europa, pode fazer total diferença, de jogar com calma, ter paciência, para assim tentarmos essas vitórias”, finalizou Alex Garcia.