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Xadrez das Finais

27-05-2016 | 07:19
Por Liga Nacional de Basquete

Aproveitamentos, números e muito estudo: dois primeiros jogos das Finais do NBB CAIXA entre Flamengo e Bauru são marcados por análise e leitura do adversário

Para chegar a uma Final e ser campeão não basta apenas ter cinco jogadores, uma bola e uma cesta. Para se obter sucesso, ainda mais em um jogo tão rico em informação, é preciso muito estudo, cálculos e leitura mais do que apurada do adversário. É assim que Flamengo e Paschoalotto/Bauru estão lidando com mais uma decisão de NBB CAIXA, e alguns números podem provar este cenário.

+Clique aqui e confira estatísticas e todos os detalhes do Jogo 2 das Finais entre Flamengo e Bauru

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, e conta com o patrocínio master da CAIXA, o patrocínio da SKY e o apoio do Ministério do Esporte, Avianca e Spalding.

– Jogo coletivo:

Meyinsse, do Flamengo

Até agora, quem distribuiu melhor a pontuação, venceu: será esta a toada da série entre Fla e Bauru? (João Pires/LNB)

Tratando-se de dois elencos poderosíssimos, a coletividade é uma das forças de ambas as equipes e foi um dos fatores cruciais para a definição dos vencedores das partidas da Final até então.

No Jogo 1, o Flamengo ganhou, por 83 a 77, em Marília (SP), tendo quatro atletas anotando mais de dez pontos: Olivinha (16), Ronald Ramon (15), JP Batista (13) e Marcelinho (11). Enquanto isso o Bauru foi derrotado tendo apenas dois.

Os dois atletas que pontuaram no time paulista foram Hettsheimeir e Jefferson, que fizeram 25 e 24 pontos, respectivamente, e registraram mais da metade dos tentos da equipe bauruense no duelo (63,6%). Em contrapartida, no duelo no Rio de Janeiro, somente Marquinhos destoou no Flamengo e fez quase um terço dos pontos do time, com 26 (32,5%).

Ainda para o Jogo 2, o Dragão tratou de melhorar seu jogo coletivo, dividir mais a pontuação e assim mudar sua postura na Arena Carioca 2. Paulinho Boracini (17), Alex Garcia (13), Léo Meindl (13), Hettsheimeir (12), Murilo Becker (11), e Jefferson (10) contribuíram de maneira efetiva no comando do ataque e ajudaram o Bauru a empatar a série.

“Conversamos bastante depois do Jogo 1, ficamos estáticos nas trocas de defesa deles. No Jogo 1 sobramos muitas vezes no miss match, mas ficávamos procurando muito os pivôs. Tem horas do jogo que não dá pra ficar só nisso, pois o outro time se ajusta. No último jogo os caras de fora foram mais agressivos e por isso conseguimos distribuir melhor a pontuação”, analisou Paulinho Boracini, do Bauru.

Outro fator é o banco. Os rubro-negros tiveram nada menos que 32 pontos dos atletas vindos do banco no Jogo 1, enquanto os donos da casa contaram com apenas seis tentos dos reservas. No confronto em solo carioca, a história foi diferente, e os bauruenses tiveram 28 pontos dos suplentes e os flamenguistas 22.

Uma das provas da má apresentação rubro-negra no Jogo 2 é que a equipe é líder em assistências da temporada, com média de 19,1 por partida, e distribuiu apenas nove na partida, sendo que no Jogo 1 tinha servido 15 – ainda sim inferior à sua média. Já Bauru, que dá em média 17,8 assistências por jogo, deu 16 em ambas as partidas.

Rafa Luz, do Flamengo

Pesou na derrota: Flamengo teve aproveitamento de 38,1% nos pontos tentados no Jogo 2 (João Pires/LNB)

– Volume:

Bola na cesta. Quem conseguir mais, ganha. E disso, Flamengo e Bauru entendem muito. A equipe paulista é dona do melhor ataque do campeonato, com média de 87,3 pontos por jogo, enquanto os cariocas têm o terceiro, com 84,4 por duelo. Mas apesar de saberem, os aproveitamentos foram cruciais na definição das equipes vencedoras até aqui nestas Finais.

Na primeira partida, os comandados de José Neto tentaram 163 pontos e converteram 83, o que gera um aproveitamento de 50,9%. Já no jogo de volta, em que perdeu, o time do Rio de Janeiro teve um volume ainda maior e chutou para 209 pontos, mas seu aproveitamento de apenas 38,3% resultou em apenas 80 pontos.

“Tivemos bastante volume, mas eles (Bauru) tiveram um aproveitamento muito bom. É só olhar as eficiências: uma muito alta de Bauru e uma muito baixa nossa. Não me lembro de nenhuma partida que tivemos com 69 de eficiência. Precisamos ver o que erramos para ter esse aproveitamento baixo e vir preparados para o próximo jogo”, declarou José Neto, técnico do Flamengo.

Jefferson, do Bauru

Bauru acertou quase metade dos pontos que converteu no Jogo 2, diferente do que aconteceu em Marília (João Pires/LNB)

Por sua vez, o Bauru apresentou um aproveitamento de apenas 43,8% na derrota no Jogo 1 em Marília (SP) ao fazer 77 dos 176 pontos possíveis. No duelo na Arena Carioca 2, o time do técnico Demétrius tentou quase a mesma coisa de pontos, 172, mas fez 85, aproveitamento de 49,4%, o que é bom e suficiente para lhe dar a vitória.

“Para diminuir a força ofensiva do Bauru precisamos manter a concentração defensiva que tivemos no primeiro jogo. Saber onde está a principal qualidade ofensiva deles, quais jogadores vão puxar mais o jogo e tentar diminuir esse volume de jogo deles. Se fizermos isso teremos grandes chances de vencer de novo”, comentou o armador Rafa Luz, do Flamengo.

“Lá em Marília fizemos 77 pontos e nos playoffs vínhamos com uma média de 93,5 pontos nos playoffs. E tivemos um volume menor no Jogo 1 também, então entramos no Jogo 2 para ter mais volume, atacar mais rápido e chegar com confiança. Sabíamos que se fizéssemos isso poderíamos vencer e foi isso que aconteceu no último jogo”, completou Paulinho Boracini, do Bauru.

– Garrafão:

Os dois finalistas possuem, certamente, dois dos melhores garrafões do NBB CAIXA. Os rubro-negros com Meyinsse, Olivinha, JP Batista e Rafael Mineiro. Os bauruenses com Rafael Hettsheimeir, Jefferson William, Murilo Becker e o jovem Wesley Sena.

Hettsheimeir, do Bauru, e Mineiro, do Flamengo

Bauru, de Hettsheimeir, concentra seu jogo mais nos homens de garrafão do que o Flamengo, de Mineiro (João Pires/LNB)

Por fazerem parte de uma rotação muito mais frequente em relação ao adversário, os homens de garrafão do Flamengo não se destacam tanto na pontuação e juntos somam em média apenas 28,3 pontos por jogo na temporada: JP Batista (11,1), Olivinha (10,7), Meyinsse (8,6), Rafael Mineiro (7,9).

Do outro lado, os pivôs do Bauru assumem mais a pontuação e são responsáveis por nada menos que 41,3 pontos da equipe, quase a metade da pontuação geral bauruense na competição (47,3%): Hettsheimeir (16,2), Jefferson (13,2), Murilo Becker (7,5), Wesley Sena (4,4).

No Jogo 1 da Final, o garrafão do Flamengo foi responsável por 39 dos 83 pontos da equipe (47,9%): Olivinha (16), JP Batista (13), Rafael Mineiro (8) e Meyinsse (2). Já no segundo, o Bauru tratou de reforçar sua defesa embaixo e sofreu apenas 27 pontos dos gigantes do Mengão: Meyinsse (11), Olivinha (8), JP Batista (6) e Rafael Mineiro (2).  Neste, a pontuação se concentrou em Marquinhos, autor de 26 pontos.

“Não acho que estamos usando mal o garrafão, mas erramos muito. Nossa porcentagem de acerto foi muito baixa em relação aos outros jogos. Não foi normal. Mas tenho certeza que as bolas vão cair como antes no jogo de sábado e estamos confiantes que sairemos de quadra vitoriosos”, concluiu o rubro-negro Rafa Luz.

Do outro lado, os comandados de Demétrius Ferracciú concentraram em Marília todo seu jogo na dupla de garrafão titular, que somou 49 pontos (25 de Hettsheimeir e 24 de Jefferson), mais da metade dos pontos da equipe no duelo (63,6%).

No Rio de Janeiro, a história foi outra, pois a dupla totalizou somente 22 pontos (12 de Hettsheiimeir e 10 de Jefferson) e, somado com os 13 de Murilo, totalizou ao garrafão bauruense 35 pontos. Assim, o restante do time dividiu bem a pontuação e teve mais três atletas com dígitos duplos na pontuação: Paulinho Boracini (17), Alex Garcia (13), Léo Meindl (13).

Paulinho, do Bauru

Na Arena Carioca 2, Bauru, de Paulinho Boracini, aproveitou melhor as bolas de 2 pontos, ao contrário do que fez o Flamengo (João Pires/LNB)

– Jogo interno:

Uma das características do Flamengo sempre foi a de escolher a melhor bola e optar pela cesta fácil. Líder em bolas de 2 pontos na atual temporada, com média de 22,3 convertidas por partida, o clube da Gávea teve como termômetro o aproveitamento neste quesito nos dois primeiros jogos das Finais.

Primeiro, em Marília (SP), a equipe contou com um melhor rendimento perto da cesta e teve aproveitamento de 57,1% nos tiros curtos (23 certos em 40 tentados). Já no confronto na Arena Carioca, nada deu certo, pois os rubro-negros tentaram mais e acertaram menos: 18 certas em 48 tentadas – 37,1% de aproveitamento, quase 20% a menos em relação ao Jogo 1.

“Essa Final está sendo a Final das defesas. Os dois times tentaram tirar os pontos fortes do outro. Os dois se estudam muito e por isso sabemos onde cada jogador joga mais confortável. Eles estão tirando a gente do conforto e nós também estamos tirando eles, e por isso o jogo acaba ficando um pouco mais amarrado. Mas dentro da quadra estamos em uma guerra de xadrez bem bacana”, comentou Paulinho Boracini, do Bauru.

JP Batista, do Flamengo

Barrados no baile: garrafão do Flamengo não repetiu boa atuação do Jogo 1 no duelo em solo carioca (João Pires/LNB)

Equipe que mais acerta bolas de 3 na competição, com média de 11,1 convertidas por confronto, o Bauru não costuma concentrar muito seus pontos dentro do garrafão, tendo em vista que é apenas o 10º colocado em tiros de 2 no campeonato (18,7 por jogo).

No primeiro jogo, o time de Demétrius fez 34 pontos em bolas de 2, com aproveitamento de 53,1% (17 certas em 32 tentadas). Por outro lado, na vitória em solo carioca, o rendimento melhorou e a equipe visitante apresentou um aproveitamento de 62,5% nos tiros de dentro da linha de 3 (20 certas em 32 tentadas).

“Eles (Flamengo) não tiveram um bom aproveitamento e sabemos que não foi só fruto da nossa defesa. Eles são um time de aproveitamento bom e uma hora a bola vai voltar a cair. Mas para isso temos que estar preparados e acreditar que se marcarmos e tirarmos eles do conforto podemos defender bem de novo, para vencer esse Jogo 3 e virar a série”, disse Paulinho.