A 2ª etapa do Campeonato Brasileiro Interclubes – Liga de Desenvolvimento de Basquete foi eletrizante, com o último classificado sendo decidido nos segundos finais da partida derradeira. Jogar valendo a classificação requer muito controle emocional. Desenvolver a capacidade de performar sob pressão é um dos grandes aprendizados do esporte. 

Várias equipes demonstraram preparo para momentos decisivos, tanto emocionalmente quanto no plano tático.

 Saber o relógio, as opções de defesa, o número de faltas e como agir de acordo com o placar parece óbvio mas requer muita repetição e entendimento do jogo. Treinar situações de jogo para os momentos finais é fundamental para que se entre preparado e confiante para boas tomadas de decisão. 

 Muitos demoram para alcançar uma boa maturidade como jogador de basquete, e esse é um dos objetivos da LDB, oferecer tempo para o jovem jogador aprimorar seus fundamentos e se forjar como profissional. Foi interessante ver a reação de muitos jogadores podendo exercer maior protagonismo. A agressividade em relação à cesta somada à capacidade de envolver os companheiros e tornar o time melhor. Mas considero imprescindível observar a linguagem corporal das principais referências da equipe. Como interagem com os demais atletas, o comportamento ao serem substituídos, as reações aos erros próprios e as falhas dos companheiros. Se a bola cai ou não é só um detalhe, o jogador deve pensar a LDB como uma oportunidade de crescer em todos esses atributos. O mesmo serve para os treinadores. Se o time se postou bem taticamente é um fator importante mas, na minha opinião, não é o principal. E sim, se a equipe transparece estar comprometida com o jogo, jogando com intensidade sempre, independente do adversário ou do placar. Criar uma equipe de caráter que tenha respeito pelo basquete e saiba que o jogo é coletivo!

 Enxergo ser de extrema importância os treinadores atentos em corrigir a postura negativa dos atletas, coibir reclamações exageradas de qualquer tipo. E que não punem o erro de um arremesso ou de um passe. O basquete é um esporte de confiança e o jogador principalmente os mais jovens precisam ter coragem para tentar novamente. 

A seleção da 2ª etapa da LDB

Quinteto ideal – sede Paulistano 

Henrique Seixas (CAP) – 14,2 pt + 3 reb + 3,2 as – 15 ef 

Jonatan (COR) – 10,2 + 13,8 reb +  2,6 br – 24 ef 

Edu Marília (FRA) – 12 pt + 12,5 reb + 1 to – 16 ef 

Vini Chagas (CAX) 14,8 pt + 11,6 reb + 2,6 as – 21,6 ef 

Gabriel Novaes (Pato) – 18,1 + 10 reb – 21 ef 

Destaque – Gabriel Novaes – Pato Basquete 

Gabriel Novaes encerrou a segunda fase da LDB com média de 18 pontos por jogo

Só apelando para parar o Novaes!

O Pato Basquete não se classificou por uma vitória, mas jogou um basquete muito interessante e organizado taticamente. Com boas leituras de jogo e sem precisar forçar o jogo, Novaes foi o grande destaque da equipe. O pivô demonstrou ótima mobilidade dentro de quadra, capaz de jogar no poste baixo e de frente para a cesta com ótimo trabalho de pés. Bem nas continuações de corte e jogando bem os picks, rolando forte para a cesta e também abrindo para os chutes de três pontos. Seus aproveitamentos foram excelentes 90/ 51/ 38 % de arremessos (lances livres, 2 e 3 pontos, respectivamente). A vaga na fase final foi decidida na última rodada contra o Franca que ficou com a classificação. No entanto, correndo o risco de ficar de fora, o time do interior de São Paulo recorreu ao pivô Márcio, que depois dos jogos na Summer League da NBA ainda não havia atuado na 2ª Fase da LDB e teve que vir para a sede no Paulistano somente com a missão de segurar o pivô do Pato Basquete. 

Com experiência no NBB, o pivô Gabriel Novaes foi destaque na sede do Paulistano. (João Pires/LNB)

 Novaes vem trilhando uma trajetória interessante. Criado nas categorias de base do Palmeiras, teve uma passagem no Bahia Basket, um dos principais centros de formação da Argentina e se transferiu para o Pato, onde teve boas atuações no último NBB (8,6 pt + 4,6 reb). Para um jogador em franca ascensão como Gabriel Novaes, a Liga de Desenvolvimento é fundamental para que possa exercer um protagonismo diferente e ganhar ainda mais espaço no elenco do time principal. 

Troféu “Mão na cesta” – Arthur Costa – Rio Claro

O homem tava pegando fogo na 2ª etapa da LDB! Como é bom ver um jogador conseguir dar a volta por cima após lesões sérias. Na 1ª fase, reinserido ao grupo após longos meses de reabilitação após uma cirurgia no joelho, teve o ombro deslocado e ficou de fora novamente da maior parte da competição. Com muito foco e disciplina, voltou com tudo, demonstrando que está totalmente pronto. Arthur tem ótimo QI de basquete e se aproveita das brechas da defesa para criar seu próprio arremesso e também para achar os companheiros em condições de decidir. 

Após fazer um jogo de 34 pontos, Arthur Costa bateu seu próprio recorde, com 35 pontos na conta. (João Pires/LNB)

Recordista de pontos em uma partida, nesta edição com 35, estava “on fire” na linha dos três pontos. Foram 10 convertidas em um só jogo e incríveis 24 em 5 jogos, somando 23 pontos, 6 rebotes e 20,5 de eficiência de média por partida. O ala/armador Arthur Costa realmente tem a mão na cesta! 

Quinteto ideal – Sede São José dos Campos 

Tico (PIN) – 11 pt + 9,3 as – 16,8 ef 

Mencarini (UBE) – 21,8 pt + 3 reb + 2,3 br – 18,6 ef 

Pedro (SJC) – 13,4 pt + 6,2 reb + 3,6 as – 18,8 ef 

Djalo (PIN) – 18,3 pt + 8,8 reb 3,3 br – 20,5 ef 

Flavin (UFC) – 13,5 pt + 14,3 reb + 1 to – 20,5 ef 

Destaque – Yan Djalo – Pinheiros 

A equipe do Pinheiros venceu todos os jogos que disputou na LDB até aqui

Pode me chamar de Djalo! 

O Pinheiros segue arrasador na competição. Venceu todos os seus confrontos por pelo menos 18 pontos de diferença nessa 2ª etapa de LDB. Djalo foi novamente o jogador mais impactante da equipe azul e preta. Muito intenso dos dois lados da quadra, Yan é capaz de pontuar de diversas maneiras. Tem passadas largas, corre bem a quadra e tem ótimo controle corporal para finalizar no tráfego (66% de aproveitamento nos 2 pontos). Com bastante volume nos arremessos, já matou 25 bolas de longa distância, o que o torna ainda mais perigoso para as defesas adversárias. 

 Filho de imigrantes da Guiné Bissau, o ala do Pinheiros tem poucos anos de basquete e vem demonstrando uma capacidade de evolução impressionante. Esteve na base do Corinthians por 3 temporadas e em seguida, após uma breve passagem por Osasco, chegou ao Pinheiros onde foi realmente mais bem aproveitado. Teve 15 minutos de média no último NBB e muitas vezes foi designado para defender grandes pontuadores das equipes adversárias. 

Yan Djalo é mais um jogador com minutos no NBB e que teve grande destaque na LDB. (Fabio Lapa/LNB)

 Nessa LDB é o 1° em eficiência, com 22,8, e é a principal referência pinheirense em quadra. Esse protagonismo vem possibilitando o desenvolvimento do poder de comunicação de Yan o deixando mais confiante perante os companheiros e comissão técnica. Solto vestindo a camisa do Pinheiros, Djalo mostra a cada dia que é o tipo de jogador que pode cair bem em qualquer equipe. 

Troféu “Mão na cesta” – Arthur Souza – Praia Clube (UBE)

Chutador, chuta! O ala/armador de Uberlândia esteve quente em toda a LDB. Arthur tem a “mão na cesta” e foi o líder em bolas de três pontos convertidas na competição com 33 em 11 jogos (35% de aproveitamento). Habilidoso e com bom “feeling”do jogo, consegue pontuar de diferentes maneiras e teve média de 17 pontos, ajudando o Praia Clube a conseguir a vaga na fase final da Liga de Desenvolvimento. Ao lado de Menca, cestinha da LDB, Arthur formou uma dupla muito agressiva em relação ao aro que aterrorizou as defesas adversárias e que pode ser decisiva na fase final.

Arthur Souza foi mais um destaque na grande campanha do Praia Clube na LDB 2023 (Fabio Lapa/LNB)