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Aqui é o meu lugar

17-07-2013 | 03:44
Por Liga Nacional de Basquete

Depois de abandonar o basquete para trabalhar e estudar, argentino Dario Ivan Falco retorna às quadras e se torna um dos destaques do Círculo Militar no início da LDB

Com apenas 1,83m de altura, Ivan vem se destacando na LDB 2013 (Célio Messias/LNB)

A humildade e jeito simples o fazem ser uma pessoa discreta, mas é só entrar em quadra que o armador argentino Dario Ivan Falco, do Círculo Militar do Paraná/Dom Bosco/NBC, dá o ar de sua graça e encanta a todos com sua leveza, inteligência e extremo talento, que fizeram dele um dos grandes destaques da equipe paranaense no início da LDB 2013.

Aos oito anos de idade, quando mal sabia o que era basquete, seu pai foi transferido de seu país natal para a cidade paranaense de São José dos Pinhais, e por imposição de sua mãe, Ivan teve seu primeiro contato com bola laranja, o que fez com que o menino se apaixonasse pelo esporte.

“Quando eu me mudei, eu não tinha o que fazer. Aí minha mãe me colocou no basquete, na época tinham muitas crianças fazendo escolinha e ela resolveu me ocupar desta forma. E eu nem sabia o que era basquete, mal sabia bater bola, arremessar. Meus arremessos mal chegavam na tabela”, contou o argentino.

Apesar de não ter sangue brasileiro, Ivan conhece muito bem o não só o basquete do país, como a própria LDB. Na edição anterior do maior campeonato de base do país, o armador atuou com a camisa do Londrina, fez sua primeira exibição em uma competição nacional e foi o destaque de seu time. Além do clube londrinense, o jogador já atuou bom tempo no Campo Mourão (PR), São José do Rio Pardo (SP), Suzano (SP), e aos 19 anos, chegou a fazer parte do tradicional Atenas de Córdoba, da Argentina.

Depois de sua passagem por sua terra natal, Ivan se desanimou um pouco com o esporte e achou que não seria algo essencial para seu futuro. Desta forma, o argentino resolveu começar a estudar e trabalhar. Hoje o atleta ainda tem um emprego,

“Fiquei um ano lá no Atenas. Depois disso, achei que estava sem cabeça para continuar jogando. Estava com muitas saudades da minha família. Fiquei mais um ano sem ver meus pais, pois eu estava a mais de 2.000km longe deles. Aí pensei em começar a trabalhar, estudar, para dar um rumo na minha vida”, disse o armador.

Porém, quando o basquete está no sangue, seja ele argentino, brasileiro, não dá para largar, e com Ivan Falco não foi diferente. Oferecendo uma bolsa de estudos ao atleta, o técnico do Círculo Militar do Paraná, Daniel Lazier, o “Coxinha”, conseguiu fazer com que Ivan mudasse de ideia e o trouxe para o clube paranaense para disputar a LDB. O jogador ressaltou o esforço que teve de fazer para poder se dedicar mais ao esporte da bola laranja e voltar aos seus melhores desempenhos.

“O Coxinha me convidou para fazer parte do time e me oferecendo uma bolsa de estudos. Comecei a estudar, trabalhar, e jogar basquete só por hobby. Nem treinava direito. Mas tive que fazer muito esforço para poder treinar mais, devido ao meu trabalho. Acordava às 5h30 da manhã para treinar, pois eu entrava as 8h no trabalho. Ou tinham dias que eu saia do trabalho às 23h. Foi duro, mas tudo isso está valendo muito a pena”, disse o argentino.

O argentino foi decisivo na excelente vitória do Círculo Militar do Paraná sobre o Ginástico (MG) (Célio Messias/LNB)

Um dos principais jogadores do Círculo na LDB, o argentino impressionou a todos os expectadores da competição com toda a sua habilidade, inteligência e leitura de jogo. Saindo do banco de reservas nas partidas, Ivan deixa o jogo muito mais dinâmico e rápido, como no duelo contra o Allianz/Ginástico, melhor atuação do armador até então. Na ocasião, o camisa 19 entrou e mudou completamente o jogo, sendo decisivo nos momentos finais e encerrando o confronto com 20 pontos e seis assistências. Para ele, a alegria é o principal combustível, que veio também pela oportunidade de mostrar seu talento em cenário nacional, algo que ele sentiu muita falta no decorrer de sua carreira.

“Eu estou muito feliz. Feliz por poder jogar com alegria. Quando você joga com alegria consegue jogar bem tranquilamente. Já passei muita coisa na minha vida e sempre esperei por essa oportunidade. Talvez por eu nunca ter uma chance. Quando eu jogava no Paraná eu não podia ir para a Seleção paranaense por ser argentino. É muito bom saber que meu trabalho vem sendo valorizado, visto com bons olhos. Meu sonho era ter jogado o Mundial sub-19, com Raulzinho e os outros jogadores. Mas não tinha como aparecer no cenário nacional. É muito legal ser visto de outro jeito, mas tenho que fazer valer a pena”, afirmou o argentino.

Sobre seu futuro? Ivan não sabe. Porém, a única coisa o jogador ele tem total certeza é de seu amor incondicional pelo basquete, algo que, segundo ele, jamais irá sumir, e se depender dele, estará firme e forte em seu dia-a-dia.

“No fundo, o meu coração bate forte pelo basquete. Mesmo trabalhando e estudando, eu não quero ficar sem. A medida que eu ver que o negócio está indo pra frente, que está dando certo, eu vou continuar. Se aparecer alguma boa oportunidade e eu ver que ela é boa, eu abraço. Mas o melhor é viver o presente. O que posso dizer agora é que vou continuar treinando, ajudar meu time a ganhar. O que vier para mim é lucro, pois eu estava morto, estou voltando agora. Quem sabe? Se aparecer uma oportunidade boa, eu com certeza aceitaria”, finalizou Dario Ivan Falco.

Ivan espera continuar jogando e ajudando sua equipe na LDB (Célio Messias/LNB)