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Os nove noves

02-04-2013 | 02:59
Por Liga Nacional de Basquete

Coincidência ou superstição? Nove armadores usam a camisa 9 de seus times na atual temporada do NBB; conheça as histórias

Nove armadores usam a camisa 9 na atual temporada do NBB (Montagem/LNB)

Quando se fala em camisa 9 no Brasil, logo pensam em um atacante do futebol, alguns altos, mas todos finalizadores, matadores. Mas no NBB, esta lógica é totalmente diferente, pois os donos da camisa 9 são os organizadores, os cérebros de seus times, as vezes os mais baixos: os famosos armadores.

Nove jogadores da posição carregam em suas costas o número 9 nesta temporada do NBB. São eles Paulinho Boracini (Pinheiros/SKY), Jefferson Socas (Vivo/Franca), Neto (Liga Sorocabana), Thyago Aleo (Cia. do Terno/Romaço/Joinville), Caleb Brown (Palmeiras), Deryk Ramos (Winner/Kabum/Limeira), Luiz Felipe Lemes (São José/Unimed), Fred (Tijuca/Rio de Janeiro) e o “maestro” Valtinho (Unitri/Universo).

Superstição, homenagem, auto estima, falta de opção, e até indiferença por número na camisa são alguns dos motivos dos nove armadores do NBB carregarem o número em seus uniformes.

Jefferson Socas, do Franca, seguiu o conselho de sua mãe e sua irmã, e começou a usar a camisa 9 nas costas, que pelo jeito, deu resultado. “Eu jogava com a 12 quando era menor, mas minha mãe e minha irmã falaram que a 9 dava sorte, então resolvi mudar para homenageá-las. Justamente no ano que eu mudei de camisa, acabei sendo o destaque no estadual de Santa Catarina, agora sempre que eu puder eu uso a 9, pois me sinto bem com ela”, comentou o armador francano.

A exemplo de Socas, o armador Thyago Aleo, do Joinville, também resolveu prestar uma homenagem, mas desta vez, foi para o colégio que ele estudou quando garoto, lugar em que ele criou gosto pelo esporte da bola laranja.

“Quando jogava pelo colégio, eu usava a 29, mas quando fui jogar em clubes a numeração era de 4 a 15, por isso optei por usar a 9 e segui até hoje assim. Sempre usei esse número, inclusive em Londrina. O significado para mim é pela homenagem que faço ao meu colégio, que foi lá que eu criei o gosto e paixão pelo basquete”, revelou Aleo.

Dono da camisa 9 do São José, o armador Luiz Felipe, tem o número estampado em seu uniforme pela sua admiração pelo jogador Telmo, hoje no XV de Piracicaba, do interior de São Paulo. Quando jovem, o jogador joseense homenageou seu ídolo, e hoje, não abandona a camisa 9.

“Quando eu jogava no Continental, ainda garoto, o camisa 9 da equipe juvenil era o Telmo, que depois jogou em Limeira. Era um jogador muito raçudo, acho que isso foi influenciando. Fui gostando de como ele jogava e fiquei com a nove”, disse.

A extrema confiança do norte-americano Caleb Brown, do Palmeiras, é o que fez o jogador usar a camisa 9 nas costas. Para ele, hoje seu jogo está três vezes melhor do que antes. “Quando eu jogava no College (basquete universitário dos Estados Unidos) usava a camisa 3, mas hoje eu considero que estou três vezes melhor do que naquela época, por isso sou o camisa 9”, explicou o confiante armador alviverde.

Para alguns, o número não tem significado algum, mas tem sua parcela de superstição, caso de Paulinho Boracini, que tem a 9 estampada na camisa do Pinheiros.

“Para mim não tem nenhum significado especial. Jogo com a 9 desde pequeno. Quando joguei em Mogi, esse número já  tinha outro dono, por isso usei a 54, que era a idade do meu pai na época, e coincidentemente somando cinco e quatro dá nove. É um número que eu já estou acostumado a usar e isso vem de muito tempo.  Me sinto muito bem assim, e já virou uma superstição”, falou Paulinho.

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Outros não consideram o número que carregam em seus uniformes tão importante, caso do aramdor Neto, da Liga Sorocabana, que afirmou ter apenas seguido um conselho e está até hoje com a 9. “Na verdade não tem um significado. Antigamente eu usava a 6, mas logo que eu saí do COC já separaram a 9 para mim e disseram que daria sorte”, afirmou Neto.

Em muitas oportunidades, a camisa 9 foi a que sobrou. Caso de Fred, do Tijuca, que diz até hoje não saber o porquê do número 9 ter sido o escolhido, mas que hoje virou essencial para o atleta.

“Na verdade, eu uso a nove desde o primeiro jogo de basquete que eu fiz. Foi em 1993, no Canto do Rio e eu escolhi a nove logo de cara. Lembro até hoje que tinham dois números sobrando, o nove e o dez. Mas não sei porque eu escolhi o nove e desde então virou meu número oficial”, declarou Fred.

Apesar de sua identificação com o número, Deryk, armador do Limeira, afirmou que só usa o número pois não tinha outra opção. “Eu sempre me identifiquei com o número. Desde o meu primeiro ano de Seleção de base. Coincidentemente o único número sobrou foi o 9, que uso até hoje”, disse o jogador de 19 anos.

A identificação citada por Deryk foi algo fundamental para a escolha do número por parte do experiente armador Valtinho, do Uberlândia, que ainda citou a influência que sua decisão culminou com a escolha de outro número para seu então companheiro de equipe, o ala Márcio Dornelles, atualmente no Pinheiros.

“Na verdade, eu comecei a usar a 9 quando eu tinha 20 para 21 anos. Eu sempre joguei com a 5, mas fui contratado por Franca e só tinham dois números disponíveis: o 9 e o 15. Na época, eu estava chegando à Franca com o Márcio (Dornelles) e falei para ele que a 15 combinava mais com ele do que comigo, aí acabei com a 9”, afirmou o atleta de 36 anos.

Apesar de falta de opção ter marcado a escolha do atleta, o “maestro” do Uberlândia não consegue mais largar a camisa 9, que ele julga como uma espécie de amor à primeira vista, e que não larga o número de jeito nenhum.

“Desde a primeira vez que eu usei a 9, eu gostei. Desde aquela época pensei: ‘nunca mais largo essa camisa’. Não me vejo mais sem ela. Enquanto eu estiver jogando, vai ser o número 9 que vai estar estampado nas minhas costas, não tem jeito”, concluiu Valtinho.

Não é só Valtinho que não dispensa a camisa 9 nas costas. Quando não pôde usar a 9, Jefferson Socas, do Franca, seguiu novamente conselho de sua família, mas também não quer saber de outro número.

“Só no Real Madrid eu não pude jogar com a 9, pois o capitão do time já jogava com esse número. Então usei a 4, à pedido do meu pai. Mas sempre que puder usar a 9 eu vou querer”, disse o jogador francano. Thyago Aleo também foi impedido de vestir a 9, quando jogava em Bauru. “Só em Bauru que não pude usar pois o Gui Deodato já jogava com a 9 há muito tempo”, afirmou Thyago Aleo, do Joinville.

Luiz Felipe, do São José, considera o número como uma espécie de amuleto, algo especial, que o da mais confiança em quadra. “Para mim, jogar com a camisa nove dá uma confiança maior, aquela coisa de jogador. Já joguei em Seleção com outros números, mas a 9 é especial e eu espero sempre usá-la nas costas”, completou Luiz Felipe.

Marcelinho Huertas, da Seleção Brasileira (Colin Foster/Divulgação)

Até o armador da Seleção Brasileira Masculina tem o número 9 estampado em sua camisa. Marcelinho Huertas, atualmente no Barcelona, contou o motivo de sua opção pelo algarismo dos armadores.

“Na Seleção sou o 9 pois o jogador mais veterano e então capitão por muitos anos (Marcelinho Machado) usava a 4, que sempre foi o meu número. Então escolhi a 9 que sempre foi um número que gostei. No Barcelona, a 4 está retirada e não ser usada. Como vinha de usar a 9 no Caja Laboral (ESP) e na Seleção, ainda obtendo bons resultados, segui com ela. Agora será difícil mudar de número”, comentou Huertas.

O armador do Tijuca, Fred, faz questão de usar a nove em sua camisa, e conta que já ficou impossibilitado da usar o número, pois ele pertencia a seu adversário nos dias de hoje no NBB, o técnico do Limeira, o ex-jogador Demétrius.

“Sempre que chego em um time já peço para jogar com a nove, mas teve uma vez que não consegui. Fui para o Minas e cheguei lá o dono da nove era o Demétrius, e não teve como mudar. Encarei numa boa, mas lógico que queria jogar com a nove. Até por isso, escolhi o número 29”, contou.

Já para Paulinho Boracini, se obrigatoriamente tirassem o número dele, não mudaria nada, mas sempre que puder, prefere carregar a 9 consigo. “Mudar não muda, mas para qualquer clube que eu vou eu peço a camisa 9, e se puder trocar com alguém que já usa essa camisa eu troco.

Sabendo de todas essas curiosidades sobre as opções dos jogadores, a pergunta que fica é: Nove é realmente número de armador? Os jogadores comentaram o caso e demonstraram diversificadas opiniões.

“Tirando na NBA que os armadores gostam muito de usar a 3, o resto dos armadores no mundo gostam da camisa 9”, afirmou Paulinho Boracini.

“Sempre foi um numero de armador”, concordou Neto. “Antigamente os números das camisas eram de 4 a 15, e os uniformes de números baixos eram menores de tamanho, na maioria dos casos, ficando para os armadores”, completou

Thyago Aleo se mostrou surpreso com a curiosidade e revelou que tinha outra opinião sobre o número 9. “Se eu não soubesse dessa curiosidade, eu continuaria achando 4 e 5 mais número de armador”, disse o jogador do Joinville.

“Acho que 9 é sim número de armador. Número de atacante, armador, pois hoje os jogadores gostam de comandar e atacar. É um número muito legal, que passa um pouco de agilidade e agressividade. É um número muito gostoso de usar”, exclamou Luiz Felipe, do São José.

Esta curiosidade não se prende ao maior campeonato do basquete brasileiro. Até na NBA, famosos armadores têm o número 9 estampado  em seu uniforme, caso do francês Tony Parker (San Antonio Spurs), o norte-americano Rajon Rondo (Boston Celtics), o argentino Pablo Prigioni (New York Knicks) e o espanhol Ricky Rubio (Minnesota Timberwolves).

Marcelinho Huertas finalizou dizendo que cada um tem suas escolhas, mas cravou que quando uma identidade é criada com o número, não dá para mudar.

“Cada jogador tem um gosto, um número da sorte, superstição. Depois que você se identifica com um numero é difícil acostumar com outro”, afirmou o armador da Seleção Brasileira.