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Duelo de camisas pesadas: Flamengo x São Paulo

12-05-2023 | 03:05
Por Gustavinho Lima

A Prancheta do Gustavinho conversou com dois craques sobre a disputa da semifinal; Pepe Vildoza falou de sua adaptação ao Flamengo e sua expectativa na semi e Elinho Corazza falou do bom momento do São Paulo na competição e as chances de avançar nesses Playoffs

Flamengo e São Paulo chegaram novamente à reta final do NBB entre as melhores equipes do país e vão brigar por uma vaga na final da temporada 2022/2023. Se não tivessem conseguido, certamente ouviriam críticas por todos os lados. Mas o fato é que estamos falando de dois times muito competentes e com camisas pesadas! O Rubro-Negro e o Tricolor venceram nas quartas de final com muita autoridade e iniciam a disputa por uma vaga na final nesta sexta-feira (12/5). 

 

Nas quartas, com desfecho eletrizante, o rubro negro bateu Bauru e fechou a série por 3 x 1 na melhor de 5 jogos. Jogando contra seu ex-time, Gabriel Jaú foi o destaque da série com 14 ppj e 7,2 reb. Jáu foi criado nas categorias de base do Dragão vendo Alex Garcia ser o cara do time principal e incorporou o perfil competitivo do Brabo. Aprendeu a sempre entregar muita energia em quadra e não titubeou frente ao mentor. O Brabo, por sua vez, não aliviou para o aprendiz e a dupla protagonizou um duelo emblemático, cheio de provocações nesses playoffs. 

Gabriel Jaú chegou nesta temporada ao Flamengo e é peça fundamental no esquema de Gustavo de Conti (Gilvan de Souza/CRF)

 

O plantel carioca é extenso e viu diferentes jogadores se destacando na série. Além de Jaú, teve Deodato aparecendo bem com 17 pontos na abertura, 100% de aproveitamento no jogo 2 (19/19) e 14 pontos no jogo 3. No quarto jogo não repetiu as atuações, mas viu o ala argentino Cuello marcar 19 pontos, Hettsheimeir 18 e Vildoza 13 pontos e 7 assistências para sacramentar a vitória sobre o Bauru.

 

O São Paulo pegou o audacioso e jovem time do Pinheiros, dono de ótima campanha e também se impôs ao vencer pelo mesmo placar da série do Flamengo: 3 x 1. Bennet teve mais volume de jogo e vem de uma série de quartas de final com 16,5 pontos de média. Já Túlio da Silva fez três jogos com mais de 15 pontos. O ala /pivô Lucas Siewert, por sua vez, estava com a mão quente e chutou 13/20 nas bolas triplas. O São Paulo também contou com seu principal jogador, o craque Marquinhos, jogando modo GOAT (Greatest Of All Time – melhor de todos os tempos) e despachando o Pinheiros com 15 e 20 pontos nos jogos decisivos. 

Marquinhos passou boa parte da temporada regular lesionado, mas vem reencontrando seu bom basquete nos playoffs (Rubens Chiri/SPFC)


Na série entre São Paulo e Pinheiros foi bonito ver o duelo entre os líderes de assistência do NBB. Vejo semelhanças entre Élinho e Ruivo. São dois armadores clássicos, com boa leitura de jogo, que fazem bom uso do “pick and roll” e costumam arrancar o melhor das suas equipes. Élinho tem mais experiência e se sobressaiu no jogo derradeiro, flertando com um triplo duplo. Foram 9 pontos, 8 rebotes, 12 assistências e 0 turnovers para o maestro, além do passaporte para a semifinal. 

 

Flamengo é o maior vencedor da história do NBB

 

O Flamengo tem 7 títulos e é o atual vice-campeão do NBB. Na montagem da equipe, viu Yago seu principal jogador se transferir para o basquete alemão às vésperas do início da competição. Além de ser o motor do time da Gávea, Yago tinha muita conexão com o treinador Gustavinho de Conti. Com os pensamentos alinhados, o Monstrinho era o técnico dentro de quadra e facilitava as ações rubro-negras.

 

Se vendo sem o armador, a diretoria recorreu a um dos maiores talentos da nova geração do basquete argentino. José (“Pepe”) Vildoza, jogador que é constantemente lembrado na lista de convocações da seleção Argentina e foi contratado com a missão de suprir a vaga deixada por Yago. Com um passado vitorioso vestindo a camisa do San Lorenzo, ele chegou para vestir outro manto com histórico de títulos. Muito habilidoso, Vildoza mostrou sua capacidade tanto para passar como definir (9,5 ppj e 3,1 as), mas teve problemas em conseguir uma boa regularidade durante todo o campeonato. Assim como seu conterrâneo Penka Aguirre, que apesar do currículo vencedor no país vizinho não conseguiu ser impactante no Brasil.

Pepe Vildoza chegou do basquete croata ao Flamengo nesta temporada (Gilvan de Souza/CRF)

Vildoza tenta cravar seu nome na história rubro-negra, assim como fizeram outros argentinos como Nicolas Laprovittola e Franco Balbi.  A Prancheta do Gustavinho conversou com o armador argentino sobre expectativa para o confronto contra o São Paulo: 

 

Vildoza, você sente que está jogando o seu melhor basquete no Brasil? E quais as principais diferenças entre o basquete jogado no Brasil e na Argentina?

 

R: Não, estou seguro que tenho muito por melhorar e demonstrá-lo na quadra. Uma das principais diferenças é o jogo físico. No Brasil se joga a um ritmo mais alto e com mais posses, na Argentina se joga um pouco mais pausado, talvez um pouco mais táctico.  

 

Na sua opinião, qual pode ser o fator chave para o Flamengo vencer o São Paulo nas semifinais?

 

R: Vai ser chave para nós poder subir a intensidade, tanto na defesa como no ataque. Na série com Bauru fizemos isso bem por momentos e agora vai ser importante que possamos manter durante toda a série.

 

Você terá um duelo contra dois dos principais armadores do NBB. É uma motivação extra jogar contra Élinho, líder de assistências da Liga e possivelmente ser defendido por Bennet, eleito melhor defensor do NBB 21/22?


R: Jogar um playoff de semifinal já é uma grande motivação. Elinho e Bennett são dois grandes jogadores, claro que isso é uma motivação extra.

 

Vildoza tem basquete de sobra e atualmente está atrás somente de Facundo Campazzo e Nicolás Laprovittola na seleção argentina. O Flamengo, além de Penka, joga ao lado também de Ricardo Fischer, contratado no meio da temporada para auxiliar os hermanos e que teve ótimos resultados (Fischer soma 10,5 ppj e 4,3 as). O Rubro-Negro conseguiu uma temporada muito sólida com 28 vitórias e somente 4 derrotas, garantindo a 2ª posição na tabela. 

 

Se analisarmos os números, o Flamengo demonstra uma consistência absurda. Faz 84,6 pontos e sofre somente 69. A equipe, disciplinada taticamente na parte defensiva, é aquela que força o pior aproveitamento dos adversários (40%). Focado em não dar cestas fáceis, é o time que menos põe os oponentes na linha de lance livre (12,9 l.l.) e também o que menos cede segundas chances (23% dos rebotes disputados).  

 

São Paulo sempre entre os 4 primeiros
O São Paulo é um time que sempre conquista bons resultados. Desde que foi montado, chegou às semifinais de todos os torneios que disputou. Sei que essa frase soa repetitiva, mas denota o poder de planejamento do time do Morumbi.

 

A equipe dirigida por Bruno Mortari tem uma incrível capacidade de resiliência. Na montagem para essa temporada, perdeu o Bruno Caboclo, MVP do NBB 21/22, para o Capitanes da G- League. Iniciou o campeonato sem Marquinhos e Shamell e no meio do 1° turno perdeu seu principal jogador na temporada e mesmo assim conseguiu se manter na 3ª colocação. 


A temporada não foi linear. Foram 22 vitórias e 10 derrotas, com o time terminando o campeonato em baixa, com somente uma vitória nos últimos 5 jogos. Mas o Tricolor se mostrou cascudo no mata-mata e com ótimas atuações individuais. 

 

O São Paulo de Bruno joga em um “pace” (ritmo) mais acelerado (76,6 posses por jogo) do que o Flamengo (72,9 posses por jogo). Nos playoffs, aumentou o volume de arremessos de longa distância e obteve sucesso (48/120 3pts). Com exceção de Malcolm Miller, suspenso por desqualificação no último jogo, vai entrar na semifinal com um plantel que subiu de produção na hora certa para tentar bater o Flamengo. 

 

Muito desse ritmo se deve ao armador Élinho, que fechou as quartas de final com médias de 9,7 passes para cesta. A ‘Prancheta do Gustavinho’ conversou com o maestro tricolor sobre o prognóstico para as partidas contra o Flamengo. 

Elinho é o líder de assistências do NBB 15 (Rubens Chiri/SPFC)

O São Paulo fechou o campeonato em baixa, com uma vitória em 5 jogos. Mas demonstrou novamente poder de reação e fez um ótimo Playoff de quartas de final. A que se deve essa mudança de atitude na sua opinião? 


R: Acho que a experiência do nosso time. Sabemos que playoff é outro campeonato. 


E o que acha que o time fez de bom nessa série de quartas de final?


R: Mano, acho que a gente ganhou bastante coisa nessa série. Acho que a gente conseguiu marcar bem, tirando aquele jogo 2 contra o Pinheiros (115 x 107). Conseguimos marcar do jeito que a gente queria e também sem dúvida a volta do Marquinhos, que é muito importante pro time, ajudou. O Pipoca (Lucas Siewert) também fez uma série muito boa e encaixou bem. Então acredito que a gente sai bem fortalecido como equipe.  

 

Você e o Bennet vêm se especializando em causar problemas para os armadores adversários (Ruivo 3 pontos no último jogo). Como você prevê esse duelo contra os talentosos Vildoza e Fischer? 


R: O Bennet sempre defende o melhor do outro time e eu estou pronto para ajudar ele. Serão duelos bem duros. Sabemos o que o Vildoza e o Fischer representam para a equipe do Flamengo e temos que tentar controlar eles durante a série.

 

Como um grande pensador do jogo, onde você acha que o São Paulo pode levar vantagem nessa série contra o Flamengo?
R: Acho muito difícil falar em vantagem numa semifinal. Mas estaremos preparados para uma série longa e bem dura.

 

Quem vencer ganha a chance de disputar o título. Há muitos craques dos dois lados habituados a esse tipo de decisão. São dois times com características distintas. O Flamengo apresenta um elenco vasto e cheio de estrelas muito explorado por De Conti, que utiliza diferentes quintetos durante os 40 minutos. 

 

Do outro lado, o São Paulo de Bruno Mortari é time cheio de talento mas com uma característica oposta em relação às substituições. O técnico tricolor não costuma variar muito a formação e é conhecido por ser capaz de elevar a produção individual de seus comandados. 

 

Há quem prefira as trocas em alta rotatividade. Porém, há também os defensores de manter o jogador em quadra por mais tempo para não “esfriar”. Na minha opinião, isso não é o mais importante. Seja lá qual for a estratégia, o fundamental é ter jogadores motivados para cumprir o que é proposto pelo treinador e preparados para competir em quadra. 


Vale vaga na final! Quem quer mais?