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NBB Caixa

Um ano renovado

19-04-2013 | 04:35
Por Liga Nacional de Basquete

Com um elenco totalmente reformulado, Joinville apostou na juventude e gerou bons frutos nesta quinta edição do NBB; veja os destaques

Catarinenses apostaram em jovens jogadores nesta quinta edição do NBB (João Pires/LNB)

Para quem estava acostumado com um time repleto de jogadores experientes, que sempre brigou por títulos, certamente sentiu grande diferença ao ver a jovem equipe do Cia. do Terno/Romaço/Joinville na temporada 2012/2013 do NBB. Os catarinenses apostaram todas as suas fichas em garotos e apresentaram o grupo de menor média de idade de sua trajetória na competição nacional (23,7 anos).

Uma prova desta expressiva reformulação foi a contratação de nove atletas para recomporem o elenco do esquadrão de Santa Catarina, além do técnico Ênio Vecchi. A jovem equipe demorou para entrar nos trilhos e acabou não obtendo um bom resultado, ficando pela primeira vez na história do torneio, de fora das Finais do NBB. A agremiação passou por bons momentos, mas não manteve a regularidade no segundo turno e acabou na 15ª posição, com 11 vitórias em 34 partidas (32,4% de aproveitamento).

Mesmo com este cenário, a quinta edição do NBB foi de grande valia para os catarinenses, pois revelaram jovens valores que nunca haviam participado da competição nacional, casos de Victor Correia, de apenas 20 anos, Abner, de 23 anos, e Henrique Bramorski, de 24, além de Vinícius Teló, que fez seu primeiro campeonato aos 27 anos.

“Foi uma reformulação completa, técnico, jogadores, tudo mudou muito. Quando você mantém a espinha dorsal do time, pode até mudar algumas peças, mas mantém um bom caminho para conseguir o entrosamento. Quando há uma sequência de trabalho, você vai colhendo os frutos disso com bons resultados. Não há como comparar o Joinville da temporada passada com esse. Nos anos passados haviam jogadores experientes, o time jogava junto há muito tempo, jogadores de seleção  brasileira, bons estrangeiros. É claro, que com apoio financeiro infinitamente maior do que o nosso. A classificação seria ótima, mas partindo deste cenário, conseguimos desempenhar o nosso melhor papel”, afirmou o técnico Ênio Vecchi.

A maior surpresa ficou por conta de Victor Correia, grande destaque do Joinville no campeonato. O ala/armador, de 1,80m de altura, encantou a todos com sua extrema habilidade e terminou sua primeira participação no NBB como cestinha da equipe catarinense, com média de 12,3 pontos por partida.

Em sua primeira temporada do NBB, Victor foi um dos destaques do Joinville na competição (Jackson Nessler/Divulgação)

A excelente temporada do camisa 5 no torneio ainda pode ser coroada, pois Victor é um  candidato ao prêmio de revelação da temporada, que já esteve nas mãos de jovens talentos como Raulzinho, que atua no basquete espanhol, Gui Deodato, do Bauru, e Vitor Benite, atualmente no Flamengo.

“Foi um ano muito bom e muito importante para mim. Eu não esperava ir tão bem, ainda mais com um começo de campeonato com tanto altos e baixos e com pouca confiança. Mas com o tempo e com a confiança e o apoio do Ênio eu pude ir melhorando. Consegui desenvolver bem meu basquete durante o segundo turno e fiquei muito feliz, apesar da não classificação. Mas a gente aprende com o tempo. O time foi amadurecendo durante a competição, mas infelizmente não deu. O NBB não permite muitos vacilos. E pecamos em alguns momentos da competição”, disse o jovem Victor Correia.

Resgatar coadjuvantes e atletas que não tinham muito espaço em outras equipes também foi uma das estratégias usadas pelo Joinville para esta temporada do NBB, que conseguiu gerar o protagonismo nestes jogadores, caso de Thyago Aleo, outro destaque da equipe. Titular absoluto do time comandado por Ênio Vecchi, o ex-jogador do Paschoalotto/Bauru fez a melhor temporada de sua trajetória na competição, e obteve médias de 11,8 pontos e 3,3 assistências em aproximadamente 30 minutos por confronto.

“Essa temporada significou muito para mim. Foi um ano de extrema importância, pude voltar a jogar bastante tempo, felizmente tive essa oportunidade aqui em Joinville. A única coisa que faltou pra mim foi não ter levado Joinville aos playoffs que seria uma coroação da temporada que fiz”, comentou Thyago Aleo.

Diego Conceição também conseguiu maior visibilidade vestindo a camisa do Joinville. O ala/pivô que esteve no Tijuca na última edição do NBB chegou a ser titular da equipe de Ênio Vecchi em diversas partidas e somou média de 8,3 pontos por jogo. Quem também deu um salto em sua carreira foi Mathias, que defendeu o Paulistano por duas temporadas, mas não conseguiu se destacar e manter uma boa sequência. Com o símbolo do esquadrão catarinense no peito, o pivô foi o líder de tocos da temporada, com média de 1,38 bloqueios por jogo, além de ter sido o reboteiro da equipe, com 5,6 rebotes em média.

Outro atleta que subiu um grande degrau em sua carreira foi o ala Durval, de 21 anos, que já fazia parte do elenco catarinense na temporada passada, mas não tinha muitas oportunidades e ritmo de jogo para mostrar sua qualidade. Já nesta quinta edição do NBB, o jogador dobrou sua média de minutos e de pontos, atingindo também o posto de titular da equipe.

“O desempenho deles foi muito além do esperado. Eu vi jogadores começando a temporada no nível 1 e terminando o no nível 3. Eu tinha uma expectativa, já conhecia a maioria deles, eu sabia que eles poderiam assumir a responsabilidade. Foi um compromisso cumprido da parte deles. Todos eram jogadores que não eram astros de seus times, e aqui tiveram que ser os atores principais. Todos eles souberam encarar o desafio e o resultado foi a enorme evolução de todos eles”, completou Ênio.

Porém, todo time de garotos precisa de um mestre e, em Joinville, a missão de liderar os meninos coube a Ricardo Probst. O experiente ala/pivô, de 37 anos, jogador mais velho da equipe, se disse honrado em fazer parte do grupo, e que mesmo tendo muito mais tempo de basquete que os outros, aprendeu muito com essa experiência.

“Foi muito bom estar com eles. Aprendi muita coisa, pois foi uma situação diferente para mim. Muitas vezes a minha função na quadra era tranquilizar o time, mostrar o melhor caminho em quadra. Quando fui  contratado, me falaram que era um processo de renovação da equipe, e que contavam comigo para isso, para direcioná-los. São jovens talentos, eles cresceram e evoluíram muito, foi muito bom”, falou Ricardo.

Mesmo não conseguindo acesso para as Finais, Ênio Vecchi se sente de missão cumprida (Della Rocca/LSB)

Analisando a temporada 2012/2013 de uma forma geral, com todas as dificuldades e obstáculos, o Joinville se superou. Com um apoio financeiro muito inferior ao dos campeonatos de sucesso da trajetória dos catarinenses no NBB, o técnico Ênio Vecchi transformou meninos em homens, que encararam o desafio de frente. O treinador amenizou a primeira não classificação para as Finais da história da equipe, e prefere destacar a evolução de seus jovens jogadores.

“Na minha avaliação o desempenho foi bom. Eu vejo minha missão cumprida aqui em Joinville. Pelo investimento financeiro que tivemos, estamos de parabéns. Jogamos de igual para igual com muitos times, vencemos vários bons times. A não classificação para os playoffs não significa que não obtivemos sucesso, pois a evolução individual dos jogadores também nos orgulha. Isso para um técnico é muito gratificante. É claro que a classificação iria coroar essa toda evolução, mas analisando todo conjunto da obra, conseguimos fazer o nosso melhor papel”, disse Ênio.

Mesmo com toda a grandeza e tradição que o basquete de Joinville tem, o investimento aplicado na equipe foi muito baixo em relação às edições anteriores do NBB. Porém, o saldo foi positivo, mas com certeza, com uma base financeira mais consolidada, os frutos que os catarinenses geraram nesta temporada podem render as conquistas que o basquete do Joinville merece.

“Joinville contribuiu e ainda contribui muito para o basquete brasileiro. Em quase todos os times do NBB tem jogadores que jogaram aqui em Joinville. Para a grandeza da equipe e da cidade isso é fantástico. Joinville é um dos grandes polos do basquete, assim como outras tradicionais cidades fortes no basquete. Sem esses polos, os talentos que temos hoje não teriam se desenvolvido e não teriam rendido o que rendem hoje. As equipes precisam apostar mais nos jovens, assim como Franca fez e nós aqui fizemos também, é claro, com um investimento financeiro muito menor. Pessoalmente como técnico, é muito gratificante ver um jovem se desenvolver, mas é melhor ainda ver um garoto contribuindo não só para si mesmo, mas para o basquete brasileiro. Acredito que muitos dos que estão comigo hoje tem a chance de ser um desses que farão a alegria do Brasil”, finalizou Ênio Vecchi.

Para Ênio Vecchi, os garotos do Joinville ainda podem render frutos também para o basquete brasileiro (Montagem/LNB)