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LDB

Um projeto diferente

28-06-2013 | 05:39
Por Liga Nacional de Basquete

Somente com atletas universitários em seu elenco, Náutico disputa a LDB pela primeira vez; técnica Mônica dos Anjos foi fundamental para idealização da equipe

Técnica Mônica dos Anjos fez parte de toda a organização e montagem da equipe (João Pires/Divulgação)

Um projeto diferente. É desta maneira que pode ser definida a equipe do Náutico/Fase Faculdade, que disputa a LDB pela primeira vez na história. Com um time 100% composto por atletas nascidos no Estado de Pernambuco, o time deixa claro que se pode sim conciliar estudos com a prática esportiva.

Todos os jogadores do esquadrão do Nordeste do país são universitários. Alunos de diversos cursos fazem parte da equipe comandada pela técnica Mônica dos Anjos, que faz parte do Subgrupo A1 da maior competição de base do basquete brasileiro.

A treinadora, que se tornou a primeira mulher a comandar uma equipe em competições organizadas pela Liga Nacional de Basquete, é parte fundamental para o andamento do projeto. Mônica começou o trabalho no Colégio Fase, mas com o passar dos anos, os garotos foram amadurecendo e evoluindo dentro da modalidade da bola laranja e o que era um time escolar acabou se tornando uma equipe competitiva.

“Quando eu cheguei no Colégio, em 2000, só existia o time feminino. Mas a procura de garotos querendo praticar basquete sempre foi muito grande, então montamos uma escolinha em 2004. A intenção era formar os atletas e encaminhá-los para os clubes. Só que os meninos não foram aproveitados nos clubes e acabaram voltando para o time do colégio. Foi aí, que eu comecei a receber pressão dos próprios alunos para colocar o time em competições da Federação Pernambucana. Então, resolvemos montar nossas equipes mini (Sub-13) e mirim (Sub-14). No começo era muito difícil para nosso time e os resultados não eram bons. Mas, mesmo assim nos filiamos à federação e começamos a disputar os campeonatos nestas duas idades”, explicou a técnica.

Mas, o projeto não poderia existir somente para atletas até 14 anos. Os “meninos de Mônica” iriam crescer e estourar as idades das equipes montadas pelo escolar. Então, a treinadora conseguiu ampliar os times do Colégio Fase para as categorias mais velhas, inclusive para o adulto.

“Os meninos começaram a crescer e sentimos a necessidade de dar continuidade às equipes para eles poderem seguir jogando. A primeira geração nossa começou a ter bons resultados e quando eles chegaram na categoria juvenil, no ano de 2008, sentimos que eles poderiam jogar na categoria adulta. Em paralelo a isso, o colégio entrou em sociedade com algumas pessoas e fundou a Fase Faculdade. Então, a gente aliou uma coisa com a outra e levou nossos meninos da escola para a faculdade. Hoje nem existe mais ligação entre a Faculdade e o Colégio, mas mesmo assim os garotos continuam seguindo este caminho”, disse a treinadora.

“A faculdade começou a investir no time adulto, em 2009. Os garotos ainda estavam no último ano de juvenil, mas já jogavam pelo adulto. Nessa ‘brincadeira’ fomos até hoje. De uns dois anos para cá, os meninos ‘deram um pulo’ e amadureceram bastante. Agora, temos todas as categorias devidamente filiadas na federação. Então, sempre teremos continuidade nos nosso times. Se todos os jogadores que estão aqui comigo na LDB saírem, eu tenho um time inteiro Sub-17 para jogar. Isso que é o legal do projeto”, completou Mônica.

Destaque da equipe na LDB, ala Augusto é um dos atletas beneficiados pelo projeto do time pernambucana (João Pires/LNB)

Apesar das quatro derrotas nas quatro primeiras partidas disputadas na primeira etapa da LDB, realizada na cidade mineira de São Sebastião do Paraíso, a treinadora segue orgulhosa do seu time. Na visão de Mônica, só o fato de a equipe ser formada somente por atletas que cursam o ensino superior já é motivo de festa.

“Hoje, nosso time é inteiro universitário. Nosso objetivo aqui é fazer com que esse meninos apareçam. Temos uma realidade diferente da maioria das equipes que disputam a LDB. Queremos provar que é possível conciliar os estudos com o basquete. Nos Estados Unidos se faz isso e queremos implantar essa filosofia aqui no Brasil também. A gente tem condição de jogar de igual para igual com todos os times aqui. Nós temos um projeto diferente e acreditamos nisso”, afirmou.

Idealizadora do projeto, Mônica é uma espécie de mãe para seus atletas. Alguns dos jogadores jogam sob o comando da técnica desde os oito anos de idade. Sendo assim, o vínculo de treinadora e jogador já se transformou em uma relação mais maternal.

“Eu tenho um perfil muito mais de professora do que de técnica. Às vezes eles falam que eu sou mais carrasca do que mãe (risos). Mas com certeza meu vínculo com eles é muito mais do que o de uma treinadora. Tem meninos no meu time que quando eu conheci eu conseguia carregar no colo. Mas, com o passar dos anos, fomos sendo exigidos um pouco mais e a relação ficou mais profissional também”, ressaltou a treinadora do Náutico.

Além de alguns meninos que estão com Mônica desde a criação da equipe, alguns outros jogadores se juntaram ao projeto com o “bonde andando”. Um deles é o ala Augusto Almeida, cestinha do time até o momento na LDB, com média de 15 pontos por partida.

O jogador era atleta da treinadora em outro projeto em que ela é a responsável, na cidade de Olinda. Após se destacar nos campeonato regionais, o jogador foi convidado por Mônica para passar a integrar a equipe da Fase Faculdade. Agora, o atleta já pode dizer com orgulho sobre tudo que o basquete proporcionou para sua vida.

“Eu tinha pouco mais de um ano de basquete quando a Mônica me convidou para fazer parte do time, ainda na época de colégio. Eu estava em escola estadual e tive a oportunidade de estudar em um colégio particular, com bolsa integral. O basquete mudou muita coisa na minha vida. Pude ter uma educação melhor, conhecer muita gente e ainda viajar por muitos lugares do Brasil”, disse Augusto.