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De cabeça erguida

20-05-2014 | 01:26
Por Liga Nacional de Basquete

Em meio a "maratona", Pinheiros termina a temporada 2013/2014 com o sentimento de dever cumprido, após chegar longe em todos os campeonato que disputou

Temporada 13/14 começou para o Pinheiros com o vice-campeonato mundial (Samuel Vélez/FIBA Américas)

Temporada 13/14 começou para o Pinheiros com o vice-campeonato mundial (Samuel Vélez/FIBA Américas)

A temporada 2013/2014 se encerrou sem título para o Pinheiros, porém a diretoria, jogadores e comissão técnica podem ter a certeza de que fizeram um bom papel. O time da capital paulista foi longe em todos as competições que disputou, e não foram poucos os campeonatos que a equipe participou.

Ao todo, o time da capital paulista disputou quatro competições entre os meses de setembro de 2013 e maio de 2014: Campeonato Paulista 2014, Copa Intercontinental, NBB 2013/2014 e Liga das Américas 2014.

“Poucas equipes jogaram tantos jogos como nós. Tivemos séries desgastantes e muitas viagens por conta da Liga das Américas. Claro que o jeito como acabou frustra um pouco, mas acho que foi um ano feliz para o Pinheiros”, declarou o armador Paulinho Boracini, que teve sua temporada interrompida em janeiro por conta de uma grave lesão no joelho.

+ Marcel de Souza assume o comando do Pinheiros para a temporada 2014/2015; Mortari vira supervisor

A primeira competição da que se pode chamar de “maratona” do clube da capital paulista do Pinheiros foi o Campeonato Estadual. Mas, ainda na fase de classificação do Paulista 2014, a equipe teve que dividir suas atenções com a Copa Intercontinental de Clubes.

Por conta do título da Liga das Américas de 2013, o time pinheirense teve o direito de disputar o título mundial com o então campeão da Euroliga, Olympiacos (GRE). Foram dois grandes jogos na cidade de Barueri, em São Paulo, mas a equipe brasileira acabou derrotada pelos gregos em ambas as oportunidades –81×70 no primeiro jogo e 86×69 na segunda partida –, mesmo com grandes atuações de Shamell, que obteve média de 26,5 pontos nos dois duelos, e saiu do torneio com a medalha de prata e o posto de vice-campeão do mundo.

Pinheiros, do armador Paulinho, fez dois jogos equilibrados frente ao poderoso Olympiacos (Samuel Vélez/FIBA Américas)

Pinheiros, do armador Paulinho, fez dois jogos equilibrados frente ao poderoso Olympiacos (Samuel Vélez/FIBA Américas)

De volta ao Campeonato Paulista, o Pinheiros fechou a primeira fase como o quarto melhor colocado na tabela, com 14 vitórias em 22 jogos. Nos playoffs, venceram Mogi das Cruzes na série oitavas de final por 3×2 e acabaram eliminados pelo Paulistano/Unimed nas semifinais em mais uma série desgastante de cinco jogos.

“Disputamos muitos campeonatos ao mesmo tempo, porém quando uma equipe quer estar no topo, como nos queríamos, tem que saber administrar muito bem esse tipo de cenário. Isso acontece na nossa profissão, fomos o time que mais realizou jogos no Brasil e isso é muito importante para nós, temos que sempre estar disputando muitos jogos e títulos”, disse Mortari, que dirigiu o time do Pinheiros nas últimas três temporadas e que a partir do NBB7, terá o cargo de supervisor da equipe.

Logo após o campeonato Paulista, o time pinheirense começou seus trabalhos no NBB6 com uma novidade no elenco.  Voltando de uma lesão de ruptura de ligamento no joelho esquerdo, Leandrinho Barbosa assinou com o Pinheiros para jogar seu segundo NBB e o melhor sexto homem da temporada 2006/2007 da NBA começou com o pé direito.

Sua estreia aconteceu na quarta rodada, em um jogo contra o Flamengo – sua ex-equipe no NBB –, que terminou com vitória do Pinheiros.  Ao todo, Leandrinho jogou oito jogos pelo Pinheiros antes de voltar à NBA após ser contratado ao seu ex-time Phoenix Suns eteve médias de 20,75 pontos por jogo.

Com Leandrinho em quadra, o Pinheiros venceu seis partidas e perdeu apenas duas (Ricardo Bufolin/ECP)

Com Leandrinho em quadra, o Pinheiros venceu seis partidas e perdeu apenas duas (Ricardo Bufolin/ECP)

Mesmo depois de perder Leandrinho, o Pinheiros conseguiu manter um bom nível no maior campeonato de basquete do país. Liderado pelo cestinha Shamell, em diversas rodadas o time esteve presente no G-4 e flertou com as primeiras posições. Mas a “maratona” voltou a atrapalhar a equipe paulista.

Defendendo seu título na Liga das Américas, o time do técnico Mortari dividiu suas atenções entre as duas competições. No torneio continental, o Pinheiros fez mais uma grande campanha. Primeiro, a equipe ficou com o segundo lugar do Grupo A, sediado em Neiva (COL), e se garantiu na fase seguinte. Depois, foi líder do temido e equilibrado Grupo F, com direito a um triunfo sobre o anfitrião Aguada (URU) e se classificou ao Final Four.

Na etapa decisiva da competição, o Pinheiros levou a melhor sobre o Halcones Xalapa (MEX) em uma das semifinais e chegou à decisão pelo segundo ano seguido. Desta vez, o final não foi feliz e os paulistas acabaram derrotados pelo Flamengo, em um jogo para lá de emocionante.

Campeão em 2013, Pinheiros voltou à decisão da Liga das Américas e ficou com o vice em 2014 (Samuel Vélez/FIBA Américas)

Campeão em 2013, Pinheiros voltou à decisão da Liga das Américas e ficou com o vice em 2014 (Samuel Vélez/FIBA Américas)

A desgastante disputa da Liga das Américas causou impacto diretamente na campanha do Pinheiros no NBB. Depois de chegar a ocupar a vice-liderança, a equipe teve alguns tropeços da reta final da fase de classificação e acabou na quinta colocação, sendo assim obrigada a disputar as oitavas de final para seguir adiante na competição – os quatro primeiros colocados avançam direto às quartas.

“Com certeza esse grande número de jogos atrapalha, mas é o preço que se paga por jogar várias competições ao mesmo tempo. Nos últimos anos, em alguns períodos, jogamos cerca de dez jogos em 15 dias. Essa maratona prejudica em qualquer esporte e no basquete não é diferente”, analisou Paulinho.

O adversário das oitavas foi novamente o Mogi. Assim como nas quartas do Paulista, os times protagonizaram mais um confronto muito equilibrado, porém com um final diferente. Mogi venceu a série por 3 a 1, e deixou o Pinheiros de fora das quartas de final do NBB pela primeira vez na história.

Apesar de não chegar entre os oito melhores colocados da competição nacional, o time da capital paulista contou com grande temporada do ala Shamell. Grande cestinha do campeonato, com média de 20,8 pontos por jogo, o ala norte-americano foi o único jogador a atingir 20 ou mais pontos em 20 partidas no NBB 2013/2014.

“Nossa temporada foi muito boa, a parte mais difícil foi a eliminação nas oitavas de final do NBB para Mogi. Acho que poderíamos ter chegado muito mais longe na competição, porém Mogi está provando que apesar de ser a 12ª colocada, é um time muito forte”, disse Mortari.

Shamell viveu grande temporada e deixou o NBB com a melhor média de pontos por jogo (Ricardo Bufolin/ECP)

Shamell viveu grande temporada e deixou o NBB 6 com a maior média de pontos por jogo (Ricardo Bufolin/ECP)

Em meio a tantos jogos e algumas lesões de jogadores importantes, como Paulinho, que sofreu séria lesão no joelho logo na estreia da equipe na Liga das Américas 2014, o Pinheiros contou com boa produção de três garotos para se manter entre os melhores das competições que disputou.

Os alas Bruno Caboclo e Lucas Dias e o armador Humberto, todos de 18 anos, mostraram que estão prontos para trilharem gloriosas carreiras entre os profissionais. Destaques do terceiro lugar conquistado pelo clube na LDB 2013, os jovens jogadores apresentaram bons rendimentos quando solicitados por Cláudio Mortari e fizeram bonito.

Humberto aproveitou bem as chances que teve durante a temporada (Samuel Vélez/FIBA Américas)

Humberto aproveitou bem as chances que teve durante a temporada (Samuel Vélez/FIBA Américas)

Humberto em sua primeira temporada entre os profissionais foi um dos destaques da ótima campanha do Pinheiros na Liga das Américas. O atleta atuou como titular em praticamente todos os jogos do time paulista na competição e teve desempenhos marcantes, como os 11 pontos e cinco rebotes anotados na decisão frente ao Flamengo, diante de mais de dez mil pessoas no Ginásio do Maracanãzinho.

“Foi muito importante jogar a Liga das Américas logo no meu primeiro ano. Quando eu fui efetivado para o adulto, acreditava que iria jogar, mas em momento algum passou pela minha cabeça que eu seria titular, jogaria o Final Four e faria bons jogos. Tentei aproveitar a oportunidade da melhor forma possível”, disse Humberto, ala que teve média de 19,2 minutos em quadra na Liga das Américas.

“Sabia que o Pinheiros disputaria grandes torneios, sabia que cada torneio teria um jeito diferente de jogar, as defesas mudam, os jogadores também, isso é só mais um desafio que nós temos. Agradeço muito o Clube Pinheiros por ter me dado a oportunidade de passar por isso”, completa o garoto.

Depois de se destacar na LDB, Caboclo ganhou mais espaço na equipe adulta e fez bons jogos (João Pires/Divulgação)

Depois de se destacar na LDB, Caboclo ganhou mais espaço na equipe adulta e fez bons jogos (João Pires/Divulgação)

Por sua vez, Caboclo, outro novato do elenco pinheirense, provou que o desempenho conquistado na LDB não foi por acaso. No campeonato Sub-22, somou médias de 14,5 pontos, 6,8 rebotos e 2,4 tocos por jogo, o ala, de 2,03m de altura, também teve grandes atuações entre os adultos. Uma delas também foi durante a Liga das Américas, quando marcou 24 pontos na vitória do Pinheiros sobre o Bambuqueros (COL), na primeira fase.

Mais experiente do que seus colegas, Lucas disputou sua terceira temporada no NBB. Com um pouco mais de minutos, o garoto viveu seu melhor ano e teve seu auge na série de oitavas de final. Nas quatro partidas frente ao Mogi, o camisa 14 registrou boas médias de 10,0 pontos e 4,5 rebotes por partida.

“É indiscutível que os três são muito promissores e podem ser jogadores de Seleção Brasileira. Sempre passei para eles estarem preparados para jogar e eles foram bem quando solicitados. Cada um teve um grande momento e agora eles têm que lutar para que isso não seja apenas uma fase. Eles já sabem o caminho e tenho certeza que eles ainda darão muitas alegrias para o basquete brasileiro”, elogiou Paulinho.

Lucas Dias viveu seu auge na temporada na série de oitavas do NBB contra Mogi (Ricardo Bufolin/ECP)

Lucas Dias viveu seu auge na temporada na série de oitavas do NBB contra Mogi (Ricardo Bufolin/ECP)