#JOGAJUNTO

NBB Caixa

Está apenas começando

07-05-2013 | 04:49
Por Liga Nacional de Basquete

Vibração e superação marcaram a temporada de estreia do Basquete Cearense, primeiro time do Nordeste a participar do NBB; confira a trajetória e os destaques

Primeiro time nodestino a participar do NBB, o Basquete Cearense gravou seu nome na história do NBB (Jarbas Oliveira/Divulgação)

Inesquecível. É desta maneira que pode ser definida a temporada 2012/2013 para o SKY/Basquete Cearense, primeiro time da Região Nordeste a participar do NBB. Motivo de enorme orgulho para toda a população nordestina, a equipe de Alberto Bial deu apenas o primeiro passo de uma história que tem tudo para ser gigante.

Além dos cearenses, outros três times fizeram suas primeiras participações no campeonato nacional, são eles Palmeiras, Suzano e Mogi das Cruzes/Helbor. Dentre os calouros da competição, os nordestinos obtiveram o melhor resultado: terminaram  a fase de classificação no 8º lugar, com 18 vitórias em 34 partidas (52,9% de aproveitamento) – único dos caçulas a ficar entre os 12 primeiros e se classificar para as Finais.

“Foi tudo muito envolvente. Eu me envolvi com o projeto de uma tal forma que eu não tinha limites de horários de trabalho, trabalhamos todos os dias o dia inteiro. Foi uma coisa muito rara que aconteceu para mim, como uma coisa que a gente gosta, que a gente ama fazer. E além disso, conseguimos escolher as pessoas certas para isso, que também se envolveram muito e foram importantes para que tudo desse certo. Eu digo que foi um momento muito bacana da minha vida. Eu queria ter chegado mais longe no campeonato, o que infelizmente não deu, mas continuamos de cabeça erguida”, analisou o técnico Alberto Bial.

Um dos fatores que ajudaram na boa adaptação do Basquete Cearense ao complicado campeonato nacional foi a formação de um elenco altamente experiente e capacitado para lidar com situações difíceis, como a estreia em uma competição tão complicada quanto o NBB.

Os experientes Matheus, Drudi e Rogério, formaram uma boa base no elenco do Basquete Cearense (João Pires/LNB)

A média de idade do esquadrão do Estado do Ceará foi uma das maiores da quinta edição do campeonato (28,7). Jogadores como o armador Matheus, de 33 anos, o pivô Drudi, de 31, Felipe, de 33, e principalmente Rogério, de 42 anos, o atleta mais velho em atividade no NBB, compuseram o plantel comandado por Alberto Bial, que foi eliminado nas oitavas de final pelo Paulistano/Unimed, por 3 a 2, perdendo o quinto e decisivo jogo, em casa, por apenas um ponto de diferença (69 a 68).

“Esses jogadores foram essenciais. Nesse elenco mais experiente, todos eles já sabiam da dinâmica e da necessidade de um trabalho em equipe. Foi tudo muito rápido, não tínhamos outras competições para desenvolver nosso time, nós aprendemos a jogar durante o NBB. Portanto, eles foram fundamentais para o nosso sucesso. Mas outro fator importante, é que além deles terem experiência, são atletas de enorme caráter. Eles se doaram de uma forma muito legal, acabou se formando uma coletividade muito grande, o que fez com que atingíssemos um ponto ideal na nossa equipe”, disse o treinador.

Felipe Ribeiro, aliás, pode ser considerado um dos grandes responsáveis pela excelente temporada que o Basquete Cearense desempenhou. O ala/pivô encerrou o campeonato como cestinha da equipe, com média de 15,0 pontos por jogo. Mas foi nos rebotes que o atleta obteve o maior destaque, pois esteve na liderança do fundamento por diversas rodada, e terminou o com média de 8,4 por duelo. Outra grande prova do brilho do jogador foi sua alta média de eficiência que tinha. O camisa 33 do time nordestino terminou a fase de classificação na liderança do fundamento, com média de 22,5 de valoração.

“Para mim foi um grande orgulho fazer parte de um time do Nordeste, Fazer parte de um projeto grande como este, que tem tudo para fazer história no basquete. Fui muito feliz nesta temporada, conseguimos formar um grupo vitorioso. Consegui jogar em alto nível, desempenhar um bom papel. Tínhamos um grupo fechado , muito unido, e isso foi essencial”, falou Felipe.

Tocos, roubadas de bola, enterradas, energia, vibração. Tudo isso fez parte do repertório de Felipe Ribeiro na temporada 2012/2013 do NBB, grande motivo para a torcida cearense ir ao delírio e sacudir as estruturas dos ginásios em que jogaram. O jogador julga a relação dele com o público como uma espécie de ‘amor à primeira vista’.

“O carinho com a gente foi sensacional. O povo cearense se apaixonou pelo basquete, está apaixonado pelo Basquete Cearense. E o carinho deles comigo foi algo que eu não vi em nenhum lugar, meu estilo de jogo pode ter ajudado um pouco nisso. Foi tudo muito especial, foi como um amor à primeira vista. Eu tento retribuir da melhor forma, ajudar meus companheiros sempre, sempre com muita raça, seja com tocos, enterradas, me jogando nas bolas, é o que a torcida gosta de ver”, declarou Felipe.

Raça e dedicação são algumas das marcas do ala/pivô Felipe Ribeiro (João Pires/LNB)

Assim como Felipe, o técnico Alberto Bial não poupou elogios para a torcida cearense, que abraçou a equipe durante todo o campeonato. Alguns números podem mostrar um pouco da paixão do público para com o time. Na fase de classificação, a equipe jogou a maioria dos jogos no Ginásio da UNIFOR, um ginásio menor, mas que levou em média 2.577 pessoas às partidas. Já nos playoffs, a casa oficial do Basquete Cearense passou a ser o Ginásio Paulo Sarasate, que tem capacidade para 10.000 torcedores, e com isso, a média de público quase triplicou, passando a ser de  aproximadamente 7.800 pessoas.

Somando estes expressivos números, a média geral de público da equipe do Ceará foi de 3.373 por jogo, a maior da quinta edição do NBB. Para o treinador Alberto Bial, mesmo com a eliminação nas oitavas de final, conquistar a torcida pode ter sido a maior das vitórias do time nesta temporada de estreia.

“Eu considero a torcida como a maior vitória de todas as que tivemos. O sentido de paixão que se criou em relação a nossa equipe, uma torcida apaixonada, como se fosse um time de futebol. Nosso time ficou querido, aquele que as pessoas gostam de ver. Jogamos em um ginásio que ficava sempre lotado, depois lotamos partimos para um maior (Ginásio Paulo Sarasate) e conseguimos lotá-lo umas três vezes. Então eu acho que precisamos continuar, não podemos parar”, comentou Bial.

A paixão do público pelo basquete é algo que ainda pode, e vai crescer muito graças ao projeto do Basquete Cearense, que não fica apenas nos jogos do time, e sim, no crescimento da modalidade do estado do Ceará e na Região Nordeste.

“Eu acho que o basquetebol no Nordeste vai se fortalecer muito. Vai ser um grande polo que vai formar uma grande gama de jogadores. É uma região que o povo tem as características de esportistas. É muito fácil de detectar talentos para diversas modalidades, não só para o basquete. É uma região que tem o biotipo do atleta, de estatura boa para o basquete. E além disso, vai ser um produto de contagiante, o que fará com que as empresas invistam no basquete, vai ser uma região muito rica e valorizada no nosso esporte”, afirmou o técnico do time cearense.

Ainda há muito a ser feito, e com certeza, o elenco da temporada 2012/2013 escreveu apenas a primeira página de uma história que tem tudo para ser repleta de conquistas em sua trajetória, que está apenas começando.

“O que tenho a dizer para o torcedor é ‘muito obrigado’. Sabemos das pretensão deles, o que eles querem com a gente na próxima temporada e vamos nos preparar muito bem para que a gente possa ter uma colocação melhor ainda do que tivemos neste NBB 5”, finalizou Bial.

Para os torcedores, Alberto Bial só teve a agradecer. Aos adversários, o que fica é um "nos vemos na próxima temporada" (João Pires/LNB)