HOJE
GenuinamenteBrasileiro
Por Marcel Pedroza
Dificuldades, superação, humildade e VITÓRIAS: a trajetória de Didi é daquelas que emociona e inspira
Esse é um relato pessoal e posso garantir que quem viu Didi subir ao palco do Draft da NBA após ser escolhido na 35ª posição pelo New Orleans Hornets não sabe tudo o que ele passou até chegar ali.
Em um dos momentos mais marcantes da minha vida profissional, durante a produção do vídeo “A Melhor Jogada de Natal”, realizado em dezembro de 2018, tive a oportunidade de fazer uma rápida, porém intensa, imersão na vida da família de Didi e a história é realmente digna de filme. Assista ao vídeo e tente não se emocionar.
A maior parte da família vive na pequena e pacata cidade de Cachoeiro do Itapemirim, que fica a 139km da capital capixaba Vitória. Foi lá onde Didi nasceu, cresceu e iniciou sua trajetória como jogador de basquete.
Em uma pequena casa num bairro humilde da cidade, Didi viveu toda sua infância ao lado da mãe Rosane, do padrasto Riva (que ele faz questão de chamar de pai), do irmão João Pedro e da avó Tereza. Na casa de baixo, há poucos metros, moram sua tia e duas primas. Outro tio também reside na região.
Sua mãe sempre fez o possível e o impossível também para dar uma vida digna para seus filhos. Com energia de sobra, Dona Rosane sempre ficou na cola de Didi e seu irmão para garantir que o caminho seguido fosse o correto. Coruja como uma boa mãe brasileira, Rosane esteve com Didi em Nova York e comemorou de perto a conquista do filho, ou melhor sua também.
O basquete surgiu na vida de Didi aos dez anos. O esporte da bola laranja caiu como uma luva na vida dele e de seu irmão que tinham poucas opções de se divertirem em Cachoeiro de Itapemirim. As aulas na LUSB, projeto social em que Didi começou a jogar, passaram a ser prioridade na vida dos dois e a paixão pelo basquete começou a crescer.
+ Didi se emociona após ser escolhido e dedica momento especial à família
Só que como nada vem fácil, a família precisou lidar com uma situação bastante delicada bem nesse momento. Quando Didi tinha 11 para 12 anos, seu irmão acordou num dia sem conseguir se mexer e, dias depois, foi diagnosticado com uma rara doença chamada Síndrome de Guillain Barré. Por quase quatro anos, ele ficou sem o movimento das pernas.
Durante todo esse tempo, Dona Rosane teve que dividir a atenção entre as consultas e viagens que precisava levar João Pedro na busca pela cura da doença e o filho caçula que ficava em casa sob os cuidados da avó. Mas essa história de superação – hoje o irmão de Didi está completamente recuperado – fez a família ainda mais forte e deu um gás extra para Didi ir atrás de seus sonhos.
Durante os dias difíceis, o mais novo brasileiro na NBA prometeu que honraria o nome de seu irmão, que foi o responsável por levá-lo pela primeira vez aos treinos na LUSB. Por tudo o que passou e por todas as dificuldades que a vida impôs, cada conquista de Didi é celebrada com muito orgulho pela família. A escolha no Draft da NBA foi, certamente, a mais importante e a que levou o sobrenome Louzada para o mundo. Mas a alegria dentro de casa já vinha a cada passo dado pelo garoto em solo nacional também.
Desde que chegou em Franca, em 2015, ainda com 15 anos, Didi não parou de dar orgulho para a família. Títulos e convocações para seleções brasileiras na base, chegada ao profissional do Sesi Franca, atuações destacadas no NBB CAIXA, convocação para a Seleção Brasileira profissional, conquistas individuais. Quanto orgulho o garoto não deu a seus familiares durante os quatro anos na “capital do basquete”.
Durante as Finais do último NBB CAIXA, a família marcou presença em todos os jogos, mesmo com longas viagens de carro até Rio de Janeiro e Franca. Uma mostro de que a união familiar é um dos grandes pilares da já gloriosa carreira de Didi.
Só que nem tudo foi alegria para Didi nos últimos meses. Vivendo o momento mais importante de sua vida, com o Sesi Franca nas Finais do NBB CAIXA e há poucos dias de realizar o sonho de chegar à NBA, o garoto teve que conviver com uma perda irreparável. Sua avó Tereza faleceu poucos dias antes do Jogo 1 da decisão do NBB e abalou os corações da família. Tanto é que Didi fez questão de lembrá-la logo em sua primeira entrevista pós-Draft.
Mãe de seis, avó de dez e bisavó de três, Dona Tereza deixou seu legado com uma família cheia de respeito, educação, humildade e vontade de vencer na vida. Sua relação com Didi era especial – e isso não é segredo para ninguém da família. Desde seu nascimento, a avó “mimou” o neto e, inclusive, foi a responsável por dar o apelido que o garoto carrega até hoje. Não à toa, o garoto fez questão de lemb
Ainda com a indecisão sobre qual nome teria o segundo filho de Rosane, Tereza decretou logo após segurar o neto no colo pela primeira vez: “você pode dar o nome que quiser, mas esse aqui é o Didi da vovó”.
Lá de cima, Dona Tereza deve ter festejado muito o que aconteceu na noite desta quinta. Agora ele não é só mais o “Didi da vovó”, mas é sim o “Didi do Brasil”, que com uma história genuinamente brasileira mostrou que força de vontade, superação e uma boa base familiar podem ser os ingredientes necessários para atingirmos nossos sonhos.
Voa, Didi! Estaremos sempre aqui para acompanhar e festejar, quase que como membros da família, cada vitória que você conquistar.