HOJE
#OffseasonMarcelinho
Por Liga Nacional de Basquete
Estreando novo quadro do portal LNB, Marcelinho Machado fala sobre eliminação do Flamengo, longevidade, aposentadoria e planos futuros
Durante o período sem competições oficiais em vigor, o portal da LNB preparou um quadro especial de entrevistas exclusivas, chamado #Offseason – que em português significa “fora de temporada”. Nele, os participantes farão um balanço sobre a temporada que passou e projetarão os próximos passos em seus respectivos clubes, além de falar sobre férias e lazer na offseason.
E o primeiro entrevistado é ninguém menos que Marcelinho Machado. Falar sobre seu vasto e glorioso currículo é como “chover no molhado”. São cinco títulos do NBB CAIXA, dois troféus de MVP, dois de Melhor Ala, três de Cestinha, um de Sexto Homem, 5460 pontos (2º da história), 926 bolas de 3 pontos (líder histórico).
Pela Seleção Brasileira, Marcelinho é o recordista em participações em Copas do Mundo do basquete brasileiro, com cinco (1998, 2002, 2006, 2010 e 2014). Além disso, disputou os Jogos Olímpicos de Londres 2012 e foi tricampeão Pan-Americano (1999, 2003 e 2007) – entre tantas outras conquistas.
Em 2016/2017, Machado finalizou sua nona temporada no NBB CAIXA de uma maneira atípica: vendo o Flamengo, líder da fase de classificação, ser eliminado nas quartas de final, de virada (3 a 2), para o Pinheiros. Aos 42 anos, o experiente jogador foi o segundo cestinha da equipe rubro-negra, com média de 14,8 pontos em aproximadamente 28 minutos por partida.
No bate papo exclusivo com a LNB, Marcelinho falou sobre a eliminação precoce para o Pinheiros nas quartas e ainda projetou a próxima temporada, que, segundo ele, será a última como atleta profissional. Ainda por cima, comentou sobre planos para o futuro e o lazer durante o período de offseason. Confira e deixe seu comentário nas nossas redes sociais.
Confira o bate papo exclusivo com Marcelinho Machado no quadro #Offseason:
LNB: Como você analisa essa temporada que, querendo ou não, foi atípica para o Flamengo?
Marcelinho: É difícil fazer uma análise da temporada toda. Na verdade, eu poderia fazer uma análise até o segundo jogo das quartas de final contra o Pinheiros, em que estava tudo dentro do planejado. Jogamos o Campeonato Carioca com alguns problemas de lesão, mas fomos campeões. Depois tivemos a notícia que não disputaríamos a Liga das Américas, o que pegou todos de surpresa, pois era nosso foco do primeiro semestre. Fizemos um bom NBB. Tivemos um corte no orçamento do time, o que é natural pelo momento que o Brasil vive, então tivemos menos jogadores adultos, e alguns deles se lesionaram logo no início. Então jogamos na base da superação durante um tempo. Aquele jogo de abertura contra o Bauru já foi bastante importante, pois sabíamos que era um adversário que iria brigar com a gente lá na frente. Estávamos com vários desfalques, mas começamos com vitória e nos mantivemos na liderança durante boa parte do campeonato. Já na série contra o Pinheiros, conhecendo minha equipe, creio que realmente não houve nenhum tipo de relaxamento. Lutamos por todas as vitórias. O Pinheiros foi valente, principalmente por vencer o Jogo 3 aqui no Rio. No Jogo 4 fomos muito bem e mesmo assim eles foram melhores. O Jogo 5 foi bem tenso, com muitos erros para os dois lados, placar baixo e atípico na série, e acabamos perdendo.
LNB: Qual a lição que fica depois dessa eliminação no NBB? E não foi só o Flamengo, mas Mogi, Brasília, Franca também caíram em casa…
Marcelinho: Talvez a lição que fique é que todos têm sempre que estar preparados para os desafios. Não tem essa de estar, primeiro, oitavo, décimo, ter o jogador A, B ou C, pois ninguém ganha jogo de véspera. Essa é a lição que não só eu, mas todo o elenco do Flamengo, deve tirar dessa temporada.
LNB: Em 2015/2016 você atuou como reserva e inclusive foi eleito o Sexto Homem daquele NBB CAIXA. Nesta edição, foi segundo cestinha do Flamengo e teve média de 27,7 minutos por jogo, isso com 42 anos. Qual é o balanço que você faz da temporada individualmente?
Marcelinho: Quando iniciei a temporada passada a expectativa era sair do banco de reservas, jogar meus 20, 25 minutos, como eu havia feito, e muito bem, na temporada anterior. Por circunstâncias e lesões, acabei sendo titular e tive uma ótima performance. Ficamos em primeiro na fase de classificação, fui segundo cestinha, líder em assistências do time, fui votado para o Jogo das Estrelas, coisa que não acontecia há algum tempo, e acabei sendo titular até o fim da temporada com uma média de minutos acima do esperado por todos, por mim e pelo Flamengo.
LNB: Mesmo com essa satisfação no aspecto individual, ficou um gosto amargo com a eliminação?
Marcelinho: Foi uma temporada satisfatória, mas não gosto de fazer análise individual, pois é um esporte coletivo. Como time, tivemos uma queda significativa no playoff. Embora tenhamos aberto 2 a 0 contra o Pinheiros, não estávamos jogando nosso melhor basquete. O Pinheiros soube usar isso ao seu favor para virar a série. Naquele momento, como grupo, não fomos bem. Você pode ver a temporada inteira, mas o que vale é o resultado final. Fomos eliminados nas quartas de final, então pode se dizer que foi uma temporada ruim para o Flamengo. Não foi um resultado esperado por esse time e foi inédito para o Flamengo, que havia chegado a todas as semifinais do NBB.
LNB: Qual você acha que foi o momento mais marcante da temporada?
Marcelinho: Acho que, negativamente, foi a eliminação para o Pinheiros em casa. O ginásio estava cheio e estávamos muito confiantes na vitória. Positivamente foi a abertura do campeonato em Bauru. Vencemos na prorrogação, nosso time com alguns jogadores lesionados, foi um momento muito importante para o time buscar a liderança. Individualmente, foi um jogo contra Campo Mourão, em que tive uma performance muito boa e fiz 25 pontos em oito minutos no terceiro quarto.
LNB: Qual é o segredo dessa longevidade toda? São pouquíssimos atletas no mundo que chegam aos 42 anos e ainda jogando em alto nível…
Marcelinho: Não tem segredo. Tive poucas lesões sérias na minha carreira. Só fui ter a minha primeira lesão mais séria com 37 anos. Sempre gostei de trabalhar a parte física, cuidar do corpo e da alimentação. Foi um cuidado que tive principalmente depois que percebi o que era realmente necessário para jogar em alto nível. E acho que meu biotipo também ajuda, sou magro, não carrego muito peso. Para os jogadores mais pesados deve ser mais difícil jogar por muito tempo, pois a exigência nas articulações acaba sendo maior
LNB: A pergunta que não quer calar e todos querem saber: até quando você joga, Marcelinho?
Marcelinho: Minha intenção é jogar meu último ano pelo Flamengo e encerrar minha carreira. Estamos conversando, mas essa é a minha intenção.
LNB: Quais são os planos para depois que você parar de jogar? Pensa em continuar no basquete?
Marcelinho: Penso em continuar em volta do basquete, sim. Quero experimentar algumas posições para entender em qual delas vou me sentir mais feliz e produtivo. Mas com certeza quero alguma coisa envolvida com o basquete
LNB: O que gosta de fazer nas horas vagas? E olha que durante a temporada são poucas essas horas vagas…
Marcelinho: Gosto muito de ir ao cinema com minha esposa e com meus filhos. Gosto muito de fazer churrasco em casa, receber os amigos. Também gosto muito de ir à praia, entre outras coisas, é claro…
LNB: Nesse período de offseason, o que você tem feito e o que planeja fazer antes de voltar aos treinamentos no Flamengo?
Marcelinho: Fora de temporada estou sempre me cuidando. Gosto de praticar outros esportes, como futebol, tênis, vôlei de praia, o que estiver mais acessível para mim. Gosto de fazer academia, correr, e com isso eu consigo me cuidar e estar com 42 anos me sentindo muito bem fisicamente.