Pela porta da frente

Multi-campeão com o Bauru, Murilo faz carta emocionante de despedida do time paulista (Gaspar Nóbrega/FIBA Américas)

Nada é eterno no mundo físico, mas as lutas, conquistas e vitórias alcançadas ficam para sempre na história. Ao longo de três temporadas, a imagem de Murilo refletiu exatamente isto. Lutas, conquistas e vitórias. Com o Bauru/Basket, o experiente pivô passou por muitos momentos difíceis, muitas derrotas, mas também por diversas alegrias e títulos históricos para cidade paulista.

O pivô chegou a cidade em 2013, após fazer temporadas espetaculares tanto no Decisão Engenharia/Minas, quanto no São José Basketball. Quando chegou ao Bauru, o time passava por uma reformulação, esperando atingir outro patamar no cenário nacional e internacional do basquete.

Em sua primeira temporada, o Bauru manteve grande parte da base dos anos anteriores e Murilo foi um dos principais destaques do time no título do Campeonato Paulista. Com médias de 15,6 pontos e 7,8 rebotes, o pivô foi um dos responsáveis por levar os bauruenses até as quartas de final do NBB CAIXA, derrotados pelo CR Flamengo, por 3 a 1.

Na edição de 2014/2015 a equipe passou por severas mudanças. Reforços de peso foram contratados, como Alex Garcia, Rafael Hettsheimeir, Robert Day e Jefferson, e o Bauru pela primeira vez em sua história liderou o NBB CAIXA na fase de classificação, com a melhor campanha da história (28 vitórias e duas derrotas). Infelizmente, para os bauruenses, o título não veio, novamente derrotados pelo rubro-negro, desta vez nas Finais, por 2 a 0.

Apesar de não chegar ao título do NBB CAIXA, o Bauru conquistou absolutamente todos os outros troféus possíveis naquela temporada. O time foi, novamente, campeão do Campeonato Paulista, da Liga Sul-Americana (com vitória sobre o Mogi das Cruzes/Helbor na final) e da Liga das Américas, ao bater o Pioneros (MEX) na decisão.

A temporada passada começou com a disputa do título do Mundial Interclubes, contra o Real Madrid, que o Bauru acabou perdendo por muito pouco. Depois, a equipe teve o privilégio de fazer dois amistosos pela pré-temporada da NBA, diante do New York Knicks, em pleno Madison Square Garden, e Washington Wizards.

No NBB CAIXA, Murilo sofreu com diversas lesões ao longo da competição, impedindo um rendimento estável dentro das quadras. Apesar disto, o pivô batalhou para estar em mais uma decisão com o Bauru. Nas Finais, a equipe paulista perdeu o primeiro duelo em casa, e quando tudo parecia perdido, achou forças para voltar para a série. Depois de um grande Jogo 4, os bauruenses foram derrotados no quinto e decisivo duelo e adiaram o tão sonhado título da competição.

Mesmo sem o título do NBB CAIXA, Murilo teve trajetória muito vitoriosa com o Bauru (Fotojump/LNB)

Confira na integra a carta de despedida do jogador:

OBRIGADO, BAURU!

Muitas vezes não paramos para pensar no sentido e na importância da palavra OBRIGADO. Mas neste momento posso dizer que o meu OBRIGADO vem do fundo do coração.

Em minhas mídias sociais sempre chamei o apaixonado torcedor bauruense: “Vamos, Bauru!”, “É hoje, Bauru!”, “Vamos juntos!”, “GO Bauru”. E hoje, com muita alegria, digo OBRIGADO, PASCHOALOTTO/BAURU!

Foram três anos mágicos não apenas de basquetebol. Foram três anos de vida, de algumas vidas. Em Bauru, sorri, chorei, me contundi, sofri, me recuperei, busquei, lutei! Lutei sem jamais desistir, pois sabia, ouvia, lia e sentia todas as palavras de apoio de uma cidade apaixonada pelo basquete… E que adotou o ser humano Murilo Becker.

Juntos, sofremos para chegar ao topo. No NBB, a busca pelas finais. E por pouco a taça não veio… No Paulista fomos bi, comemoramos a Sul-Americana, conquistamos a América e por pouco o a taça do Mundial não veio parar na “Sem Limites”. Sim, porque não há limites para sonhar. Sonhamos com tudo o que vivemos. A diferença é que tivemos você, torcedor bauruense, ao nosso lado. Por isso os sonhos se realizaram! OBRIGADO, BAURU!

Despeço-me do time de Bauru ciente de que ele contribuiu muito para o basquete brasileiro. Assim, meu respeito e carinho se mantêm, assim como a eterna gratidão.

Murilo teve três temporadas marcadas por lesões, luta e muitos títulos com o Bauru (Caio Casagrande/Bauru Basket)