HOJE
O CÉU É O LIMITE!
Por Gabriel Rocha
Multicampeão aos 22 anos, Rafael Rachel é símbolo de superação e foi peça essencial da trajetória do Flamengo na LDB 2022
A equipe do Flamengo lutou até a última partida para chegar à classificação para a fase final do Campeonato Brasileiro Interclubes – Liga de Desenvolvimento de Basquete 2022, entretanto, o rubro-negro carioca ficou de fora dos quatro primeiros colocados do Grupo A pelo critério de desempate com seu rival direto na tabela, o Praia Clube. Mesmo assim, os flamenguistas fizeram campanha que deve ser reconhecida no maior campeonato de base do Brasil e Rafael Rachel foi uma das peças importantes para as conquistas das sete vitórias em dez jogos do Flamengo na atual edição da competição.
Após ser campeão de literalmente tudo com o elenco profissional do Flamengo na temporada 2020-2021 (NBB, Super 8, BCLA, e Mundial), Rachel tinha uma difícil missão neste ano: ser o jogador mais velho de uma das equipes mais jovens da LDB, afinal, o elenco do Flamengo tem média de 19 anos em um campeonato sub-22.
Com duplo-duplo de média por jogo – 13.9 pontos e 11.0 rebotes, além de 17.9 de eficiência -, o ala/pivô atingiu seus melhores números da carreira em LDBs na edição 2022 do campeonato. Fora as atuações individuais de Rachel, o elenco flamenguista atingiu o segundo maior número de bolas de três pontos convertidas em uma única partida da história da Liga de Desenvolvimento (19) e obteve vitórias expressivas, como a quebra da invencibilidade da equipe do Pinheiros na competição, partida a qual Rachel teve grande desempenho com 20 pontos, 14 rebotes e 17 de eficiência.
”Por ser o mais velho do time, tento ajudá-los ao máximo. É um time sub-19 disputando uma competição sub-22, mas cada um que está aqui sabe o que passou. A dedicação deles nos treinos e nos jogos, além de poder estar do lado deles é muito importante. Estou muito feliz de estar no meio dessa rapaziada e poder ajudar com as experiências que já passei”, comentou Rachel.
Mas para chegar ao status de líder do Flamengo no maior campeonato de base do país, a caminhada de Rachel não foi fácil. Nascido em Sumaré (SP), seu talento para o esporte da bola laranja foi descoberto por uma técnica de educação física na escola em que estudava, porém, aos 8 anos, o jovem apenas praticava o esporte ‘por praticar’, sem muito interesse em continuar futuro. Tudo mudou quando Rachel, infelizmente, passou pelo falecimento de seu pai e o basquete ‘o abraçou’, uma saída para um garoto de 9 anos de idade que passou por uma situação devastadora.
”Comecei a jogar com 8 anos. Estudava em uma escola que tinha aula de basquete toda sexta-feira e a professora também era técnica do Corinthians na época. Uma vez ela me viu passando pela escola, falou com a minha mãe e eu comecei a praticar o basquete, mas sem interesse nenhum, só por fazer. Quando eu completei 9 anos, perdi meu pai. O basquete veio e me abraçou, comecei a participar dos jogos que o clube fazia na época, alguns mini-campeonatos.. até que em 2012, me federei pelo Corinthians”, contou o ala/pivô.
A partir do momento em que atingiu a federação, os acontecimentos em sua vida apareceram com rapidez e o basquete já era uma realidade para o jovem jogador. Em 2015, vestindo as cores do Pinheiros, Rachel se destacou e já figurava como um dos jogadores com maior potencial de sua geração. No ano de 2017, uma lesão grave no pé e no tornozelo o tirou das quadras por algum tempo, porém, a recuperação foi rápida e, no ano seguinte, uma equipe espanhola chamada Basconi entrou em contato com o jogador.
”No final deste ano, fui fazer um treino no Basconi, da Espanha. Eles gostaram de mim e no começo de 2018, fiquei sabendo que eles me queriam por lá. Me interessei, junto com a minha mãe e minha família. Somos cristãos e oramos pedindo direção a Deus, e Ele abençoou. Em fevereiro de 2018 eu já estava jogando pelo Basconi. Cheguei no meio da temporada, treinava com o adulto e jogava com o time júnior”, lembrou Rachel.
Apesar da grande expectativa do jogador em entrar em quadra por um clube novo e uma liga nova, seu tornozelo voltou a incomodar e a comissão técnica do time espanhol decidiu operá-lo novamente. Como o contrato era de apenas seis meses, o jogador deixou a Espanha perto do término de sua recuperação, o Flamengo entrou em contato com Rachel e o contratou, auxiliando-o para se recuperar 100% e voltar às quadras.
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Já integrado ao elenco flamenguista, Rachel sonhava com uma alavancada em sua carreira, porém, a pandemia do COVID-19 frustrou os planos do jogador. O ponto positivo foi a virada de chave que o período sabático trouxe para Rachel, afinal, no intervalo pandêmico, o jovem teve a certeza de que estava no caminho e queria continuar motivado a seguir seu sonho de se tornar um jogador de basquete consolidado.
”Pude refletir muito na pandemia, eu tenho um sonho de chegar à NBA, EuroLiga… tive a certeza de que era isso que queria pra minha vida e comecei a me virar. Os técnicos nos ajudaram de forma on-line, assisti diversos vídeos. No final de 2020, o Flamengo estava montando o elenco para a temporada e recebi a ligação de que eu assinaria meu primeiro contrato profissional. A partir disso, vivemos a temporada perfeita. Pude ser campeão do NBB, do Super 8… logo de cara chegamos na final da BCLA e fomos vice-campeões, mas depois desse baque, ganhamos tudo. Desde então tenho buscado meu espaço, só tenho a agradecer ao Gustavo de Conti e toda a comissão técnica pois consigo ver a minha grande evolução”.
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São apenas 22 anos e diversas experiências vividas para Rafael Rachel. Para o jovem, dividir quadra com jogadores lendários do basquete brasileiro, como Olivinha e Rafael Mineiro, é uma honra. Além disso, o garoto tem como inspiração um dos maiores campeões do NBB, o ala Marquinhos.
”Olho para um lado e vejo o Mineiro, do outro lado vejo o Olivinha.. são caras que têm uma bagagem legal, muita experiência, campeões e de Seleção Brasileira… só tenho a aprender com eles, puxam a minha orelha quando tem que puxar mas me parabenizam quando faço algo bom e me dão força, por isso são caras que tenho uma admiração enorme”, admitiu Rachel.
Além de conquistas relevantes no âmbito nacional, Rachel também viveu experiência única recentemente, em julho de 2022. O ala/pivô foi convocado por Tiago Splitter para compor o elenco brasileiro na disputa do Globl Jam, torneio internacional sub-23 que reuniu Canadá, Itália e Estados Unidos e teve como campeão a Seleção Brasileira – com isso, Rachel viveu seu primeiro título com o Brasil em sua primeira convocação.
”Minha primeira Seleção, sempre tive um sonho de representar o Brasil e ser comandado por um campeão da NBA não tem preço. Tiago Splitter, super gente boa, bom técnico e inteligente… Estar com aqueles garotos foi bom demais, pois joguei contra muitos e poder dividir quadra com eles, no mesmo time, foi algo muito bom que vai ficar marcado na minha carreira e na minha vida. A competição foi muito boa pra vermos como é o basquete canadense, da Itália.. e também fomos campeões em cima da faculdade de Baylor, do Texas, que tinha bons jogadores mas fizemos nosso papel e aquilo que o Tiago nos propôs pra fazer. Graças a Deus pude sentir na pele o que é ser campeão pelo Seleção Brasileira e se Deus quiser, vou me dedicar para fazer parte da Seleção adulta”, comemorou Rachel.
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Agora, depois de encerrar sua participação na LDB, Rachel voltará a integrar o elenco profissional do Flamengo para a estreia da temporada 2022-2023 do NBB, que terá início no dia 15 de outubro em partida dos flamenguistas contra o 123 Minas.
A LDB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e chancela da Confederação Brasileira de Basketball (CBB). Também conta com o patrocínio oficial da Penalty, e apoio da IMG Arena e Genius Sports.