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A nova cara de um gigante

21-08-2012 | 05:05
Por Liga Nacional de Basquete

O novo presidente do Franca, Marco Calixto, explica os motivos e os objetivos da reformulação total da equipe, com elenco, técnico e até logotipo diferentes

O time de basquete do Vivo/Franca representa para a cidade do interior paulista certamente o mesmo que grandes equipes do futebol nacional para capitais espalhadas pelo país. Uma enorme pressão para quem faz parte do ambiente dessas agremiações, com torcidas fanáticas que cobram resultados e títulos. Imagine então quando uma nova diretoria chega a um clube tradicional pregando uma total reformulação. A repercussão é imediata.

Marco Calixto apresenta um dos símbolos do seu projeto de reestuturação do Franca: o técnico Lula Ferreira (Divulgação)

E foi isso o que aconteceu em Franca. O comando do clube trocou de mãos neste ano. O novo presidente, Marco Calixto, assumiu o cargo prometendo mudanças drásticas na equipe, que teve como melhor resultado no NBB até hoje o vice-campeonato da temporada 2010/2011. “Antes de inscrevermos essa chapa, essa diretoria se reuniu várias vezes e sempre pensou em aplicar essa reformulação total. Queríamos profissionalizar a administração do Franca, focar o trabalho nas categorias de base. É uma reformulação arriscada, ainda não temos resultados para bancá-la, mas era necessária”, explicou.

E assim o novo presidente a fez, alterando quase toda a estrutura, ciente de isso daria o que falar. “Trabalhar no Franca é, sim, muito desgastante. Tem muita pressão. Acredito até que possa ser pior do que nos clubes de futebol. Em São Paulo, há uma divisão da paixão pelos clubes. Aqui, todo mundo é Franca. O povo vivencia o basquete e cobra muito, entende o esporte. Se essa reformulação tivesse acontecido em outro lugar, não estariam a discutindo tanto como aqui. Todo mundo comenta isso em qualquer lugar onde vou, me param para falar sobre isso até na padaria”, comentou.

A nova era do Franca fica evidente já no logo do clube, que foi trocado para essa temporada, escolhido por meio de pesquisa popular. “Queríamos tudo novo, uma renovação completa. Uma nova diretoria, um técnico totalmente diferente, que não foi criado em Franca, e achamos que um novo logotipo também simbolizaria essa nova era”, declarou Calixto, lembrando que esse tipo de iniciativa não chega a ser uma coisa de outro mundo. “Engana-se quem acha que isso é uma coisa que nunca acontece. Na NBA, 99% dos times atualizam seus logos”, ressaltou.

Aí vieram mudanças de impacto. A saída do técnico Helio Rubens e o armador Helinho, muito identificados com o clube. Vários jogadores foram contratados, mas o reforço que mais chamou atenção está no banco: o técnico Lula Ferreira. Essa novidade retrata muito bem o atual momento francano, já que o treinador sempre foi conhecido por ser um notório adversário quando comandava o COC/Ribeirão Preto, que travou uma enorme rivalidade com Franca.

Mesmo que a reação da torcida fosse a pior possível, a nova diretoria não tinha dúvidas: Lula era o técnico ideal para esse momento. “As características de todos os jogadores que contratamos foram muito bem pensadas. A do Lula, então, nem se fala. Seu perfil vinha ao encontro dos nossos pensamentos. A não ser que ele recusasse o nosso convite, era impensável trazer outro técnico”, afirmou Calixto.

O dirigente se referiu ao trabalho de Lula na formação de jogadores. Graças a eles, talentos como Alex, Arthur e Nezinho, que hoje são tricampeões do NBB pelo Brasília, apareceram no cenário nacional. O foco do Franca agora é trabalhar a base do clube. Sem nunca deixar de pensar no carro-chefe, o time adulto.

O novo time de Franca estreou no Paulista com uma vitória elástica de 110 a 57 sobre o América de S.J do Rio Preto (Newton Nogueira/Divulgação)

“Nós nos preocupamos em montar um time que não perdesse a competitividade. É óbvio que temos de entrar em quadra sempre pensando em títulos. Mas as pessoas precisam saber que leva tempo para fazer isso. Mudamos absolutamente tudo dentro do clube, na comissão técnica, no elenco”, disse.

E, por enquanto, a impressão é de que essa mudança total do Franca tem agradado o exigente público da cidade do interior paulista. “Superou as nossas expectativas. No fundo, a população pedia por isso. Eu até acredito que fará os torcedores terem mais paciência com esse time do que se formássemos uma equipe com a política de antigamente. Tivemos mais de duas mil pessoas na nossa estreia no Paulista”, falou Calixto, que, por sua vez, aprovou o desempenho do time, que, no fim das contas, será a via mais fácil para a garantia de sucesso desse projeto ousado.

“Vencemos bem, mas o que me deixou satisfeito nem foi o resultado elástico, mas o empenho dos jogadores, que permaneceu o mesmo do início ao fim. Eles jogaram da mesma forma sempre, isso é importante para que sejamos bem-sucedidos”, concluiu.

O NBB é um campeonato organizado pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a Rede Globo e com patrocínio Eletrobras, Caixa, Penalty e Netshoes.

A torcida, por enquanto, vem mostrando apoio à renovação do Franca e apareceu em bom público no fim de semana (Newton Nogueira/Divulgação)