HOJE
nova fase
Por Liga Nacional de Basquete
Jogador do Memphis Grizzlies fala sobre novo momento da carreira, origem difícil e confronto com MVP da NBA: "muito ansioso para jogar contra ele"
A temporada 2018/2019 foi marcada por uma reviravolta na carreira do ala brasileiro Bruno Caboclo. Aos 23 anos, o jogador conseguiu se firmar na NBA e garantiu um contrato com o Memphis Grizzlies para a próxima edição da maior liga de basquete do mundo. Além disso, estará presente com a Seleção Brasileira na Copa do Mundo da China 2019.
“Esperava coisas boas, meu basquete estava lá e acho que precisava só de uma boa oportunidade para mostrar meu potencial. Acho que o Memphis me deu tempo de quadra e confiou em mim, essa confiança me deixou mais solto para poder jogar meu basquete. Acredito que daqui em diante as coisas só vão melhorar”, afirmou o jogador de 2,06m.
Mas para chegar até aí, o caminho não foi nada fácil. Depois de assinar com o Houston Rockets para um período de treinamentos, Bruno foi dispensado pela equipe em outubro de 2018 e terminou no Rio Grande Valley Vipers, franquia afiliada dos Rockets na G-League (Liga de Desenvolvimento da NBA).
Com o passar do tempo, Caboclo foi ganhando mais espaço na equipe e seus números foram chamando a atenção, com médias de 16,4 pontos, 7,2 rebotes, 3,0 tocos e 43% nos arremessos de 3 pontos nos 28 minutos em quadra por partida. O bom desempenho fez com que recebesse um convite do Memphis Grizzlies para um contrato de dez dias com a equipe.
Esses dez dias se transformaram em mais dez, até que Bruno assinou um contrato em definitivo com a equipe até o fim da temporada 2019/2020. Até aqui, o brasileiro atuou em 34 partidas (uma a menos que o total de suas quatro temporadas anteriores) e teve médias de 8,3 pontos, 4,6 rebotes e 1,0 toco por jogo.
As boas atuações na NBA o colocaram no radar do croata Aleksandar Petrovic, treinador da Seleção Brasileira. Mesmo sem ter participado das Eliminatórias para a Copa do Mundo, Bruno Caboclo foi convocado para o selecionado do Brasil que está se preparando para o mundial que será realizado na China, entre os dias 31 de agosto e 15 de setembro.
“Encaro esse retorno como se fosse minha primeira oportunidade na Seleção. Na última passagem talvez eu tenha sido um pouco imaturo e não conto muito, mas isso é página virada na minha vida. Daqui em diante estarei sempre pronto para dar o melhor e ajudar o Brasil”, afirmou o ala brasileiro.
O treinador Aleksandar Petrovic ainda não teve chance de testá-lo em partidas, mas está gostando do que está vendo nos treinamentos. Para ele, a função exercida por Bruno no Memphis se encaixa perfeitamente no esquema utilizado na Seleção.
“Estou muito ansioso para ver como ele se sairá jogando no 5 contra 5, mas já mostrou muita vontade durante os treinos e está totalmente incorporado ao grupo. Ele jogou os últimos seis meses em Memphis e na Liga de Verão (Summer League) exatamente na função que precisamos aqui na Seleção. Ele pode abrir a quadra, pode penetrar, pode chutar, mas o mais importante é que defensivamente pode fazer muitas coisas. É um jogador completo, mas temos que ter um pouco de paciência para encaixá-lo no nosso sistema ofensivo”, avaliou Petrovic.
Evolução na carreira e confronto com MVP na Copa do Mundo
De origem humilde, Bruno Caboclo teve que batalhar muito para conseguir um lugar no basquete. Desde muito cedo, na cidade de Osasco (SP), o jogador se sacrificou bastante na rotina entre treinamentos e escola, sempre pensando em alcançar coisas boas no futuro.
“Meus pais sempre fizeram tudo por mim. Quando comecei a jogar basquete na infância, acordava às 6h, ia para a escola, não almoçava, ia direto para o treino e só voltava para casa às 20h. Era todo dia essa rotina pesada. Apesar das dificuldades, nunca pensei em desistir, sempre tive meu foco de chegar à NBA, fui colocando metas e tive paciência”, contou Caboclo, que ainda falou sobre o apoio de Ariosvaldo, seu primeiro técnico:
“Não era o melhor do time, mas fui subindo degrau por degrau e tinha uma motivação enorme que superou tudo. O basquete sempre me deixou seguro. O Ariosvaldo, meu primeiro técnico, acreditou em mim desde meu primeiro ano no basquete e foi muito importante na minha carreira. Quando muita gente falava que eu não era bom o bastante ele dizia que eu chegaria à NBA. Depois que ele falou isso eu sempre acreditei, dei o meu melhor e trabalhei muito para chegar à Seleção”, completou Caboclo.
Cria da LDB, em que disputou a edição de 2013, com o Pinheiros, e com 17 partidas no NBB CAIXA 2013/2014, Caboclo foi draftado pelo Toronto Raptors (20ª escolha de 2014), mas não conseguiu desempenhar seu melhor basquete no início.
Hoje, com mais experiência e rodagem pelo basquete norte-americano, o jogador se diz mais preparado, mas com muitas coisas a serem evoluídas ainda.
“Estou preparado e tenho bastante coisa para mostrar ainda. Não acho que esteja no auge da minha forma, mas vou dar meu máximo nos treinos e acredito que vou ajudar bastante o Brasil a conquistar um grande resultado na Copa do Mundo”, afirmou o jogador.
No Grupo F da Copa do Mundo, o Brasil terá como adversários as seleções da Grécia, Montenegro e Nova Zelândia. O desafio mais esperado é o confronto contra os gregos, principalmente pelo confronto com Giannis Antetokounmpo, eleito MVP da última temporada da NBA.
Para Caboclo, enfrentar um jogador desse nível é um grande desafio e o motiva ainda mais para fazer um bom papel em quadra.
“É claro que ele é um dos melhores da liga e foi eleito o MVP da temporada passada, mas o trato como qualquer outro jogador. Enfrentá-lo será um grande desafio para mim, estou muito motivado e muito ansioso para jogar contra ele”, finalizou.