HOJE
Prancheta do Gustavinho:Entusiasta do basquete coletivo
Por Gustavinho Lima
Na resenha desta edição, analisamos o fundamental papel de assistentes técnicos dentro das equipes do NBB
Sou um entusiasta do basquete coletivo! Vibro quando a bola circula de mão em mão achando um homem livre para o arremesso. Posso dizer que às vezes prefiro uma boa troca de passes seguido de um arremesso errado, do que uma bola forçada e convertida.
Me chamem de louco! Explico.
Claro que a cesta e a individualidade têm seu valor e há jogadores capazes de decidir o jogo no 1×1, mas a construção de um ataque onde todos respeitam seus espaços e a equipe funciona a fim de criar uma boa seleção de arremessos é muito mais contagiante. Além de desgastar defensivamente o adversário, promove um ambiente de confiança mútua.
Isso não significa que todos irão arremessar o mesmo número de bolas. Não! O importante é reconhecer o seu papel na equipe. Aqui no personagem da semana quero tentar dar ênfase a todos que fazem a engrenagem de um time funcionar. E não só dentro de quadra!
O meu personagem da semana, muitas vezes não é visto nem lembrado. O que é injusto, pois muitas vezes esse é um dos profissionais que mais trabalham numa equipe de basquete. Um time vencedor raramente tem sucesso sem o seu suporte, mesmo sem quase nunca entrar em quadra.
Mesmo após as vitórias, não recebe o devido crédito. É o braço direito do treinador, mas dificilmente recebe um elogio público. Estou falando do assistente técnico. Sim, aquele que muitos não sabem nem o nome, mas que vai dormir todo santo dia às duas da madrugada (ou mais tarde) editando vídeos.
Prepara treinos, estuda os números do seu time e esboça os scouts dos adversários. É o primeiro a chegar ao treino para ajudar em treinamentos específicos e o último a deixar a quadra para ajudar a pegar rebotes para as estrelas da equipe.

A parceria entre o auxiliar e o treinador é fundamental para o sucesso de um time. Foto: Bauru Basket
A parceria entre o auxiliar e o treinador é fundamental para o sucesso de um time.
Na troca do dia a dia, o assistente deve levantar questões com o comandante a fim de bolar um sistema de jogo mais bem elaborado. A comissão técnica esmiuça a estratégia e as táticas dos rivais. Tudo é analisado e traçam o caminho a ser seguido pelos jogadores.
O assistente então passa o vídeo e as informações mastigadas para cada componente do time. Ele não reclama, é o trabalho dele, e no dia seguinte volta a ser o primeiro a chegar no treino e o último a sair.
Falei que raramente entram em quadra pois às vezes o assistente não se aguenta na beira da quadra. Estudou tanto os números quanto as possibilidades que antevê as jogadas. Querendo ajudar, joga junto e acaba ultrapassando as quatro linhas e literalmente invade a quadra.
No jogão desta semana entre Bauru x Flamengo, atento aos sinais e cada jogada cantada pelos armadores do Flamengo, dava para observar o assistente técnico Rodrigo Silva levantar do banco, gritar e gesticular qual seria o movimento rubro negro. Em pé, a energia era tanta que não há como dizer que ele não “entrou em quadra” para defender as cores do Dragão.
No fim da peleja com vitória de Bauru, foram enaltecidos e com todo o mérito o “mutante” Alex Garcia com uma partida sobrenatural, o armador argentino Machuca pelos passes desconcertantes, Fuzaro pela sólida defesa, Gemerson por ter sido uma ótima contratação da diretoria, o coach Guerrinha pela estratégia jogando no “small ball” (quinteto com 5 “baixos”) e a torcida apaixonada presente no Ginásio Panela de Pressão. Juntos, todos conseguiram parar o forte e até então invicto ataque do time de Gustavo De Conti.
O assistente completamente suado e coração a mil, comemorou a vitória com seus companheiros e foi embora para casa para editar o vídeo do jogo e do futuro adversário.

Rodrigo Silva e Alex Brabo na partida entre Bauru Basket X Flamengo. Foto: Bauru Basket
Falo de Rodrigo, mas gostaria que todos os assistentes se sentissem representados. Vocês realizam um trabalho indispensável e gostaria que fossem mais valorizados. Os treinadores idem, já que a grande maioria passou pela função de auxiliar antes de assumir como técnico principal e sabe na pele a relevância desse cargo. Por isso, foram escolhidos como o meu personagem da semana.
Outra curiosidade da semana foi a primeira vitória do treinador Jece do Pato Branco como técnico principal no NBB. Por muitos anos como auxiliar, desde 2010 trabalhando em Limeira, fazia dupla jornada como técnico da base e assistente do adulto com a dupla de técnicos Demétrius Ferraciú e Dedé Barbosa. Depois, passou dois anos ao lado do comandante Léo Figueiró no Botafogo e na sequência mais dois anos ao lado do estrategista Dedé Barbosa no Pato Basquete, antes de finalmente ter a sua chance de assumir uma equipe principal nessa temporada 2022/23.
O time do Paraná vem com uma perspectiva de inserir jogadores jovens e dar a oportunidade de jogar a melhor Liga de basquete do país. À frente da equipe, o novo treinador procura dar sequência no seu trabalho de assistente, desenvolvendo um sistema ofensivo baseado em conceitos de jogo e não em jogadas pré-estipuladas, o que leva tempo de adaptação,
O resultado positivo bateu na trave na semana passada, com Pato perdendo na prorrogação para a forte equipe do São Paulo após estar vencendo grande parte do último período. Detalhista, Jece ficou na bronca por ter tomado o empate a poucos segundos do fim do tempo regulamentar em uma bolaça de três pontos do maestro Élinho Corazza, do tricolor. Uma “falta em baixo” (acarretando a cobrança de dois lances livres) poderia ter evitado o tempo extra.

Jece, Pato Basquete.
Já no duelo seguinte, contra o Rio Claro, preparou sua equipe para melhores leituras de jogo no desfecho do último quarto. Viu seu sistema defensivo funcionar e o garoto Gabriel Novaes, cria das categorias de base do Palmeiras (triste uma equipe tradicional como o Palmeiras não possuir um time de basquete adulto), roubar a cena e anotar 21 pontos de 26 tentados no seu primeiro NBB. Também contou com ótimas contribuições dos jovens Jonatan e do decisivo Magna, que fez a bola do jogo num floater (“pega lá” – tradução livre) de muita categoria nos últimos segundos do jogo.
Fim de jogo e vitória do time que melhorou aspectos táticos de uma semana para outra e um abraço bonito entre Jece e seu assistente Wesley Aguiar, braço direito do treinador desde a época das categorias de base de Limeira.
Bauru Basket
Botafogo
CAIXA/Brasília Basquete
Caxias do Sul Basquete
Corinthians
Flamengo
Fortaleza B. C. / CFO
Sesi Franca
KTO Minas
Desk Manager Mogi Basquete
Pato Basquete
Paulistano/CORPe
Pinheiros
Farma Conde/São José Basketball
São Paulo
Ceisc/União Corinthians
UNIFACISA
R10 Score Vasco da Gama
Basket Osasco
Cruzeiro
E.C. Pinheiros (B)
Vitória (BA)
L. Sorocabana
Minas Tênis Clube (B)
ADRM
B.Cearense
Botafogo
Caixa Brasília Basquete
Campo Mourão
Caxias
IVV/CETAF
Flamengo
Minas
Paulistano
Pinheiros
São José Basketball
Thalia/PH.D Esportes
Vasco/Tijuca