HOJE
A tardemágica
Por Felipe Gomes
"Clutch", Daniel Von Haydin fala sobre atuação histórica, ídolo da camisa 30 e jogada decisiva: "nem pensei, chutador não pode pensar"
Na vida do jogador do basquete existem dias bons e ruins. Nos ruins, por mais livre que você esteja, a bola não vai cair de jeito algum. Em compensação, nos dias bons, tudo costuma dar certo. Não importa distância, marcação ou se está desequilibrado. Quando a mão de um chutador nato está quente, é muito difícil de segurar.
Foi exatamente isso que aconteceu com Daniel Von Haydin, do Corinthians. O ala/armador de 19 anos estava totalmente “on fire” e só faltou fazer chover no Ginásio Palácio de Cristal, nesta sexta-feira (27/07). E o melhor de tudo, com a aprovação do treinador Vitor Galvani.
“Sou chutador desde sempre, sempre tive carta branca para chutar. Quando um jogador está nessa fase boa, em qualquer lugar, NBA, Euroliga, aí que vem a liberdade para arremessar mesmo. Ele (Vitor Galvani) realmente libera e como minha mão estava bem quente hoje, foi quase um ‘chuta tudo’ (risos)”, contou o jogador.
O duelo contra o Minas Tênis Clube foi de altos e baixos para o clube do Parque São Jorge. O Corinthians chegou a estar perdendo por 20 pontos, mas conseguiu buscar a diferença aos poucos, até sacramentar a vitória praticamente na última bola e vencer por 89 a 86.
Daniel foi responsável por 41 dos 89 pontos da equipe – 46% do total. O aproveitamento do jogador nas bolas de 3 ultrapassou os 70%, com oito convertidas em 12 tentadas. E não para por aí, ele ainda pegou dez rebotes no jogo, alcançando um duplo-duplo e incríveis 44 de eficiência (maior marca da atual edição da LDB até aqui).
O treinador Vitor Galvani falou sobre a qualidade de Von Haydin nos arremessos de longa distância, o melhor chutador da LDB em sua visão. Ainda revelou que se ele estiver livre vendo o aro tem a obrigação de chutar, sem outra opção.
“Ele é um menino que treina demais o arremesso. Eu falo pra ele que ele vai ganhar dinheiro no basquete usando isso. Ele tem uma regra aqui: se ele ver a cor do aro e estiver livre, tem que chutar. Se ele não chutar, vou colocar ele no banco. A gente só pede que ele tente limitar o máximo possível o uso do drible, não que ele não tenha essa habilidade, mas porque a maior qualidade dele está no arremesso. Então, é saber canalizar isso e focar no que ele faz de melhor que é arremessar. Na minha opinião, o melhor que tem na LDB”, afirmou Galvani.
Inspiração dentro do clube e em um famoso camisa 30
Contratado pelo Corinthians nos últimos meses, Daniel Von Haydin disputou o último NBB CAIXA pelo Universo/Brasília, onde teve poucos minutos em quadra. Ao término da LDB, o ala/armador de 1,94m terá a oportunidade de buscar seu espaço no elenco profissional do Timão.
Já integrado ao time principal, Von Haydin se inspira em dois jogadores da equipe que também gostam muito de arremessar: o norte-americano Kyle Fuller e Felipe Vezaro, atual campeão do Torneio de 3 Pontos no Jogo das Estrelas.
“Meu primeiro objetivo é conquistar meu espaço no Adulto. Estou treinando com a equipe incrível que o Corinthians montou, inclusive muitos chutadores. É muito legal treinar arremessos com o Vezaro, com o Fuller, que são jogadores que me inspiro no cenário nacional e espero chegar no nível deles um dia”, revelou.

A inspiração para usar a camisa 30 não poderia ser outra: Stephen Curry, grande arremessador do momento (Hedeson Alves/LNB)
Outra inspiração de chutador vem do número 30 na camiseta. Claro que se trata de ninguém mais ninguém menos que Stephen Curry, o grande arremessador do momento e, para alguns (caso do próprio Daniel), da história do basquete.
“O Curry é sim meu ídolo, assim como outros grandes chutadores, como o Klay Thompson e o Navarro, que usam a 11. Costumava usar a 11, mas não deu certo e escolhi o número 30 por causa dele. Na minha opinião, ele é o maior chutador de todos os tempos e uma inspiração para mim. Por eu ter a mesma característica, se inspirar nele é ainda melhor”, completou.
Muito treino por trás do arremesso final
O jogo entre Corinthians e Minas se manteve equilibrado até os últimos segundos. O time minastenista conseguiu empatar a partida em 86 a 86 com apenas 13 segundo para o fim. Foi aí que aconteceu o lance mágico do dia.
O treinador Vitor Galvani pediu um tempo e armou uma jogada, já conhecida e muito treinada pela equipe corintiana. E claro, a bola caiu na mão quente de Daniel, que se livrou de um bloqueio e arremessou no melhor estilo “catch and shoot”. O resultado podemos ver no vídeo a seguir…
“O Galvani estava armando a jogada ali no banco e eu já conhecia, já fizemos um milhão de vezes no treino. O time conseguiu executar direitinho e eles falharam um pouco na defesa também. Aí não teve erro, eu pensei: essa bola eu treino todo dia, de sair do bloqueio chutando. Nem pensei, chutador não pode pensar para chutar também. Estava com a mão quente e caiu, ainda bem (risos)”, contou o ala/armador do Timão.
Ao ser perguntado sobre a jogada, Galvani revelou que conheceu o lance através de seu Twitter, rede social utilizada por ele para trocar conhecimentos sobre basquete com outros profissionais. E a origem vem da Espanha, do Gran Canaria.
“No basquete nada se cria, tudo se copia (risos). A gente já vinha trabalhando a jogada, não foi surpresa para eles, já sabiam o que fazer. Mas devo todo mérito ao Daniel. A jogada muitos sabem fazer, mas matar a bola que ele matou é para poucos”, disse Vitor Galvani.
O Campeonato Brasileiro Interclubes – Liga de Desenvolvimento de Basquete é uma competição nacional Sub-20 de clubes organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), com apoio da Confederação Brasileira de Basketball (CBB) e parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC).
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