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LDB

Desenvolver não deve ter limites

07-09-2023 | 04:17
Por Prancheta do Gustavinho - Gustavinho Lima

Prancheta do Gustavinho faz balanço e análise final sobre a LDB 2023 e o título conquistado pelo forte elenco do Paulistano

A principal intenção da Liga de Desenvolvimento de Basquete, está no próprio nome. Desenvolver jovens jogadores. Essa edição de 2023 foi a maior da história da competição com 24 equipes. Campeonato duro, de extremo equilíbrio, com uma final que foi decidida somente nos últimos segundos. O basquete exige além da condição tática e técnica, ter controle emocional. Em um torneio onde todos jogam contra todos em dias seguidos, não dá tempo para chorar uma derrota nem para se empolgar demais com uma vitória. 

Os revezes muitas vezes ensinam mais que os resultados positivos. Ganhar jogando mal pode esconder alguns problemas, ao passo que sair derrotado traz reflexão e questionamentos do caminho a ser seguido. No esporte, assim como na vida, podemos mudar de opinião em nossa forma de pensar e agir. O estranho é tentar resultados diferentes fazendo sempre tudo igual. A mudança é uma virtude e procurar evoluir deve sempre ser o norte. 

 

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O Paulistano perdeu a invencibilidade na LDB na fase final para o Franca. O que serviu para despertar um sentimento de mudança. Antes da finalíssima entre as duas equipes, o treinador do Paulistano, Bruno Porto foi enfático: “Sofremos um revés para Franca que serviu de aprendizado, então nos preparamos dentro de quadra, mas também no lado mental para enfrentá-los novamente”.

Tirando proveito de um elenco mais profundo, o Paulistano pode rodar mais o time e manter uma intensidade defensiva absurda durante os 40 minutos. O Franca entrou com uma estratégia bem definida pelo treinador Pablo Costa e demonstrou disciplina em seguir o plano de jogo. A ideia do time francano era evitar bolas perdidas, congestionar o garrafão, e apostar nos chutes de longa distância do rival. Deu certo durante grande parte do jogo. O Paulistano não acertou o alvo e chutou 1/21 nos três pontos. 

Sem se abalar mentalmente continuou jogando firme principalmente defensivamente. O técnico Bruno soube aproveitar o seu excelente banco de reservas. A entrada de Vinícius Mogi e Leandrão mudou o cenário da partida. Com uma agressividade impressionante, Mogi grudou no armador João Mini e desestabilizou o time francano. Leandrão pode sustentar com muita volúpia a saída de Brunão com problemas em faltas. 

Explorar o vasto elenco foi um grande trunfo da comissão técnica alvirrubra. Com diferentes possibilidades na armação, além de Vinícius Mogi (que ficou ausente em boa parte da LDB se recuperando de uma lesão), pode utilizar o inteligente Léo Abreu (vice-líder de assistências da LDB – 6,4 apj) e também o atlético Vitinho, um dos melhores defensores da posição na competição. E, por momentos, colocou os dois juntos, dando um ritmo muito interessante para o time. 

Variações táticas foram a chave do Paulistano durante toda a Liga de Desenvolvimento. Por vezes apostando em um quinteto com três homens grandes e colocando Brunão ou Murilo para atuar na posição 3. Murilo, jogador de 2,08m aproveitou a oportunidade e esbanjou qualidade técnica, um bom arremesso e capacidade de colocar a bola no chão demonstrando franca evolução. O melhor sexto homem da competição Henrique Seixas (12,3 ppj) muito importante durante toda a LDB, não teve o mesmo volume de jogo na final, mas matou um lance livre decisivo nos segundos finais da decisão. 

Em jogo tenso, com muitas alternâncias no placar, o jogo seguiu parelho até o fim. O ala francano Zu Júnior, sempre muito agressivo em relação à cesta, demonstrou muita qualidade para pontuar. Puxou o ritmo de Franca e terminou a partida com incríveis 29 pontos. Pelo lado do Paulistano, Ruan encarou o desafio de defender Márcio e conseguiu frear o ímpeto do pivô. Resistente na defesa, obrigou Márcio a jogar longe do aro e teve muito êxito (0/5 para 3 pontos). Ofensivamente Ruan foi crescendo durante a final e terminou com um duplo-duplo de 12 pontos e 10 rebotes.  

 

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Saber trabalhar sob pressão é um dos grandes aprendizados do esporte e atuar pressionado foi a síntese da Final. O capitão do Paulistano, Matheus Buiú demonstrou muito amadurecimento e foi o líder da equipe em quadra. O ala/armador Lucas Atauri muito habilidoso é capaz de criar seu arremesso e, apesar da pouca idade (19), jogou com muita coragem e personalidade para ajudar o Paulistano a conquistar seu segundo título de LDB. Eleito MVP da Final, o ala/pivô Brunão teve 14 pontos (6/7 FG), 7 rebotes e 19 de eficiência e o mais impressionante, foi que ele entregou esses números em 16 minutos de quadra. Conhecido por sua sólida defesa, já vem conquistando bons minutos de quadra no NBB, dentro time principal dirigido pelo técnico Demétrius, e durante a Liga De Desenvolvimento, pode exercer um protagonismo diferente, sendo bem aproveitado também no ataque.

O treinamento é a base para que o jogador possa aprimorar seus fundamentos e conhecimento do jogo. Isso é inegociável. No entanto, o verdadeiro teste para a evolução é durante a competição. Quando está valendo as coisas mudam de figura. Um arremesso no treino não é o mesmo que um arremesso faltando poucos segundos para acabar um jogo. Nessa LDB foram 152 jogos envolvendo 24 equipes. A exigência de performar, dia após dia, impulsiona a evolução e acelera o desenvolvimento. Interessante observar quais foram as equipes que souberam tirar proveito individual e coletivamente. Muitos clubes foram capazes de crescer durante a competição. O Paulistano foi o mais consistente e como disse o treinador Bruno Porto, “cresceu na hora certa” e mereceu o título! Na vida e no esporte há sempre margem para o desenvolvimento e evolução. Não é sobre o resultado e sim sobre a jornada. Tirar proveito do momento, gostar de aprender e ter fome de conhecimento não deve ter limites. 

DNA de formador

A LDB é uma competição que tem como objetivo fomentar o basquete de base no Brasil e revelar novos talentos para o esporte. Ao longo de sua história, já revelou diversos jogadores que se destacaram no cenário nacional e internacional do basquete, como Bruno Caboclo, Lucas Dias, Cristiano Felício, Yago Mateus, Georginho de Paula, entre outros.

A LDB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), com apoio da Penalty e Genius Sports.