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NBB Caixa

Além do limite

06-06-2013 | 04:43
Por Liga Nacional de Basquete

Mesmo com cansaço e contusões, São José se supera nos playoffs e fica com o quarto lugar do NBB5; confira a trajetória na temporada 2012/2013

Apesar da fase de classificação conturbada, São José renasceu nos playoffs e ficou a um jogo de chegar na Final (Cláudio Capucho/PMSJC)

Para um time que havia sido vice-campeão na edição anterior do NBB, a temporada 2012/2013 não foi nada fácil. Além de enfrentarem adversários altamente qualificados, em quatro competições (Campeonato Paulista, Liga Sul-Americana, Liga das Américas e NBB), os guerreiros do São José/Unimed tiveram de superar as inúmeras contusões, a exaustão física e mental.

O elenco joseense teve, ao todo, nove jogadores contundidos, o que provocou um maior desgaste por conta do revezamento nas partidas ficar prejudicado. Murilo, Chico, Álvaro Calvo, Fúlvio, Deivisson, Jefferson, Luiz Felipe, Ícaro e Dedé tiveram complicações físicas durante a temporada, e deram dor de cabeça para o técnico Régis Marrelli montar o time ideal.

“Sofremos muito com as contusões, mas não foram só elas que nos atrapalharam. O cansaço dos jogadores também foi muito grande. O basquete é feito de 12, 15 jogadores, e a gente não conseguiu ter isso em todos os momentos do ano. Mas além de todas as contusões nós não apresentamos um bom basquete mesmo. Não podemos culpar só as contusões, pois não estávamos bem”, comentou Régis.

Dedé levantando o troféu de campeão do Campeonato Paulista (Divulgação/LNB)

O caminho parecia muito difícil, pois a tão desejada sequência, que gera o entrosamento da equipe, foi prejudicada. Mesmo com o título do campeonato estadual, sem seu principal destaque, o pivô Murilo, as condições físicas não era das melhores pelos lados da equipe do Vale do Paraíba, pelo fato do NBB já estar em andamento.

Na dura série contra o Pinheiros/SKY, os joseenses levantaram a taça de campeão paulista apenas no Jogo 5, em que de forma incrível, venceu o time de Cláudio Mortari, fora de casa. Esta conquista foi o primeiro passo da superação do São José no ano.

Com o NBB pegando fogo, veio a Liga das Américas 2013. A volta de Murilo foi fator fundamental para o sucesso da equipe do Vale do Paraíba na competição continental. Mesmo sem estar 100% fisicamente, o pivô deu um show de raça e superação, e foi o principal destaque dos comandados de Régis Marrelli, que chegou até a segunda fase, sendo eliminado por Uniceub/BRB/Brasília e Capitanes de Arecibo (PUR).

“Foi tudo muito bom. Fomos campeões do paulista, disputamos primeira vez um torneio internacional. Tivemos um número grande de contusões, o que prejudicou muito a nossa sequência de jogos. Na Liga Sul-Americana nosso desempenho não foi nada bom. Já na Liga das Américas tivemos melhores atuações. Jogamos bem e foi uma competição muito boa para mostrarmos nossa força”, afirmou o técnico Régis Marrelli.

Após o término do campeonato para equipes do continente americano, os joseenses dedicaram, pela primeira vez, suas atenções exclusivamente para o NBB. Ainda cansados pela exaustiva maratona de jogos, o esquadrão do Vale do Paraíba se manteve vivo, fez alguns bons jogos, mas pecou com a irregularidade em diversos momentos. Com isso, o time de São José terminou a fase de classificação na sétima posição, com 20 vitórias e 14 derrotas (58,8% de aproveitamento).

“O NBB começou meio conturbado devido a final do Campeonato Paulista, além de novamente sofrermos com as contusões. Com todos esses fatores a nossa primeira fase não foi muito boa. Já nos playoffs, jogamos de igual pra igual com todas as equipes, pois felizmente estávamos com o time completo. Tivemos problemas fora de quadra, não sabíamos se o projeto da cidade ia continuar, então esses fatores extra quadra nos atrapalharam muito. Mas mesmo com isso os jogadores foram firmes, sempre acreditando dentro de quadra, mostrando determinação e raça para superar todas as adversidades”, disse o treinador.

A torcida joseense fez festa em quase todos os jogos da equipe na temporada (Cláudio Capucho/PMSJC)

Pelo andar da carruagem, todos já previam que o caminho da equipe de Régis Marrelli não seria fácil. Mas foi aí que entrou em cena um dos principais responsáveis pela energia e superação do time: a torcida.

Sempre lotado de fanáticos torcedores joseenses, o Ginásio Lineu de Moura serviu como uma espécie de sexto jogador em quadra nas partidas do São José. A atmosfera criada em volta das partidas em casa era de impressionar até aos mais experientes.

A maior prova da força do São José como mandante é o aproveitamento da equipe nos playoffs. Ao todo, o time de Régis Marrelli jogou seis partidas diante de sua torcida, e não decepcionou em nenhuma, vencendo os seis; dois nas oitavas de final contra o Icatu/Minas, dois na série quartas de final contra o Brasília, e dois na semifinal contra o campeão Flamengo.

“A torcida teve papel fundamental. Se não é a mais, é uma das melhores do país. O mais legal é que quando nós perdemos eles levantam a batem palma. Se eu pudesse mensurar, pelo menos 20% dos jogos. Com uma torcida dessa não tem como o jogador se entregar ao máximo, não tem como a equiep não jogar determinada. Além da pressão que eles fazem no adversário, nos ajudam muito. O ginásio tem uma acústica diferente, o barulho é muito grande, e isso é ótimo para nós”, declarou Régis Marrelli.

O Ginásio Lineu de Moura tem capacidade para aproximadamente 2.600 pessoas (Cláudio Capucho/PMSJC)

Falando em playoffs, a equipe do Vale do Paraíba conseguiu algo que poucos acreditavam ser possível. Nas quartas de final, o São José teve o tricampeão Brasília como adversário, time considerado uma pedra do sapato dos joseenses devido a Final da última temporada, vencida pelos candangos, e pelas derrotas na Liga das Américas 2013. Com 100% de aproveitamento nos jogos em casa e uma incrível vitória no Jogo 5, por 98 a 81, mesmo jogando em terras brasilienses, o time de Fúlvio, Laws, Murilo e Cia fechou a série em 3 a 2 e foi às semifinais contra o Flamengo.

Para o confronto diante dos rubro-negros, nada de diferente, e como sempre, Ginásio Lineu de Moura completamente lotado. Em uma série altamente tensa e disputada, recheada de confusões, e também decidida no quinto jogo, o Flamengo colocou 13 mil torcedores rubro-negros na HSBC Arena na partida decisiva e fechou o confronto semifinal por 3 a 2.

Embora não tenha avançado a grande Final do NBB, como na temporada anterior, vale se ressaltar a fibra e determinação de todo o elenco joseense, que superou todas as adversidades e conseguiu fechar o ano na quarta colocação do maior campeonato do país.

“Independente de todos os problemas, vamos voltar fortes, vamos sempre tentar títulos, fazer boas campanhas, pois a cidade e a torcida merecem”, completou Régis.

Garçom absoluto da temporada, com média de 7,52 assistências por jogo, Fúlvio foi o principal líder do São José no NBB5 (João Pires/LNB)