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Saúde em dia

11-06-2024 | 02:14
Por Juvenal Dias

LNB apresenta profissionais de Sesi Franca e Flamengo que ajudaram as equipes a chegarem na decisão de NBB CAIXA; agora são os médicos Anderson Luis do Nascimento e Claudio Cardone

Sesi Franca e Flamengo buscam o título do NBB CAIXA 2023/24 por causa de sua competência e talento nas quadras. Mas há outros fatores que os ajudam a obter um algo a mais. Além da estrutura para trabalhar, contam com profissionais nos bastidores que são fundamentais para o sucesso de cada equipe. São nutricionistas, fisioterapeutas, preparadores físicos, psicólogos, médicos e mordomos, cujo o trabalho é revertido em arrancadas, saltos, arremessos, enterradas e naquela bola capaz de decidir uma partida.

A Liga Nacional de Basquete conversou com Anderson Luis do Nascimento, ortopedista e médico-chefe da equipe do departamento do Sesi Franca e que está há oito temporadas no clube, e Claudio Cardone, especialista em Fisiatria e Medicina do Esporte que coordena a equipe de sete médicos das modalidades olímpicas do Flamengo, está com o time de basquete desde a temporada 2011/12. O objetivo era entender como os dois times chegaram em condições saudáveis às Finais do NBB CAIXA e entender os desafios de uma temporada na área da saúde.

As perguntas foram exatamente as mesmas para os dois médicos. Confira o que cada um respondeu e conheça as particularidades que cada clube tem, mas que ajudaram ambas equipes a chegar em mais uma decisão.

Doutor Anderson Luis do Nascimento é o médico-chefe do Sesi Franca. Foto: Divulgação

Como funciona uma equipe médica na sintonia para cuidar e tratar de uma modalidade coletiva como o basquete?

Anderson: A atuação sempre teve como princípio básico transmitir a máxima confiança e transparência para toda a comissão técnica e, principalmente, para os jogadores. Como se fôssemos uma grande família, a opinião e visão de cada membro, e principalmente dos jogadores, têm fundamental importância nas decisões e condutas. Temos a obrigação médica de levar a todos do time a sensação de segurança e acolhimento, ao mesmo tempo que torcemos para que nossa atuação seja a mais discreta e mínima possível.

Claudio: O modelo que eu considero ideal consiste na participação constante do médico nas atividades diárias da equipe. Isto faz com que as trocas de informações entre os diversos profissionais envolvidos e, principalmente, a confiança dos atletas no trabalho alcance índices muito positivos. Desde a avaliação de saúde pré-participação do atleta no clube até a última semana da temporada, estamos presentes no dia a dia.

Como foi a temporada do time para o departamento médico?

Anderson: Na temporada de 2023/24, tivemos novamente poucas lesões, mérito da atuação e comunicação contínua entre nossa equipe médica (Dr. Anderson Nascimento, Dr. Laurence Oliveira e Dr. Antônio Adnor), o nosso fisioterapeuta Rogério Barbosa e o nosso preparador físico Douglas Nazar, munindo constantemente o nosso técnico Helinho e o nosso assistente técnico Pablo com todas as informações para tomarmos as decisões em conjunto.

Claudio: A temporada atual do Flamengo já pode ser considerada muito boa no quesito saúde, pois até agora temos um índice de lesão baixo (2,8/1000h*) e consequentemente um alto índice de disponibilidade dos atletas (96,9%). Vale afirmar que as condições de saúde têm alta correlação com os resultados esportivos.

*Número de lesões por cada 1.000 horas de treino. A literatura médica mostra níveis de 8/1000 no basquete europeu e a média da NBA é de 16/1000h (segundo aponta o Dr. Cardone)

Quais principais lesões que os médicos precisam tratar de jogadores de basquete?

Anderson: A equipe médica deve sempre ficar atenta a possíveis lesões musculares e articulares, principalmente de tornozelo e joelho. Monitorar o cansaço e desgaste dos atletas é fundamental, bem como a logística de viagens, periodização de treinos e manter diálogo aberto e constante com os atletas. Por isso, a confiança do grupo e o trabalho de toda a comissão técnica em conjunto são importantíssimos.

Claudio: As principais lesões que causam o afastamento dos atletas de basquete das atividades esportivas são, sem dúvida, as entorses de tornozelo. Temos sempre uma preocupação junto a fisioterapia e a preparação física, de estabelecer programas preventivos para este tipo de lesão.

Doutor Claudio Cardone é o médico-chefe do Flamengo. Foto: Divulgação

Como foi a atuação do departamento médico para deixar todos os jogadores aptos para os momentos decisivos do NBB CAIXA?

Anderson: Ter em mente que a jornada do campeonato é longa e que devemos programar, individualizar e, algumas vezes, poupar a demanda física de alguns atletas para a reta final da competição também é de suma importância. Nesse quesito, temos o privilégio de trabalhar com atletas muito conscientes e focados, onde mais uma vez o trabalho em grupo fez e faz a diferença, assim nossa equipe conseguiu chegar completa para as finais.

Claudio: A atuação foi constante desde o primeiro dia da apresentação dos atletas. Junto a equipe multidisciplinar, fazemos ajustes pontuais e individualizados para esta fase decisiva.

Há uma tendência em pensar que o atleta só tenha lesões musculares ou fraturas, mas eles estão sujeitos as mesmas doenças que afetam outras pessoas. Por exemplo, esse ano houve um grande surto de dengue. Como é o cuidado com toda a saúde e se teve casos de “doenças extras” nessa temporada?

Anderson: Além dos aspectos osteomusculares, também temos que administrar situações extra quadra, como infecções virais respiratórias (gripes e resfriados) e, principalmente, neste ano de 2024, atuar em alguns casos de dengue, tanto na monitorização quanto na prevenção. Assim foi também nos anos anteriores durante a pandemia, um trabalho árduo de testes e monitorização que demonstrou o papel importante das equipes médicas dentro do esporte.

Claudio: Sim, quando se fala em atletas, sempre se pensa em lesões ortopédicas, mas doenças clínicas são tão importantes e frequentes quanto. Todos passam por um extenso protocolo de avaliação clínica no início da temporada e são monitorados constantemente. Os demais profissionais da equipe multidisciplinar também tem um papel importante neste controle, através da alimentação, condicionamento físico, saúde mental, logística adequada e tranquilidade para exercer o trabalho. Especificamente para a dengue, não conseguimos disponibilizar a vacinação por falta de doses no país, mas combatemos o mosquito diariamente nos locais de treinamento, com o uso de inseticidas e repelentes. Felizmente não tivemos nenhum caso no time.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal e Loterias Caixas, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Sportsbet.io, Penalty, EMS e UMP e apoio IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.