HOJE
As torres gêmeas do Cerrado
Por Gustavo Marinheiro
Augusto e Ruan dominaram o garrafão na LDB e despontaram como dois dos grandes destaques da primeira etapa; conheça um pouco mais da história das torres gêmeas do Cerrado/Aseel:
Entre as grandes narrativas na história do basquete, sempre estão presentes grandes duplas que marcaram épocas pelo seu entrosamento, qualidade e poder de decisão. Na seleção, alguns nomes como Amaury Passos e Wlamir Marques, Oscar Schimdt e Marcel de Souza, e até mesmo na história mais recente, Olivinha e Marquinhos, são provas vivas de que ter uma boa dupla entrosada, que se complete e que se apoie, pode aumentar as chances de vitórias.
Ruan e Augusto, as “torres gêmeas do Cerrado”, têm dominado o garrafão e se destacado na primeira etapa da LDB 2022. Mas você sabia que hoje, ambos os atletas poderiam sequer estar jogando basquete? Confira um pouco da história desses dois nomes que ainda prometem muito.
Ruan vem de uma família basqueteira, com influência muito forte principalmente de sua tia Iziane, um dos grandes nomes da história do basquete nacional, que possuí passagens inclusive pela WNBA. Com um nome tão relevante dentro de casa, Ruan não escapou da paixão pela bola laranja e desde pequeno treinava com sua tia em casa. Logo após começar a se destacar na escolinha, o pivô foi chamado para integrar a equipe do Paulistano, e logo em seguida se transferiu para o Flamengo, onde ficou por quatro anos. O que pouca gente sabe, é que quando criança Ruan teve que optar entre o basquete e o… vôlei!
“Treinava com minha tia, fiz outros esportes, curtia natação, vôlei, mas logo a minha tia me levou pro basquete. Eu jogava vôlei na escola, chegaram a me chamar para ir para a seleção brasileira, mas a minha tia não deixou. Na época, tinha aquele campeonato de estado x estado no basquete rolando também, então ela me mandou pro basquete”, disse Ruan.
A história de Augusto também é inusitada. O pivô começou sua jornada dentro das quadras aos 14 anos, quando participou do Projeto Bis Mackenzie, onde logo foi notado e chamado para integrar a base de Franca, e de lá, foi para o Minas Tênis Clube, onde ficou por uma temporada. Mas assim como o Ruan, Augusto também praticava outro esporte quando mais novo.
“Eu gostava era de luta. Lutava Muay Thay, era totalmente o contrário do Ruan. Não gostava de praticar futebol, vôlei, nenhum outro esporte, só mudei isso quando conheci o basquete. Ai eu me apaixonei.”
Antes de chegar ao Cerrado, ambos os jogadores tiveram a oportunidade de dividir o vestiário e compartilhar momentos de treinamento com jogadores gigantes da história do basquete brasileiro. Ambos os atletas comentaram que dividir espaço com tanta gente boa influenciou positivamente na evolução dos seus conceitos de jogo e visão dentro de quadra.
“Eu joguei com caras incríveis. Eles ensinam muito, mostram que tem que treinar… É uma experiência muito boa, você aprende marcando, defendendo, vendo eles jogarem… É uma experiência incrível. Nos dois anos em que fiquei no Minas, o cara que me deu mais trabalho foi o JP, sem dúvidas. Jotinha é forte demais, tem um trabalho de pés muito bom. Outro cara entre esses que é difícil de marcar é o Hettsheimer. Rapaz…”, comentou o Augusto.
“Eu joguei com o JP também. Foi muito difícil, ele é muito técnico. No começo eu ficava nervoso, pela história dos caras mesmo, mas eles são muito resenha, te acolhem como família. Aprendi muita coisa com eles. Me ofereceram experiências que vou levar pelo resto da minha vida e compartilhar a quadra com eles foi muito gratificante. O mais difícil de marcar foi o Marquinhos, porque ele não é um cara tão forte, mas é muito habilidoso. Marcar o chute de três dele é muito difícil, mas no garrafão é o JP”, disse Ruan.
Apesar de no ano passado não conseguir tanto espaço no Minas, equipe campeã da Copa Super 8 SKY, Augusto foi um dos grandes destaques dos minatenistas na LDB 2021, se tornando inclusive o principal pontuador (13.6) e reboteiro (10.6) da equipe na edição. No ano passado, o jogador chamou muito a atenção principalmente pelo sua habilidade dentro do garrafão e mobilidade para conseguir jogar fora dele.
“No Minas eu sabia que teria de ser o cara do garrafão. Entrei com a cabeça nisso e sabendo o que eu tinha que fazer. Então, quando o Gui chegou, sabia que ficaria mais tranquilo essa divisão, afinal ele é muito habilidoso, né? É o Gui, é NBA, então eu tinha que dar um jeito de encaixar no jogo dele. Tive que treinar muito, mostrar que poderia ser a dupla dele, tive que correr muito, me superar, acho que me ajudou”, afirmou Augusto.
Já Ruan, apesar de fazer uma LDB sólida, dividia holofotes dentro do Flamengo com outras grandes promessas, como Joãozinho, Maciel, Matheusinho, Rafael Rachel entre outros nomes. No Cerrado, porém, conseguiu espaço, volume e minutagem para mostrar seu basquete, atingindo médias de 12,0 pontos, 6,9 rebotes e 14,5 de eficiência e chegando até mesmo a ser indicado ao prêmio de destaque jovem da temporada.
“No Flamengo eu consegui muita experiência, mas não tive tanto espaço. Então, quando cheguei no Cerrado e tive tanto tempo de quadra, isso foi um diferencial pra mim. Eu pude mostrar o quanto que trabalhei durante esses cinco anos de Flamengo. Esse pra mim foi um dos grandes diferencias”, disse o Ruan.
Na LDB, Ruan e Augusto têm formado uma dupla de respeito, dominando a tabua dos dois lados da quadra. Na defesa, com dois jogadores tendo mais de 2,06, poucas são as equipes que arriscam uma infiltração ou tentam batalhar lá dentro. No ataque, o atleticismo de Ruan e a técnica apurada de Augusto têm salvado o Cerrado nos momentos mais arriscados do jogo.
“Eu e o Ruan temos uma sinergia muito boa. Quando ele joga embaixo, eu jogo em cima, e assim, não tem o egoísmo de ‘eu vou definir essa bola’. Se o cara tá no jogo, vamos deixar ele jogar. Em questão de rebote não tem como, se não é ele, sou eu”, comentou Augusto.
“Somos uns dos maiores pivôs da LDB, levamos uma grande vantagem no garrafão. A gente se comunica bem, tento distribuir muitos passes pra ele quando ele tá em baixo, além de a gente conseguir se adaptar muito bem ao jogo. E é aquilo… O cara quando vê, não entra no garrafão, sempre prefere o chute”, afirmou Ruan.
A sinergia e admiração entre as duas jovens estrelas é uma das coisas que mais chamam atenção de quem assiste as partidas do Cerrado na competição sub-22. Quem vê pela primeira vez os jogos da equipe brasiliense imagina que o elenco divida quadra há anos, quando na verdade, boa parte das peças, como João Camargo, Victor e o próprio Augusto, chegou para essa temporada.
O Cerrado finalizou a primeira etapa da LDB com apenas uma derrota, em um jogo extremamente disputado contra o Coritiba, mas com grandes atuações nas partidas seguinte, chegando a fazer placares acima dos 100 pontos e boa parte com mais de 15 pontos de diferença.
“A expectativa é de sempre ser campeão. Temos alguns detalhes para serem arrumados, isso acaba sendo mostrado nos jogos, mas conforme o campeonato for rolando eles vão ser acertados. E se for, tenho certeza que podemos chegar na final e ser campeão”, finalizou Ruan.
A LDB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e chancela da Confederação Brasileira de Basketball (CBB). Também conta com o patrocínio oficial da Penalty, e apoio da IMG Arena e Genius Sports.