HOJE
Projeto Pato
Por Guilherme Tadeu via collab com a LNB
Pela primeira vez com time próprio na LDB, equipe do Pato Basquete entrega ótima campanha, com direito a protagonismo do pivô Gabriel Novaes e início animador do processo de formação para atletas no basquete nacional
Uma das boas histórias da atual edição da LDB, o Pato Basquete encerrou sua participação no campeonato após 8 vitórias em 11 jogos, igualando a campanha das equipes de Caxias e de Franca, mas ficando fora da fase final pelos critérios de desempate. De toda forma, conseguiu deixar boa impressão com um basquete envolvente e bastante competitivo.
Projeto Pato
A grande novidade do Pato para esta temporada foi que, pela primeira vez desde o início do projeto, o time mandou à competição uma equipe própria, sem fazer uso de parceria. O técnico do time principal, Jece Leite, explicou os motivos que motivaram a equipe a tomar essa decisão: “A ideia de montar um time nosso foi pela sequência do projeto. É difícil a gente começar a puxar lá do Sub-11, Sub-12. Temos de fazer de ‘trás pra frente’ mesmo. Como a gente já montou o adulto, estamos montando essa LDB, e isso já vai refletir no Sub-17 e que, por sua vez, vai refletir no Sub-15. É mais para ter o espelho. Vai também da necessidade do projeto de ter uma equipe e ser algo que vai repor diretamente ali no adulto. No ano passado, a gente tinha dois meninos do Sub-16 que participavam dos treinamentos e durante o paranaense eles entraram em jogos. Esses meninos estavam aquém do que estão os de hoje que chegaram para a LDB, mais prontos técnica e fisicamente”.
O grande responsável por liderar essa nova equipe foi o assistente de Jece no time principal e técnico na LDB, Wesley Scarabelli: “A gente tinha o Novaes e o Bernardo que já faziam parte da equipe adulta. O time do Sub-22 usou o mesmo sistema do time adulto, então eles foram importantes nisso porque já conheciam o sistema. Os seis meninos novos que a gente contratou, juntamos com nossa base que é Sub-17 para poder completar o time. Nossa intenção é fortalecer a base para que esses meninos possam ingressar na equipe profissional. Alguns meninos do nosso Sub-17 no próximo ano já vão ser do Sub-19, então vamos tentar montar um Sub-19 pra poder oportunizar esses meninos, que esse ano, novamente já vão fazer parte do profissional. A gente começou nossa base há alguns anos e daqui mais uns dois ou três, vão surgir frutos, principalmente meninos que são de Pato Branco, que começaram o projeto com 14, 15 anos, que poderão jogar no time profissional e fazer parte do elenco da LDB. A intenção é essa”, explicou o professor.
O técnico do time adulto Jece Leite, lembra ainda que esse tipo de movimento de formação é fundamental inclusive para o fortalecimento do time adulto pensando para além do futuro imediato: “Nosso projeto priorizou nesses três anos montar equipes jovens, dando oportunidades para meninos que estavam em outros lugares e não tinham oportunidade ainda. A gente continua com essa sequência. Esse ano estamos subindo um pouco a média da idade do time, nada absurdo, mas mantendo a ideia de ter jovens. Já temos em mente três nomes para o NBB”.
O destaque do Pato: Gabriel Novaes
Principal nome do Pato para o time Sub-22, o pivô Gabriel Novaes voltou a disputar a principal competição de base do país depois de 5 anos. Cria do Palmeiras, ele disputou a LDB de 2018 ainda com 17 anos e, na sequência, optou por fazer seu desenvolvimento no projeto argentino de Bahía Blanca, o Bahía Basket. Nesta temporada, voltou à competição como grande nome, alta minutagem no NBB em um time de playoffs, e veio com a responsabilidade de liderar o time paranaense. Cumpriu bem as expectativas e com médias de 17 pontos, 10 rebotes e ótimos 38% nos três pontos, foi um dos grandes nomes da competição: “Liderar o time na LDB agora foi sensacional. Por eu ser um dos mais velhos, eu ter essa bagagem de NBB, de já estar no time, conhecer o sistema, saber as jogadas, tive que assumir a liderança. Foi bom porque você sente ali na quadra como eles te olham, como te perguntam as coisas, é bom sentir isso, poder ajudar, uma dica aqui e ali, liderando pelo exemplo. A equipe foi nota 10, todos estavam em busca do mesmo objetivo, isso fica mais fácil. Foi bacana, é diferente você liderar, ser o cara do time, ser o jogador principal. Vou falar para você: é gostoso estar nessa situação, a bola fica mais na sua mão, acho que todo jogador gosta de ser protagonista”, confessou Novaes.
Colocar Gabriel Novaes nessa posição foi parte de uma estratégia que o Pato tem para desenvolvimento do jogador, como explicou Jece Leite: “Ele tem um baita QI de basquete, acho que parte disso é o período que ele ficou no Bahía Basket. Ele saiu muito novo daqui do Brasil. Ele era o único do time do ano passado que eu montei que tinha dois anos de contrato. A gente fez essa aposta, conversando com pessoas que eu confio que tinham bastante conhecimento sobre ele. Ele ficou muito longe daqui, não foi passando pelas etapas que um menino daqui passa, que é fazer parte do adulto e ter todos os contratempos, visibilidade e privilégios que os moleques da base que estão no adulto têm. O processo dele foi outro. A gente queria que ele jogasse LDB para ele sentir um protagonismo. Eu até chamava ele de “pai de todos”. Queríamos dar essa moral para o menino. Ele fez um trabalho muito grande na offseason para ganho de massa muscular, a própria mecânica de arremesso dele tem mudado um pouco. É um menino muito interessante, gosta de aprender, gosta demais de treinar, quer evoluir e vai evoluir muito”.
O Pato Basquete ainda não decidiu quais serão os outros meninos que disputaram a LDB que seguirão no time para a temporada no adulto, mas a certeza é que mesmo sem chegar à fase decisiva, há uma generalizada sensação de dever cumprido.