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Rio 2016 / Seleção Brasileira

#BrasilÉHistória – 2012

05-08-2016 | 07:04
Por Liga Nacional de Basquete

Após 16 anos sem se classificar para as Olimpíadas, Seleção Brasileira de Basquete se renova com Magnano e figura entre os melhores do mundo em Londres 2012

Depois de 1996, sem Oscar Schmidt na Seleção, sem esperanças de novos prospectos que marcaram seus nomes nos mundiais sub-19, o basquete brasileiro entrou em declínio na primeira década do Século XXI. Com fortalecimento do basquete promovido por uma organização melhor dos campeonatos nacionais e um olhar estrangeiro no comando da Seleção, Brasil se classifica para as Olimpíadas de Londres, após três edições do torneio, e acaba novamente na quinta colocação.

Com alguns resultados ruins nos anos que se seguiram depois de Atlanta, o discurso promovido pela equipe é de que era necessária uma reformulação. Alguns resultados não foram tão favoráveis, mas em 1999, em Winnipeg, no Canadá, a Seleção conseguiu o ouro. Ainda sim, tentando se classificar para as Olimpíadas de Sidney, em 2000, o Brasil não conseguiu vencer a Venezuela, Canadá e Panamá. Somando derrotas contra a Argentina e Estados Unidos, a equipe ficou fora do torneio, coisa que não acontecia desde 1976.

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Apesar da década sem Olimpíada, o Brasil conquistou o Pan-Americano em 1999, 2004 e 2007 (Divulgação)

Então, a Seleção que hoje se encontra #RumoaoRio começou sua trajetória neste momento caótico. A crise ultrapassou os limites neste momento em que não haviam mudanças tão cedo e peças que se encaixassem e desse prosseguimento aos resultados, até que Hélio Rubens, sobrevivente do caos no início do milênio, convocou Anderson Varejão, Nenê, Alex Garcia e Guilherme Giovannoni para a Seleção. Logo deu certo: o Brasil foi vice-campeão do Sul-americano do Chile.

O otimismo se seguiu após o bom resultado em Indianápolis, em 2002, então Hélio Rubens passou a convocar Tiago Splitter e Leandro Barbosa para o conjunto brasileiro. Terminando em 8º lugar no Mundial, a Confederação então trocou Hélio por Lula Ferreira, então treinador do COC/Ribeirão Preto. Os resultados vieram rápidos: Campeão Sul-americano, em 2003, e medalha de ouro em Santo Domingo, no Pan-Americano.

MAGNANO

Magnano foi campeão das Olimpíadas de 2004 com a Argentina (Divulgação)

O Pré-Olímpico, disputado em San Juan, em Porto Rico, marcou história. Pela primeira vez o basquete brasileiro ficava fora de duas Olimpíadas seguidas. O time composto por Splitter, Renato Lamas, Valtinho, Giovannoni, Leandrinho, Alex Garcia, Marcelinho Machado, Varejão e Nenê não conseguiu conter a ascensão porto-riquenha e acumulou vitórias contra os EUA, México e a forte Argentina. O fim da protelação dessa crise apareceu no mundial de 2006, quando a nossa Seleção ficou na 17ª colocação do torneio.

Neste ponto crucial que nosso basquete sofreu, afinal, era o pior cenário possível: não classificação para duas Olimpíadas seguidas e pior colocação no mundial na história do basquete nacional. Então, procurando se adaptar ao novo basquetebol e trazer inovações do esporte europeu e americano para o Brasil, a confederação anunciou a contratação de Moncho Monsalve, para treinar a Seleção.
Logo em 2008, Moncho partiu para o Pré-Olímpico com cinco diferentes baixas e o Brasil não fez uma boa campanha, não se classificando para Pequim. Foi Bi-campeão da Copa América, mas a Seleção Brasileira estava de olho em Rubén Mangnano, técnico na vitoriosa conquista do basquete argentino nas Olimpíadas de 2004, que estava saindo de sua equipe.

Em 2011, Magnano trouxe Fernando Duró, como seu assistente técnico e para começar a virada da Seleção Brasileira, teve a brilhante ideia de naturalizar Larry Taylor, armador que jogava pelo Bauru, norte-americano, para compor a equipe. Logo em 2011, no Pré-Olímpico disputado na Argentina, após o 9º lugar no mundial, a equipe verde e amarela voltou a se classificar  para as Olimpíadas após bater a República Dominicana, nas quartas de final, por 83 a 76, após ter perdido na fase de grupos. Dia que entrou para a história do elenco composto por Marcelinho Huertas, Alex Garcia, Marquinhos, Guilherme Giovannoni, Tiago Splitter, Marcelinho Machado e Rafael Hettsheimeir.

Então se foi! A Seleção, após 16 anos de pura resistência, combate, pressão e raça, chegou às Olimpíadas de Londres em 2012. Neste meio tempo, a exportação de atletas rumo à a NBA cresceu exponencialmente. Nenê, que sofreu muitas vezes com a questão do seguro de atleta entre NBA e CBB, rumou à terra do Tio Sam em 2002 e até hoje joga no maior campeonato do mundo. Varejão passou por uma década inteira no Cleveland Cavaliers, Leandrinho fez história nos Suns, Tiago Splitter chegou aos Spurs, Alex Garcia jogou pela franquia de San Antonio em 2003, Marquinhos passou pelos Hornets em 2008 e isto foi e ainda está se intensificando.

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Após ser campeão com o Vasco, Nenê foi para do Draft da NBA e permanece até hoje (Divulgação)

Junto com isso, o basquete nacional foi fomentado pelas competições criadas e organizadas pela Liga Nacional de Basquete. O NBB CAIXA foi crucial para que os jogadores tivessem um campeonato nacional organizado, forte, que envolvessem as principais equipes do país para que o basquete continuasse forte. Além disso, a Liga de Desenvolvimento do Basquete deu margem para os jovens atletas que tentavam ingressar no esporte e ultrapassavam a dicotomia entre estudar e jogar basquete. Os campeonatos nacionais dão vitrine, experiência e aprendizado para quem quer e para o esporte nacional.

Prova disso são os convocados para as Olimpíadas de Londres, que foram: Tiago Splitter, Nenê (voltou de lesão), Leandro Barbosa, Varejão, Marcelinho Huertas, Raulzinho Neto, Marquinhos, Caio Torres (Hettsheimeir se contundiu momentos antes do campeonato), Giovannoni, Alex Garcia e Larry Taylor.

Na primeira fase a equipe brasileira jogou tudo que pode, não se importando com os adversários futuros na próxima fase. Por isso, aplicou quatro vitórias, só perdeu para a Rússia, líder do grupo e ainda sim por vantagem mínima no placar, e se classificou na segunda posição. Neste Grupo A surgiu a polêmica sobre a vitória contra a Espanha, mas isso foi o de menos. Pela primeira vez na história conseguimos uma ótima posição.

Confira os resultados da Seleção na primeira fase:

Brasil 75 x 71 Austrália
Brasil 67 x 62 Grã-Bretanha
Brasil 74 x 75 Rússia
Brasil 98 x 59 China
Brasil 88 x 82 Espanha

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Larry Taylor foi naturalizado para jogar pela Seleção por Rubén Magnano (Divulgação)

Do outro lado se classificaram Estados Unidos, na primeira colocação, e em seguida, França, Argentina e Lituânia. Portanto, nossa equipe verde e amarela se encontrou com o rival celeste sul-americano nas quartas de final. O retrospecto contra a Argentina na última década não era muito bom, mas nada tirava o otimismo da Seleção, que foi a melhor defesa da competição na primeira fase.

Todavia, após uma mudança de ritmo no segundo quarto, a Argentina entrou muito bem e bateu nossa equipe, por 82 a 77. Isso não minimizou os esforços deste grupo. A derrota não foi de cabeça baixa e a raça não faltou em quadra no último quarto. Após tantos anos, pela primeira vez o Brasil figurava entre as cinco potências do basquete mundial. Novamente o quinto lugar foi do nosso time e essa geração teve seu primeiro torneio após anos de tentativa e erro.

Depois desta conquista, o cenário brasileiro se intensificou rumo à NBA. Raulzinho conquistou espaço no Utah Jazz, Bruno Caboclo chegou ao Toronto Raptors, Felício foi campeão da Summer League e é pivo do Chicago Bulls, Marcelinho Huertas é armador do Lakers e este processo não para. Cada vez mais os olhares mundiais estão voltados para o nosso basquete novamente.

Desta Olimpíada Larry Taylor, que teve uma importância enorme em jogos decisivos e principalmente no desenvolvimento dos jogadores e do estilo de jogo, Caio Torres, que esteve no lugar de Hettsheimeir, não estão nesta próxima edição dos Jogos Olímpicos, e Marcelinho Machado.