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Conhecimento internacional

17-10-2013 | 01:01
Por Liga Nacional de Basquete

Em Recife, técnicos da LDB participam de palestra com o treinador francês Julien Martin para conhecer estrutura do basquete de base do país atual campeão europeu

Julien (ao centro, de camisa azul) mostrou como funciona o trabalho de base no basquete francês aos técnicos da LDB (Divulgação)

A LDB não é feita apenas para os jogadores se desenvolverem em quadra. A competição, que está em sua terceira edição, também auxilia na evolução de árbitros, técnicos e muitas outras profissões que cercam a modalidade da bola laranja. Durante a etapa disputada na cidade do Recife, na última semana, foram os treinadores que tiveram uma boa oportunidade de adquirir um valioso conhecimento.

Nascido na França, mas residindo no Brasil há três anos, o técnico Julien Jean-Paul Christian Martin, formado na profissão com diploma de nível profissional pelo Ministério do Esporte da França, foi convidado pela diretoria do Sport Club do Recife e concedeu uma palestra a seus companheiros de profissão para mostrar como é o trabalho de base em seu país natal, que recentemente conquistou o título europeu com direito a vitória sobre a poderosa Espanha na semifinal.

Durante a palestra, Julien, que é casado com uma brasileira e possui um bom conhecimento da língua portuguesa, mostrou aos treinadores como é a divisão geográfica dos centros de treinamentos na França e também falou sobre a relação entre clubes, atletas e empresários.

“Foi muito interessante. A ideia da palestra era apresentar a estrutura do basquete lá na França e também responder perguntas sobre basquete francês. Consegui falar um pouco de como é a relação entre os técnicos por lá e também sobre a questão de contrato de atletas. Expliquei para eles como é para um jogador sair de um clube por lá e tudo que envolve uma transferência de um garoto. Para eles terem uma ideia de como funcionam as coisas por lá”, disse Julien, que tem sua residência no Brasil na cidade de Vitória (ES) e coordena o projeto de base Novo Basquete Saldanha da Gama.

Mas não foram só os técnicos brasileiros que puderam ganhar conhecimento com a palestra de Julien. O francês também aprendeu com a LDB. Presente no Ginásio do Sport Club do Recife em todos os cinco dias de disputas na capital pernambucana, o francês fez questão de elogiar e enaltecer a importância da competição para o desenvolvimento da modalidade da bola laranja no país.

“A LDB é uma ideia fantástica. Os garotos precisam de um auxílio maior nessa transição do basquete de base para o basquete profissional. A exigência e as dificuldades são completamente diferentes de um cenário para o outro. Então com essa competição, esses jogadores têm uma maior condição de virar um jogador de alto nível”, exaltou Julien.

Além do bom nível das partidas dentro de quadra e da boa oportunidade para o amadurecimento dos atletas, o treinador nascido na França também pode conhecer um pouco mais sobre toda a estrutura da LDB. Então, Julien ficou muito satisfeito com o que encontrou no principal campeonato de base do basquete brasileiro.

“Acho muito legal tudo que cerca essa competição. Tem estatística ao vivo na internet, relatório e notícia de todos os jogos, os clubes recebem os vídeos de seus jogos. Tudo isso é muito importante para ajudar no desenvolvimento destes garotos e do basquete como um todo. Espero que essa competição vá longe”, afirmou o francês, de 34 anos.

Dentre todos os garotos que viu jogar, Julien deixou claro que um jogador em especial lhe chamou mais a atenção. Para o francês, o ala Bruno Caboclo, do Pinheiros/SKY, tem um futuro enorme pela frente no basquete e está no caminho certo para brilhar nas quadra.

“O Bruno Caboclo é um dos três principais prospectos da idade dele em todo o planeta. Ele jogou um torneio na França no começo do ano e todos os técnicos ficaram de olho nele. Ele está em um caminho muito interessante e isso é muito importante. Um talento como ele você vai ter um a cada dez anos. Então, você tem que saber trabalhar este talento para não perder a oportunidade de desenvolvê-lo”, disse o técnico, que faz diversos trabalhos de treinamentos individuais com jogadores europeus.

Bruno Caboclo foi apontado pelo técnico francês como o principal prospecto de toda a LDB (João Pires/LNB)

Como já conhecia o camisa 15 pinheirense, Julien mostrou muita empolgação com a evolução apresentada pelo jogador, de 18 anos, em quadra. Para o francês, a partida contra o Uniceub/BRB/Brasília, em que Caboclo marcou 15 de seus 21 pontos durante o último quarto deixou claro o desenvolvimento do garoto.

“O jogo que ele fez contra Brasília foi muito bom para ele. Há quatro meses, ele tinha mais dificuldades para pontuar e pegar rebotes. Agora, ainda com a temporada da LDB em andamento, a evolução dele já é muito grande. E isso que é fundamental, não perder a oportunidade e ter a visão de que é um menino com um potencial enorme”, explicou.

Além de ter se casado com uma brasileira, outro fator que pesou na vinda de Julien ao Brasil foi o bom momento que o país atravessa no esporte. Sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o país está aproveitando para evoluir em alguns aspectos e isso animou ainda mais o francês para cruzar o oceano.

“É o grande momento para o Brasil crescer no esporte. Minha vontade era essa, estar aqui e ver isso acontecer. As coisas estão acontecendo passo a passo e é desse jeito que vai desenvolver. O mais importante é não pular etapas. Temos uma competição Sub-22 de ótimo nível e este ano ainda teve a Seleção de Novos que excursionou pela Europa. Tem que ter paciência, mas a situação e perspectiva são muito boas”, disse.

Empolgado com todo o potencial físico que viu durante a LDB, Julien exaltou ainda mais sua vontade de seguir trabalhando em terras brasileiras. Na visão do treinador, o biotipo dos jogadores brasileiros é algo que não pode ser deixado de lado.

“O Brasil tem um potencial físico monstruoso. Eu vejo muitos jogadores de talento e cada time tem um atleta com biotipo para atuar em alto nível internacional. Então essa é uma coisa de valor gigantesca para mim. A França luta para ter um pivô alto como os daqui. Aqui no Brasil a cada geração surgem dois ou três garotos com esse perfil. Então, dá ainda mais vontade de trabalhar aqui”, concluiu o francês.