HOJE
Coração deLeão
Por Douglas Carraretto
Na base da superação, Vitória vira série contra atual campeão sul-americano, avança à semifinal e consolida momento histórico da equipe: “quando a energia é boa, tudo flui”
O Universo/Vitória está nas estrelas. Em sua segunda temporada no NBB CAIXA, a equipe de Salvador mostrou toda a força de um trabalho baseado em suor, esforço e superação. Desta forma, o rubro-negro baiano conquistou um feito histórico diante do atual campeão sul-americano Mogi das Cruzes/Helbor e agora está garantido entre as quatro melhores equipes do basquete brasileiro.
“Foi um projeto muito difícil, começamos sem estrutura nenhuma e agora estamos na semifinal. Tenho que agradecer a todos que fizeram isso crescer. Hoje temos uma estrutura boa. Sabemos que não é fácil fazer acontecer as coisas no Nordeste, porque não são acostumados com basquete. Mas a torcida foi se envolvendo. Mogi está em um patamar muito acima do nosso ainda, ganhamos momentaneamente, mas sabemos o quanto Mogi ama basquete. Ainda por isso nosso feito ficou ainda mais incrível”, comentou Régis Marrelli.
Depois de uma temporada dura em seu ano de estreia na elite, em que foi varrido pelo Mogi nas oitavas de final (3 a 0), o clube do Barradão entrou mais forte em 2016/2017. Com uma reformulação total no elenco e contratações de peso, como de Kenny Dawkins, Keyron, Arthur e Chris Hayes, os comandados de Régis Marrelli vieram grandes demais para a nona edição do NBB CAIXA.
O início da temporada favorável e, após sete rodadas invicto, o Vitória atravessou alguns problemas de lesão, mas seguiu beirando o G-4 durante toda a fase de classificação. No fim, terminou em sétimo e enfrentou o estreante Campo Mourão nas oitavas. Com classificação suada por 3 a 2, a equipe baiana teve como adversário o Mogi, velho conhecido e atual campeão sul-americano e vice-líder da primeira fase do nacional.
De maneira incrível, a equipe do técnico Régis Marrelli bateu de frente com os mogianos sem medo algum. Como a série para o Jogo 5? Há só uma maneira de explicar: coragem. Demonstrando um basquete coletivo e de alto nível, os rubro-negros simbolizaram bem o espírito do time no Jogo 4, em Salvador. Com luta intensa em cada bola, o clube baiano venceu com cronômetro zerado na prorrogação, evitou a eliminação e fortaleceu ainda mais sua moral para o duelo decisivo.
A cartada final veio em grande estilo. Em pleno Ginásio Hugo Ramos, palco da eliminação rubro-negra na temporada passada, o Vitória não se intimidou com a força da torcida e se impôs. Com terceiro quarto arrasador (30 a 14), o esquadrão do Barradão segurou a pressão mogiana no final, calou os quase 5 mil fanáticos torcedores da casa e fechou a série com triunfo por 95 a 85.
“Tivemos muita dificuldade para passar por Campo Mourão, mas a energia do time é boa. É um time que não desiste nunca. Tínhamos um jogo praticamente perdido em Salvador, mas não desistimos e recuperamos. Isso não tem preço. Isso não se ensina, não se treina, é do grupo. Não desistimos nunca. Sabíamos que seria difícil, mas mantivemos o foco e fizemos um grande jogo, com um terceiro quarto maravilhoso. Meu sucesso depende de todos, atletas, comissão técnica e dirigentes, mas somos nós criamos esse o elo. Esse é o trabalho do dia a dia. Estou muito feliz e emocionado”, falou Régis Marrelli.
Mas foi justamente neste momento tão importante do campeonato que as peças menos ‘badaladas’ entraram em ação. André Góes, Renato Scholz, Douglas Kurtz, Coimbra, Edu Mariano. Mesmo sem grandes estrelas, é fácil dizer que o elenco do Vitória brilha. Brilha forte. Brilha com sua garra, determinação e união. Fatores estes que fizeram, e muito, a diferença no feito conquistado.
Cada dia é dia de um. André salvou a equipe na série contra Campo Mourão e garantiu os lances livres da vitória no Jogo 4 contra Mogi. Renato também teve papel crucial contra os mogianos, assim como Edu Mariano. Key, Dawkins e Hayes cumpriram seus papeis. Arthur deu o toque de experiência de um tricampeão do NBB CAIXA e foi o cestinha da partida que decretou a vaga rubro-negra na semi.
Frios, serenos, atentos, guerreiros e, no fim, em festa. O time nordestino jogar com a certeza de que as coisas dariam certo. Se essa certeza realmente existia, ninguém sabe. Mas a missão da equipe parecia estar cumprida, pois foi nítida a união dos atletas e comissão técnica, que remaram com um destino certo: as semifinais. O que esperar do Leão? O torcedor pode se orgulhar. O sucesso não é garantido, mas certamente luta, entrega e suor não vão faltar. Vida longa ao Vitória.
“Estamos muito feliz pelo momento e pelo grupo. Sou ‘macaco velho’ (risos) e já passei por muitas coisas. Quando as coisas não dão liga, você pode fazer de tudo: treinar de manhã, à tarde e à noite, trocar técnico, trocar preparador físico, que não adianta. Mas quando as coisas dão liga tudo flui. Não acredito em sorte e azar. É energia, acredito nisso. Quando a energia é boa, tudo flui, e as coisas acabam acontecendo. A equipe está de parabéns, estou emocionado”, declarou o comandante do Vitória.