HOJE
FIM DEuma era
Por Liga Nacional de Basquete
Com Jogos Olímpicos e Copas do Mundo no currículo, Cristiano Maranho se aposenta de partidas internacionais
Mesmo sem times brasileiros, a partida entre Caballos de Coclé e Titanes de Barranquilla, pelo grupo A da Basketball Champions League Américas, foi um marco na história do basquete nacional. O confronto representou os últimos 40 minutos da brilhante carreira internacional de Cristiano Maranho, que fez seu último jogo como árbitro FIBA.
“A decisão já vem sendo amadurecida desde 2016. Na Olímpiada do Brasil eu não fui tão bem tecnicamente, por fatores emocionais e particulares. Pensei em me aposentar ali, mas não queria deixar essa última impressão para a FIBA. Aquele não era eu”, contou.
Nesses últimos cinco anos, Maranho deu a volta por cima e conseguiu construir um belo final de carreira no mundo FIBA. Ele fez história ao ser o primeiro árbitro da América do Sul a apitar o EuroBasket em 2017 e participou da Copa do Mundo de 2019, apitando a final em ambas as competições.
“Acho que todos os árbitros têm dedicação, foco e gostam do que faz. O grande diferencial foi a dedicação extrema. Abdiquei de muitas coisas. Não tinha férias, domingo ou feriado. Sou muito competitivo e sempre quero apitar as melhores competições e os melhores jogos. Mas quando chega nesse nível de competição, você olha para o lado e vê árbitro de EuroLiga, de final de NBA e de múltiplas Olimpíadas. Não tem árbitro meia boca. Por isso quando eu ia treinar e apitar, sempre dava 200%. Para chegar a uma final de Olimpíada ou Mundial, você tem que se dedicar mais do que os outros. Senão vai ser só mais um”, afirmou.
Prodígio, Maranho iniciou sua carreira aos 21 anos, na Federação Paranaense de Basketball. Três anos depois, em 1998, já havia se tornado árbitro internacional. Em 23 anos de carreira, ele participou de três Jogos Olímpicos (Pequim 2008, Londres 2012 e Rio 2016), quatro Copas do Mundo (Japão 2006, Turquia 2010, Espanha 2014 e China 2019), do Mundial Feminino de 2010, EuroBasket 2017 e da final dos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019.
“Ir para as Olimpíadas é o sonho de todo atleta e técnico de alto rendimento. Com o árbitro não é diferente. O meu primeiro jogo na Olimpíada, em Pequim, entre Argentina e Austrália no masculino, me marcou muito. Quando eu pisei na quadra olímpica foi a realização de um sonho e passou um filme na minha cabeça. Outro jogo muito importante a nível internacional foi no EuroBasket de 2017, entre Espanha e Turquia. Foi no ginásio que eu tinha apitado a final do Mundial de 2010. Nunca vi tanta pressão em uma partida como naquela. Eu estava acompanhado de dois árbitros árbitros mais novos, de menos experiência. Foi muito difícil”, lembrou.
Eleito Árbitro Destaque do NBB nove vezes de forma consecutiva, desde a temporada 2011/2012, Maranho seguirá apitando jogos nacionais. Segundo ele, a Liga Nacional de Basquete e o NBB tiveram papéis essenciais para a sua carreira.
“O NBB foi importantíssimo para a minha carreira FIBA. A qualidade dos jogos te prepara técnica, física e mentalmente para as partidas internacionais, e você não sente tanta diferença. É diferente de outros países que não tem uma liga forte igual a nossa, que quando o árbitro chega nessas competições importantes, o nível técnico dele está mais baixo que o normal. Além disso, a LNB apoia o árbitro, como aconteceu no começo da pandemia. A Liga foi a única entidade que deu suporte financeiro para os árbitros. Isso ajuda muito também. Por esse motivo que eu resolvi continuar apitando no Brasil por mais alguns anos: o respeito que a Liga tem por nós, e que nós temos por ela”, declarou.
O NBB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), com chancela da Confederação Brasileira de Basketball (CBB) e em parceria com a NBA e o CBC, e conta com os patrocínios oficiais da Budweiser, Nike, Penalty, Plastubos, EY, BetMotion, KitchenAid, Moss, IMG Arena e Genius Sports.