HOJE
Da Hungria para o Fla
Por Gustavo Mesa
Entrosamento no Flamengo e nascimento da filha: como foram os intensos primeiros meses de Filipovity no Rio; húngaro estreia na BCLA nesta quarta
Imagina só a situação: você é um jogador de basquete e está em seu país se mantendo em forma. Sua esposa, com mais de 30 semanas de gravidez, está ao seu lado, também se exercitando. Então, o seu agente liga e diz que há uma proposta de um time a quase 10 mil quilômetros de distância. Aceitar essa oferta significa mudar sua vida inteira – literalmente – para outro continente. Inclusive, ver sua filha nascer em outra nação. O que você faria?
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Foi exatamente com esse cenário que o húngaro Marko Filipovity se deparou há cerca de dois meses, quando soube que o Flamengo tinha interesse nele. O ala de 2,05m e 27 anos pouco sabia da equipe carioca. O máximo que lembrava era de quando Ronaldinho Gaúcho saiu da Europa para fechar com o rubro-negro.
Com todos esses fatores – nascimento da filha, mudança de continente e etc – o mais provável seria o Flamengo ouvir um “não”. Mas não no caso de Filipovity.
“Minha esposa ficou preocupada porque o Brasil é bem distante. Nós viajamos um dia e meio com uma escala. Mas, por outro lado, era o Brasil, e nós queríamos viver a experiência no país. Nós queríamos ir, só tínhamos que nos certificar de que tudo daria certo. E deu”, revelou o ala sobre o processo de decisão.
Mudança não é uma novidade para Filipovity. Em seus sete primeiros anos de carreira, atuou no basquete húngaro. Mas de 2020 para cá, isso mudou radicalmente e o ala rodou a Europa: jogou na Itália, Espanha, Turquia e Alemanha, antes de fechar com o Flamengo para a temporada 2023/24. Filipovity encara o basquete como uma oportunidade de conhecer novos lugares.
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“Eu aprendi muito e vivi em lugares legais. É basquete em qualquer lugar e eu pude descobrir novas partes do mundo”, afirmou.
Nesses dois meses, não deu para conhecer muito do Rio de Janeiro. O húngaro está gostando do bairro onde mora, já conseguiu aproveitar algumas praias e restaurantes – principalmente quando tem carne no cardápio -, mas a rotina de treinos, jogos e viagens naturalmente dificulta o processo. E no caso de Filipovity ainda havia outra questão: a chegada de Marella.
Ela é carioca
Quando chegou ao Brasil, Filipovity tinha duas grandes preocupações: se entrosar com o elenco do Flamengo e se estabelecer para que sua esposa, a porto-riquenha Genesis, pudesse dar à luz com segurança e tranquilidade. A primeira parte foi tranquila.
“Muito fácil (me entrosar). Geralmente eu não tenho problemas com isso. As coisas mais importantes para mim neste começo eram aprender as palavras em português que são usadas no jogo. Assim, durante os jogos, dá para se comunicar e eu entender. Todos foram muito gentis. Os jogadores, a direção. Depois de alguns dias, eu já sabia onde ir, o que fazer. Basquete é basquete, não foi tão difícil”, afirmou o ala, que está com 13,5 pontos e 5,1 rebotes de média em quase 26 minutos por partida no NBB CAIXA.
E enquanto rolava esse processo de adaptação à equipe, Filipovity e Genesis viviam a expectativa do nascimento de Marella.
O dia 23 de novembro de 2023 será sempre inesquecível para o ala. Claro, ficarão na memória os 16 pontos anotados na vitória fora de casa sobre Mogi. Mas, com certeza, a grande lembrança daquele dia será o retorno de carro até o Rio.
“Quando ela nasceu, eu estava voltando para casa de Mogi. Eu fui do jogo direto para o hospital. Me chamaram por vídeo quando ela nasceu. É um sentimento incrível quando você vê o bebê e segura com as próprias mãos”, revelou Filipovity.
Se há um ano dissessem para Filipovity que ele teria uma filha carioca e a veria pela primeira vez em uma videochamada dentro de um carro na Rodovia Presidente Dutra, o húngaro dificilmente acreditaria.
“Eu nunca imaginei que teria uma filha carioca. No ano passado eu estava na Alemanha. A vida é simplesmente maluca. Será uma grande memória para nós e também para ela no futuro”, afirmou.
E onde vai ser esse futuro? Ainda não dá para saber. Como deu para perceber, esses dois meses de Rio de Janeiro foram bem intensos para Filipovity e sua família. Só agora ele acredita que vai relaxar um pouco mais, aproveitar e parar para pensar nisso. Mas até agora, pelo que viveu até aqui, o húngaro só tem o que elogiar do Brasil.
“As minhas maiores preocupações são o bebê e minha esposa estarem vivendo todos bem. Agora que minha filha nasceu, teremos mais tempo para pensar. Eu gosto do Brasil, mas não sei se viverei aqui no futuro. Estou aqui só há dois meses e a experiência é totalmente positiva. Gosto da comida, da cultura, estou me adaptando ao basquete, tenho boa relação com o elenco. Está tudo ótimo”, concluiu.
O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal e Loterias Caixas, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Sportsbet.io, Penalty, EMS e UMP e apoio IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.