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NBB Caixa

História desuperação

04-12-2019 | 05:47
Por Vinícius Guimarães

Um dos cestinhas do NBB CAIXA, Rafa Oliveira foi ajudante de gesseiro e quase desistiu da carreira

Leandrinho, Marquinhos, Lucas Dias, Betinho, Léo Meindl… O fã do NBB CAIXA já se acostumou a encontrar esses e outros grandes pontuadores quando checa o ranking de cestinhas da temporada. Mas no meio de tantos jogadores conhecidos, tem um nome que nunca figurou no Top 10 de pontos e não deve sair tão cedo: Rafael Oliveira.

Vindo de uma boa temporada no Vasco, Rafa Oliveira assumiu o papel de protagonista do São José e está tendo os melhores números da carreira. O ala/pivô bateu seu recorde de pontos e rebotes na última semana, ao fazer um duplo-duplo de 27-10 contra Brasília.

Natural de Divinópolis (MG), Rafa não começou cedo no basquete. Sua rotina na infância se baseava em estudar e ajudar o seu padrasto, que trabalhava como gesseiro. Em uma das obras, um homem se impressionou com a altura do menino de 13 anos e o convenceu a dar uma chance ao esporte da bola laranja.

Já com o objetivo de ser jogador profissional, aos 15 anos, Rafa fez peneira nos clubes tradicionais no basquete em Minas Gerais, mas não passou em nenhuma. Ele se destacou primeiramente pelo SESI de Uberlândia e então teve a oportunidade de jogar pelas equipes mais fortes do Estado. Foram dois anos no Praia Clube, uma edição de LDB no Ginástico, até chegar ao Minas Tênis Clube, em 2014.

“A passagem pelo Minas foi muito proveitosa. A gente foi vice-campeão da LDB e eu tive a minha primeira experiência no adulto. Aprendi demais com os atletas mais experientes do time, o Alex (Basquete Cearense) e o Shilton, que é um pai para mim. Ele me ajudou muito e me ajuda até hoje. Eu me espelho bastante nele”, declarou o jogador do São José.

Rafa Oliveira e Lucas Dias se enfrentaram na final da LDB de 2015. (João Pires/LNB)

“Ele não tem aquele jogo bonito, mas é muito eficiente. Sempre se dedicou ao máximo e é um batalhador sem igual. O que eu fiz foi falar para ele o que todo jogador bem-sucedido faz: não desistir, não se importar com os momentos difíceis e continuar trabalhando. Estou extremamente feliz de vê-lo jogando tão bem assim. Ele é como se fosse um filho mesmo e espero que tenha muitos anos de sucesso porque merece”, disse Shilton.

Os conselhos de pivô foram úteis para Rafa Oliveira logo após a temporada de 2016/17: “Depois que eu saí do Minas, fiquei oito meses sem time. Já estava pensando em desistir porque não estavam aparecendo oportunidades. O Macaé e a Liga Ouro foram um divisor de águas na minha carreira. Quando o Léo e o Pablo Costa (técnico e assistente) me chamaram eu falei isso para eles. Eu fui pensando ‘é agora ou nunca’. Se não desse certo eu ia parar”.

“O Rafa foi uma grata surpresa que tivemos naquela equipe da Liga Ouro. Foi extremamente importante em nossa campanha. É um jogador de equipe, que se sacrifica pelo bem do time. Fico feliz de ter colaborado de alguma forma com esse novo momento de sua carreira. Acredito que sua passagem pelo Macaé Basquete tenha sido um momento de afirmação pra ele. Naquela temporada ele ganhou confiança e viu que pode jogar em alto nível, como vem fazendo” disse Léo Costa, ex-técnico do Macaé e atual comandante do Minas.

Além do seu ex-time, Rafa reencontrará esses dois personagens tão importantes na sexta-feira (06/11). O Minas, de Shilton e Léo Costa, visita São José com transmissão do Fox Sports, a partir das 21h10.

A boa Liga Ouro veio seguida de um sólido NBB CAIXA pelo Vasco. Quando perguntado sobre a contratação de Rafa Oliveira, o técnico Jaú diz que o que mais lhe chamou atenção foi o alto aproveitamento dos arremessos do ala/pivô. Ele percebeu que essa eficiência poderia ser explorada no São José, com maior minutagem.

“Se eu falar que esperava que ele iria apresentar tudo isso, estaria mentindo. Esperava que ele tivesse a entrega que está tendo, e isso está resultando neste bom momento” confessou Jaú sobre o desempenho do seu cestinha, que tem médias de 17,7 pontos e 5,1 rebotes.

“Apesar de não ter uma estatura tão elevada, ele consegue marcar jogadores grandes e mais fortes fisicamente, pela sua disposição e intensidade. Essas características são muito importantes no basquete moderno e ele tem mostrado isso nas duas tabelas, correndo nos contra-ataques e sendo muito ativo nos rebotes”, analisou o técnico de São José.

Rafa Oliveira finalizando o contra-ataque com uma enterrada. (Arthur Marega Filho/São José Basketball)

Com ótima mobilidade para um ala/pivô, Rafa Oliveira usa sua velocidade no começo das posses para ganhar vantagem na transição e finalizar perto da cesta. Atualmente, ele é o jogador de garrafão que mais pontua em contra-ataques de todo o NBB CAIXA*, com 34 pontos.

A eficiência dos últimos anos continua sendo uma forte característica do seu jogo. Ele é um dos quatro atletas do NBB CAIXA que tem ao menos 60% de aproveitamento nas bolas de 2 e 40% nas bolas de 3 pontos. Cipolini, Schatmann e Malcolm Miller completam esse seleto grupo.

Na temporada passada, pelo Vasco, suas médias foram de 7,4 pontos por jogo. Na temporada atual, Rafa Oliveira fez mais de 10 pontos em todas as partidas que disputou. A evolução foi gigante. Mas surpreendente? Para ele, não.

“Quando fui contratado, vi pessoas dizendo que eu era um excelente jogador para ficar no banco e completar o time. Mas dentro de mim eu sempre soube do que sou capaz. Tento estar sempre aprendendo, treinando e colocando coisas novas no meu jogo. Nós, atletas, temos que ter objetivos na vida. Não adianta você ir treinar todo dia, ficar longe de casa, da família, da esposa, se você não tiver um objetivo no final da temporada. Eu tenho sonhos e ambições, e isso é o que me motiva”.

*Estatísticas retiradas do Synergy Sports.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), com chancela da Confederação Brasileira de Basketball (CBB), em parceria com a NBA, e conta com os patrocínios oficiais da CAIXA, Budweiser, Unisal, INFRAERO, Nike, Penalty, Plastubos e os apoios do Açúcar Guarani e Pátria Amada Brasil – Governo Federal.