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LDB

Das traves aos aros

19-08-2025 | 01:57
Por Douglas Amaral e Gustavo Marinheiro

De goleiro no Santa Cruz a capitão da Unifacisa na LDB, Sueudo Gomes trocou o futebol pelo basquete e vive rotina intensa em busca de um futuro no esporte

Aos 22 anos, o ala/pivô Sueudo Gomes foi um dos nomes que mais chamaram atenção no time da Unifacisa no Campeonato Brasileiro Interclubes – Liga de Desenvolvimento de Basquete (LDB) 2025. Natural de Pernambuco, ele carrega no DNA o espírito esportivo herdado de uma família inteira ligada ao futebol. “Pra mim era impossível não entrar nesse mundo. Meu avô e meu tio-avô jogaram, e dentro da minha família, os que não jogavam profissionalmente, jogavam de forma amadora. Eu sempre me divertia com meus primos, jogando nas ruas perto da minha casa. Era questão de tempo até fazer o futebol minha vida”, relembra.

 

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Sueudo, em 2019, com a camisa do Santa Cruz. FOTO: Arquivo Pessoal

O caminho inicial foi como goleiro. Aos 12 anos, Sueudo fez um teste no Santa Cruz e foi aprovado de primeira. Vestiu a camisa do clube do sub-13 ao sub-20, chegando até a treinar com o elenco profissional em 2022. Mas, apesar da trajetória promissora, frustrações no futebol abriram espaço para um novo capítulo. O basquete entrou como um hobby, uma forma de desligar-se da rotina com a bola nos pés. “Minha vida era muito futebol, sempre estava treinando, jogando, viajando, então quando eu precisava me distrair, esfriar a cabeça, eu queria fazer outra coisa. Dei sorte de ter uma quadrinha de basquete perto da minha casa, lá em Pernambuco, e foi ali que comecei a praticar o basquete”, conta o jogador.

De racha em racha, Sueudo evoluiu rápido e chamou atenção. “Foi então que um amigo meu me convidou para jogar na quadra de um time lá de Recife, o Viva Basquete, e depois de jogar bem nesse dia, me convidaram para disputar um campeonato lá em Pernambuco. Logo no primeiro jogo desse campeonato, ganhamos. Além de ganhar, fui o grande destaque da partida, então a partir daquele dia eu coloquei na minha cabeça que aquilo era o que eu gostava e o que me fazia feliz, então seria naquilo que eu iria focar. Ganhei o prêmio de revelação desse torneio e a partir dali surgiram novas oportunidades, em novas equipes de Recife”, recorda. Essa mudança repetina na vida de Sueudo aconteceu em menos de 7 meses. Em agosto, ainda defendia o Santa Cruz, em março, estava disputando os seus primeiros jogos federados.

A mudança de esporte pegou a família de surpresa. “Eles sempre me apoiam, nunca me deixam sozinho, principalmente nessas viagens que sempre nos faz ficar tão distantes. Foi um choque claro, nesse momento que eu transicionei de esporte, afinal eu amava o futebol, estava naquilo há anos já. Eles ficaram surpresos, mas eles disseram que independente da decisão, estariam comigo.” Esse suporte se reflete na energia que Sueudo leva para a quadra. “Essa é uma herança do Sueudo enquanto pessoa. Sempre fui um cara enérgico, que se entrega, que deixa tudo dentro de quadra, então é algo que eu sempre vou levar para tudo na minha vida. Poderia ser no trabalho, no futebol, mas é no basquete, pra mim não muda em nada. Vibro com and one, com defesa, quando acerto no ataque, entrego muita energia”, afirmou.

Capitão da Unifacisa, Sueudo foi o segundo jogador mais eficiente da equipe na LDB. FOTO: Mauricio Almeida/LNB

Fora das quadras, Sueudo encara uma rotina puxada. Cursa Ciências da Computação na Uninassau e trabalha como jovem aprendiz em mecânica industrial. “A vida adulta não para e o tempo também não, então tenho que conciliar todas essas minhas tarefas. Como eu falei, sempre tento entregar o meu máximo em tudo que eu faço, mas a rotina é pesada”, diz. O dia começa às 7h30 com as aulas, segue às 13h com o trabalho e, às 18h, é hora de treinar basquete. “Tenho pouco tempo pra sair, para ficar com família, para descansar, porque sei que esse é o meu momento de me entregar, de pensar no futuro. Sei que é um sacrifício que eu faço para, enfim, lá na frente, conseguir só colher os frutos”, completou.

Na LDB, a Unifacisa não avançou à Série Prata, mas Sueudo fechou o torneio com média de 8,6 pontos (3º maior cestinha da equipe) e 6,6 rebotes (2º melhor da equipe), além de atuações de destaque, incluindo duplos-duplos e jogos acima dos 20 pontos. “Fico muito feliz de ter sido um destaque da minha equipe, mas não encaro como surpresa, afinal, eu me doo muito para isso. Quando decidi me entregar para o basquete, eu sabia que faria daquilo a minha vida. Mas o meu maior sonho é que com o basquete eu consiga atingir uma estabilidade financeira e que através do esporte eu consiga viver a minha vida bem. Esse é o maior título que o basquete poderia me dar”, finalizou.

A LDB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica e Governo Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), chancela da Confederação Brasileira de Basketball e patrocínios oficiais Penalty, Universidades Cruzeiro do Sul, UMP, Whirlpool e apoio oficial Infraero, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.