HOJE
Desenvolvimento no apito
Por Liga Nacional de Basquete
Nova safra, recorde de profissionais e 1º trio feminino: LDB mostra o quão é importante também para o desenvolvimento da arbitragem do basquete brasileiro
A Liga de Desenvolvimento de Basquete (LDB) está em sua quinta edição e já é visível o sucesso e a importância deste campeonato no desenvolvimento dos atletas. Dezenas de garotos que surgiram na competição Sub-22 já integram elencos de time adultos do NBB, alguns já foram convocados para a Seleção Brasileira e a dupla Bruno Caboclo e Cristiano Felício partiu para a NBA.
Mas a LDB não busca apenas o desenvolvimento dos atletas. Técnicos, árbitros e todos os profissionais que trabalham com o basquete brasileiro também usufruem do campeonato Sub-22, adquirindo experiência para o crescimento de seus trabalhos e consequentemente para a evolução técnica do basquete brasileiro.
Assim como a LDB é um sucesso no desenvolvimento de atletas, o resultado também é benéfico na formação de novos árbitros, já que muitos dos profissionais que apitam o NBB, principal campeonato de basquete do país, começaram suas carreiras ou tiveram a LDB como suas primeiras experiências na arbitragem.
“A LDB dá aos árbitros uma bagagem de cerca de 40 jogos a mais por ano. Se não tivesse a o campeonato Sub-22, o árbitro demoraria praticamente a metade do NBB para entrar no ritmo do campeonato. Então com esse número alto de partidas no campeonato de base, os profissionais chegam às competições adultas no ritmo adequado, preparados para apitar e tomar decisões importantes em um jogo de alto nível”, comentou Flávia Almeida, Coordenadora de Arbitragem da Liga Nacional de Basquete.
A Liga de Desenvolvimento de Basquete (LDB) é um campeonato nacional de base organizado pela Liga Nacional de Basquete (LNB) em parceria com o Ministério do Esporte e chancelado pela Confederação Brasileira de Basketball (CBB).
Durante a primeira etapa da edição de 2015 da LDB, realizada no Praia Clube, em Uberlândia (MG), no mês de julho, foi registrado o recorde de árbitros em uma só fase de partidas da competição, com um total de 24 profissionais do apito na etapa. Mas não era para menos. A primeira etapa de partidas da LDB teve duração de 11 dias, com todas as 24 equipes juntas em só uma sede, com quatro partidas por dia, sendo três jogos simultâneos em três quadras.
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Ao todo 13 Estados do Brasil foram representados por profissionais da arbitragem em partidas do campeonato Sub-22 contando as duas etapas: Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
“A primeira coisa importante da LDB é trabalhar muito bem os árbitros para que eles se desenvolvam e possam estar aptos para apitarem jogos do NBB e da Liga Ouro. Na LDB, mesmo os árbitros com pouca experiência possuem grande responsabilidade nas partidas e isso é essencial para o crescimento do profissional”, disse Flávia.
“Em jogos do NBB, quando eles estão na função de fiscal 1 ou fiscal 2, esses profissionais estão preparados, pois já possuem algum tipo de bagagem, para ajudar na tomada de decisões e na administração da partidas”, completou.
Ainda durante a primeira etapa da LDB, nos três dias de folga nos jogos, os árbitros, assim como todos os jogadores, participaram de clínicas, com diversos testes psicológicos e avaliações teóricas. Dentre as avaliações, um dos principais exercícios consistia em um teste em que os árbitros se dividiam em grupos, discutiam, interpretavam e assistiam vídeos sobre algum tema. Depois conversavam novamente e tinham que se apresentar falando tudo o que sabia sobre aquele assunto.
O principal campeonato de base do Brasil também é fundamental para uma renovação da arbitragem, já que seis dos 24 árbitros que trabalharam até agora nas duas etapas da LDB 2015 são novatos em campeonatos organizados pela LNB. Outro número que comprova a importância da LDB para o desenvolvimento da arbitragem é que 24 dos 41 profissionais da arbitragem que trabalham no campeonato Sub-22 estão entre os 40 árbitros inscritos para o NBB.
“A Liga Nacional de Basquete só trabalha com árbitros de nível internacional e nacional. Então para acharmos novos árbitros, nós vamos até os campeonatos de base para analisar os profissionais ou recebemos indicação da própria CBB de bons árbitros que estejam surgindo em campeonatos Sub-15 e Sub-16 de nível nacional ou de profissionais que já trabalharam em partidas da Liga de Basquete Feminino (LBF)”, contou Flávia.
Também uma das provas da renovação e do desenvolvimento que a LDB trouxe para os árbitros é o número de profissionais não só atuando, como conquistando prêmios relevantes no NBB. Primeiro árbitro a vencer o prêmio ‘Árbitro Revelação’ (NBB 2011/2012), Diego Chiconato apitou a primeira edição da LDB, ainda quando se chamava LDO, e hoje é um dos principais árbitros do basquete brasileiro, com experiência de quatro temporadas no NBB e também de ter apitado o Jogo 1 da Final do último NBB, entre Paschoalotto/Bauru e Flamengo.
Além de Chiconato, outros árbitros se desenvolveram na LDB e hoje figuram entre os principais profissionais do apito em partidas do NBB, como Maria Cláudia Comodaro (que também apita a LDB desde sua primeira edição), árbitra revelação do NBB 2012/2013, Leandro Sehnem, vencedor do mesmo prêmio na temporada seguinte, e Fabiano Huber, árbitro revelação da última edição do NBB e outro “fruto” da LDB que apitou uma das partidas da decisão do NBB 2014/2015. Curiosamente, Diego Chiconato e Mária Cláudia Comodaro, dois árbitros que estiveram em todas as edições do campeonato Sub-22, também apitaram as decisões da LDB.
“A LDB é um celeiro para o desenvolvimento de atletas, técnicos e árbitros, pois oferece um volume de jogos de bom nível que geralmente eles não tem fora da LDB. Temos vários profissionais das três áreas que atuam no NBB, mas na LDB eles assumem um protagonismo maior, com decisões importantes para se fazer, com uma responsabilidade aumentada”, comentou Paulo Bassul, Gerente Técnico da LNB.
“A vida dos árbitros acaba que sendo a mais complicada. Os jogadores e técnicos tem os treinos diários e evoluem com isso. Já os árbitros são limitados no estudo da regra e ao cuidado com o condicionamento de seu corpo, mas a prática em si vem do jogo, já que o treino do árbitro é basicamente para o preparo físico. Então com um volume grande de jogos na LDB, os árbitros vão adquirindo experiência e vão se desenvolvendo. Além de abrir espaço para profissionais do país inteiro talentosos, que não teriam as oportunidades em seus Estados como tem através da LDB”, concluiu Bassul.
Além do número recorde de árbitros em só uma edição da LDB, a etapa sediada em Uberlândia entrou para a história da Liga Nacional de Basquete. No penúltimo dia da etapa inicial da LDB 2015, um trio formado por três mulheres apitou uma partida pela primeira vez na história das competições organizadas pela LNB. O jogo foi entre o anfitrião Unitri/Praia Clube e UniCEUB/BRB/Brasília, e Maria Cláudia Comodaro (MG), Fabíola Carraro (PR) e Gabriella Pilatti (SC) foram as protagonistas do histórico momento.
“Essa partida foi uma conquista para o basquete brasileiro apenas por ser uma quebra de paradigmas, já que nunca havia sido feito um jogo com três árbitras apitando. Já tivemos diversas partidas com duas mulheres e um homem apitando, mas nunca havíamos feito um jogo com mulheres”, disse a coordenadora de arbitragem do NBB.
“Para mim só serviu para quebrar o paradigma. Não importa se são três mulheres, três homens ou outras combinações, se o árbitro está dentro de quadra é porque temos total confiança na qualidade técnica dele para efetuar um bom trabalho no jogo. Então não importa os sexos dos profissionais, quem está em quadra está gabaritado para fazer aquele trabalho de forma correta”, concluiu.
O dia a dia dos Árbitros na LDB
Na edição 2015 da LDB, são quatro partidas por dia e os árbitros atuam em um ou dois jogos no máximo em cada rodada. Após cada partida, o arbitro entrega um relatório, uma auto avaliação daquele jogo atuado, com o relato dos acertos dele, das dificuldades e das melhorias após os feedbacks recebidos.
Além disso, os profissionais ficam o dia inteiro nos ginásios para assistir os outros jogos do dia, analisar como os outros árbitros apitam, o que de bom pode ser absorvido e verificar se as visões são as mesmas.
Ainda no dia, os árbitros precisam entregar três vídeos com lances relevantes (jogadas importantes da partida com acertos ou erros dele), para que todos os profissionais do apito possam analisar aquele lance, para que todos tenham uma visão próxima de tal lance. Após eles saírem de quadra, o trio vai até o orientador de arbitragem, que fica fora da quadra durante os jogos só fazendo anotações, para receber o feedback da atuação do trio como um todo.
Depois do término dos quatro jogos, os árbitros voltam para o hotel e é organizada uma reunião para a análise e debate daquele dia. Então, com todos os árbitros juntos, é discutido novamente o que aconteceu naqueles quatro jogos do dia, com o que deu certo e o que pode ser melhorado. Fora isso, além das orientações dos comissários e orientadores, os árbitros também podem receber conselhos individuais de outros profissionais ligados a arbitragem que estejam trabalhando na LDB.
“A rotina do árbitro na LDB é bem pesada, mas no final isso acaba que sendo muito satisfatória no crescimento do profissional. Diferente do NBB, que o árbitro chega uma hora antes do jogo, apita a partida e entrega para a LNB um relatório em até dois dias, na LDB isso não acontece. Os árbitros precisam ficar o dia inteiro no ginásio, ver todos os jogos, analisar cada lance e trocar experiência com os outros profissionais para a melhoria de cada um ali. Além das partidas, a LDB para os árbitros é feedback das atuações e troca de experiências o tempo inteiro”, concluiu Flávia Almeida.
Fora o trabalho do árbitro, outros profissionais atuam na LDB em prol da arbitragem. Durante todas as etapas, os Comissários, profissional que trabalha na mesa de controle e é responsável para fazer a pré-partida com o trio da arbitragem, dando instruções para os profissionais antes dos jogos, e os Orientadores, sempre árbitros mais experientes, como Cristiano Maranho e Fernando Serpa, são muito importantes para o desenvolvimento dos mais jovens.