#JOGAJUNTO

NBB Caixa

CAP x SPFC:Duelo depai e filho

13-12-2019 | 02:28
Por Felipe Gomes

Você conhece a história de fundação do São Paulo? Sabia que o Paulistano fez parte? Conheça a relação histórica entre os dois clubes, que se enfrentam neste sábado (14), ao vivo na Band

O próximo sábado (14/12) será marcado por um confronto inédito e para lá de especial no NBB CAIXA. Paulistano/Corpore e São Paulo FC se enfrentarão pela primeira vez na história da competição, no Ginásio Antonio Prado Jr, em São Paulo (SP), às 12h50, com transmissão ao vivo na Band.

Você pode estar se perguntando o porquê de ser um duelo especial, sendo que as equipes nunca se enfrentaram e, logo, não devem ter relação alguma. Mas é aí que está o ponto: os dois clubes possuem uma conexão histórica e centenária.

Sabia que o São Paulo Futebol Clube, uma das entidades mais tradicionais e vitoriosas do esporte brasileiro, teve o CAP como um dos fundadores? É isso mesmo: o clube do Jardim América foi um dos responsáveis pela criação do Tricolor do Morumbi, junto com a antiga Associação Atlética das Palmeiras.

(Divulgação/São Paulo)

Fundado em 30 de novembro de 1900, o Club Athletico Paulistano surgiu com o intuito de valorizar e incentivar a prática da educação física entre os brasileiros, com o futebol sendo uma das principais modalidades praticadas.

E não demorou muito para o CAP conseguir bons resultados nos gramados brasileiros. Logo em 1902, o clube conquistou um vice-campeonato Paulista. Com o passar do tempo, foram 11 títulos Estaduais, a quinta maior marca do torneio – atrás apenas dos gigantes Corinthians, Palmeiras, Santos e o próprio São Paulo.

Os anos passaram, o cenário do futebol se modificou, e a profissionalização do esporte começou a ser algo comum. O Paulistano, com fortes raízes amadoras, se negava a assumir o status de clube profissional e até tentou seguir com a criação de uma liga amadora, a LAF (Liga dos Amadores de Futebol), em 1925.

Sem o apoio e reconhecimento da CBD (Confederação Brasileira de Desportos), a LAF durou pouco tempo e não teve muitos resultados. Até que em janeiro de 1930, a liga foi oficialmente dissolvida e o CAP abandonou o futebol. Alguns atletas e sócios, dentre eles jogadores, buscaram então uma outra solução: uma fusão com membros da Associação Athlética das Palmeiras para formar um novo clube de futebol.

O primeiro treino do “novo” São Paulo FC, com uniformes do Paulistano e da AA das Palmeiras (Divulgação/São Paulo)

E pronto. O resultado dessa união foi a criação do São Paulo Futebol Clube. De um lado, o Paulistano cedeu os jogadores do time campeão estadual no ano anterior. Do outro, a Associação Palmeiras forneceu seu estádio: a Chácara da Floresta, um dos melhores da época – hoje, a área é ocupada pelo extinto Clube de Regatas Tietê, na Avenida Presidente Castelo Branco.

“Por essa identificação, muitos (torcedores ou imprensa) viram no São Paulo a continuação do Paulistano. Não em termos de conquistas, que nunca foram passadas de um para o outro, mas no sentido de ‘se você torcia para o Paulistano, você torce agora para o São Paulo’. Como algo natural”, contou Michael Serra, historiador do São Paulo FC.

“Por outro lado, o São Paulo FC, com a Chácara da Floresta, naqueles quase seis anos de ocupação do lugar, se transformou na capital do futebol da cidade. Era a melhor praça esportiva de São Paulo, todos os principais jogos e eventos aconteciam lá. De jogos de seleções e partidas noturnas (foi o primeiro estádio paulistano dotado de torres de iluminação), à eventos de música e mesmo acampamento e treinamento de guerra (1932)”, completou o historiador do Tricolor.

A Chácara das Flores recebia os principais eventos da época (Divulgação/São Paulo)

No dia 25 de janeiro de 1930 foi assinada a ata de fundação do São Paulo Futebol Clube, que veio a se tornar um dos maiores clubes do esporte brasileiro. Pois é… O clube que nasceu a partir de uma fusão com o Paulistano hexacampeão Brasileiro, tricampeão da Libertadores e tricampeão Mundial de futebol.

“Podemos afirmar que o Paulistano foi, indiretamente, responsável pela formação do São Paulo Futebol Clube. Digo indiretamente porque foi uma decisão de associados do clube, não da diretoria do mesmo. Os associados se uniram a outros sócios da Associação Atlética das Palmeiras para organizar um clube de futebol”, falou Ana Paula Fernandes, historiadora do Paulistano.

Essa, na verdade, é uma relação que nunca morreu. Até mesmo Rogério Ceni, Edmílson, Evair e outros já vestiram o manto do CAP, como conta Ana Paula Fernandes.

“A relação entre ambos, desde então, é de cordialidade e proximidade. Em 2000, por exemplo, o São Paulo fez um jogo, no Morumbi, com a camisa comemorativa pelos 100 anos de fundação do Club Athletico Paulistano”, lembrou a historiadora do CAP.

Em 2000, estrelas do time de futebol do São Paulo vestiram a camisa do CAP (Divulgação/SPFC)

Mas e o basquete? Tão tradicional no Paulistano (campeão Paulista, campeão do NBB CAIXA e um dos maiores reveladores de atletas do país), o esporte da bola laranja se tornou, a partir de em 2019, a nova modalidade profissional do São Paulo FC. E não é que até no basquete há uma ligação histórica entre os dois clubes?

Fried, El Tigre: lenda e inspiração do mascote

Uma das figuras que passou pelos dois clubes foi Arthur Friedenreich. Ídolo do Paulistano, Fried, como era carinhosamente chamado, conquistou seis Campeonatos Paulistas pelo clube (1918, 1919, 1921, 1926, 1927 e 1929), além de ter sido o artilheiro da competição também em seis edições.

Ídolo nos dois clubes, Arthur Friedenreich foi um dos primeiros “craques” do futebol brasileiro (Divulgação)

Com a criação do São Paulo FC, Friedenreich vestiu a camisa do Tricolor no início de sua história. Ele defendeu o clube por cinco anos (1930 a 1935), com 125 jogos disputados e 105 gols marcados (11º maior artilheiro da história do time).

“Friedenreich foi o símbolo do que representava o São Paulo recém-criado. Era o maior jogador do futebol brasileiro no clube com a melhor estrutura do futebol paulista, que tinha um dos melhores times de futebol da época. Mesmo com uma idade considerava avançada, ele foi artilheiro e marcou mais de cem gols pelo time. Enfim, ícone de uma era de ouro, que, contudo, durou pouco tempo”, afirmou o historiador Michael Serra.

A historiadora do Paulistano relembrou o início da idolatria de Friedenreich no futebol e também a origem do apelido de “El Tigre”.

“Arthur Friedenreich é considerado o primeiro ídolo do futebol nacional.
Passou a ser conhecido internacionalmente após o Campeonato Sul-Americano de 1919, quando, na final contra o Uruguai, fez o gol que deu a vitória e o primeiro título de relevância ao Brasil. Foram os uruguaios que o apelidaram de ‘El Tigre’. Sua agilidade e inteligência em campo era admirada pela multidão”, revelou Ana Paula Fernandes.

 

Ver essa foto no Instagram

 

O Mascote Mais Bonito do Brasil! ❤🐯💯

Uma publicação compartilhada por Paulistano Basquete (@paulistano.basquete) em

Há dois anos, o Paulistano resolveu adotar um mascote para o clube, e a escolha serviu como uma homenagem para o lendário atleta do clube. Daí veio o Fried, “El Tigre”, que está presente em todos os jogos do time de basquete animando e interagindo com os torcedores da equipe.

O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), com chancela da Confederação Brasileira de Basketball (CBB), em parceria com a NBA, e conta com os patrocínios oficiais da CAIXA, Budweiser, Unisal, INFRAERO, Nike, Penalty, Plastubos e os apoios do Açúcar Guarani e Pátria Amada Brasil – Governo Federal.