HOJE
Eficiência x volume
Por Marcius Azevedo
Corinthians e CAIXA/Brasília Basquete percorrem caminhos distintos até o mesmo nível do perímetro e colocaram à prova modelos diferentes em duelo de grande nível no NBB CAIXA
Mesmo apresentando números próximos na linha de três pontos, tanto em conversões quanto na eficiência geral, Corinthians e CAIXA/Brasília chegam a esse patamar por caminhos diferentes. O confronto, que acontece nesta sexta-feira (12/12), no Wlamir Marques, em São Paulo, coloca frente a frente modelos ofensivos que se encontram nas estatísticas, mas se afastam quando analisamos a forma como constroem seus arremessos e o peso que o perímetro tem no funcionamento coletivo. O jogo terá transmissão da ESPN e Disney+.

No Corinthians, a bola de três é usada de maneira mais controlada e seletiva. O time alvinegro arremessa menos do perímetro (27,8 tentativas por jogo, sendo o 10º neste aspecto no NBB CAIXA), mas compensa isso com alta eficiência (37,4%, o melhor aproveitamento do campeonato, e 10,4 acertos por jogo, o segundo melhor), fruto de uma construção ofensiva baseada em leitura, paciência e identificação de situações realmente favoráveis. O Timão encontra seus melhores momentos quando consegue acionar os chutadores em equilíbrio, em ações bem trabalhadas de passe extra e movimentação sem a bola.
Por depender menos do volume e mais da precisão, não é incomum ver o Corinthians deslanchar quando consegue encaixar uma sequência curta, porém eficiente, de bolas de três. Esses momentos elevam o ritmo da equipe e obrigam o adversário a ajustar o sistema defensivo, já que a taxa de conversão corintiana costuma punir qualquer brecha. Nesse cenário, a eficiência é a engrenagem central do sistema ofensivo.

Jece Leite diz que cria oportunidades de três pontos tendo como foco o jogo interior. Foto: Beto Miller
“Nossa temporada no NBB CAIXA começou diferente do ano passado, mantivemos uma boa parte dos atletas e seguimos praticamente o mesmo padrão e sistema de jogo, tentamos construir um volume de dois pontos maior do que de três pontos, por se tratar de uma bola mais fácil, apesar de contarmos com grandes chutadores e estarmos nas primeiras posições em aproveitamento de três. Tentamos criar essa opção de arremesso de três, depois de criarmos uma situação mais aguda no garrafão”, explicou o técnico Jece Leite.
“Há jogos em que o volume de três é até maior ou igual ao de dois, mas isso acontece principalmente porque estamos tendo um aproveitamento muito alto naquele jogo. Lógico que temos situações específicas para arremessos de três, mas sabemos também que todos os times se preparam para esse jogo de xadrez que se torna cada partida. Sabemos da qualidade de CAIXA/Brasília com um jogo de bastante volume de arremessos e vamos buscar dificultar ao máximo isso”, completou o treinador do Corinthians.
Do outro lado, o CAIXA/Brasília chega a números parecidos por um caminho praticamente oposto. A equipe do Distrito Federal arremessa mais do perímetro (são 33,8 tentativas por jogo, o líder da competição), aumentando o volume como forma de manter seu ataque ativo e agressivo. Mesmo que os números sejam semelhantes aos do Corinthians (10,3 acertos por partida, o terceiro do NBB CAIXA, e 30,5% de aproveitamento, ocupando o 10º lugar), ele é sustentado justamente pelo grande número de arremessos. Quanto mais chuta, maior a possibilidade de equilibrar as oscilações naturais da partida.
Para o CAIXA/Brasília, o volume é parte da filosofia. O time acelera o jogo, ataca o aro, força rotações defensivas e gera muitos chutes livres a partir dessa dinâmica. As infiltrações e o jogo interior criam espaço para que os chutadores apareçam com mais liberdade, tornando o perímetro um complemento que funciona pela insistência e pela repetição, e não necessariamente pela precisão absoluta.

Dedé Barbosa foca o jogo em um alto volume de arremessos do perímetro. Foto: Matheus Maranhão/CAIXA/Brasília
“Esse volume é uma característica nossa. Desde a temporada passada já estamos com esse objetivo de dar confiança e apoiar os arremessos. É consequência direta da nossa leitura de jogo e da movimentação ofensiva. Nós criamos vantagem a partir da bola rodando bem, ocupando os espaços certos, o que gera arremessos mais equilibrados e, por isso, mantém o bom aproveitamento. Não é simplesmente chutar mais, é chutar melhor, dentro do que o jogo nos entrega. O Corinthians é sempre uma equipe muito dura de encarar. Vamos entrar concentrados para parar os arremessos deles também”, afirmou o técnico Dedé Barbosa.
Essa diferença de abordagem ajuda a explicar o momento das equipes. O CAIXA/Brasília chega ao confronto com um ataque de alto ritmo, que não se abala caso a bola de longe não caia no início, porque o volume tende a compensar ao longo da partida. Já o Corinthians, por depender de seleção e eficiência, precisa manter sua execução em alto nível para maximizar cada tentativa e transformar menos chutes em impacto real no placar.
No fim, mesmo com estatísticas semelhantes na linha de três, Corinthians e CAIXA/Brasília representam dois caminhos distintos dentro do basquete moderno: a eficiência como marca do sistema corintiano e o volume como motor do ataque brasiliense. É justamente essa dualidade que torna o duelo desta sexta-feira ainda mais interessante.
O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete, com patrocínio máster das Loterias, Caixa Econômica, Governo Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), chancela da Confederação Brasileira de Basketball, bola oficial Molten, marca oficial Kappa, e parcerias oficiais Cruzeiro do Sul Virtual, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.
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