HOJE
Maestro in concert
Por Juvenal Dias
Com regência de Elinho e soneto de Victão, Corinthians funciona como orquestra para superar Paulistano na casa de concertos Antonio Prado Jr.
Maestro Elinho regeu a vitória do Corinthians em cima do Paulistano, em pleno ginásio Antonio Prado Jr, nesta terça-feira (05/11), com direito a quebra de recorde histórico de assistências no NBB CAIXA. Elinho passou Fúlvio, com 2428 assistências contra 2416, e o Timão conquistou vitória importante na temporada 2024/25, se mantendo invicto fora de casa, com o placar de 75 a 69 .
Antes da assistência magistral de Elinho, o ala Munford mostrou que aprendeu bem como um bom discípulo, servindo Victão e Lucas Cauê para dois arremessos de fora do perímetro. Landeira e Lucas Dória também mostram seus dotes de servir companheiros pelo Paulistano. E os dois times trataram de jogar com a seriedade que um jogo de campeonato como o NBB CAIXA exigia.
Elinho já tinha apresentado outra de suas qualidades, invadindo o garrafão, fingindo o passe e batendo para a cesta em duas oportunidades. Então, quando o placar marcava 15 a 8 para o Corinthians Elinho encontrou Victão, ala/pivô que fez sua carreira inteira no Paulistano e veio na temporada 2024/25 para o Timão. Com passe lateral característico para a direita, o camisa 10 fez a finta entrando dentro do perímetro e acertando o arremesso que consagrou o Maestro como o maior garçom do NBB CAIXA.
+ Confira as estatísticas da partida entre Paulistano e Corinthians
Depois que a primeira assistência saiu, a tensão foi embora, Elinho ainda emplacou mais três antes de terminar o primeiro quarto e acertou um lance livre. No segundo período, continuou mostrando sua maestria em servir os companheiros, com duas assistências a mais na conta. Victão também estava inspirado contra o ex-time e foi para o intervalo com 18 pontos e o Timão liderando por 45 a 33.
No terceiro quarto, mais quatro assistências e cinco pontos para o astro da noite. Os números já representavam mais um duplo-duplo para Elinho, que somava dez pontos e dez assistências. Mas, como uma boa ópera que reserva seu Gran Finale, o Maestro ainda comandou o ato final para a orquestra voltar com a terceira salva de palmas no grande concerto da bola laranja. O armador ainda buscou dois rebotes em seu garrafão e serviu seus companheiros por duas vezes. O Paulistano fez tudo o que foi possível para entrar com sua música na festa e quase desafinou o coreto do Timão, diminuindo a diferença nos momentos finais. Porém, a vitória veio para o Alvinegro e Elinho pôde comemorar com um triunfo.
+ Confira a galeria de imagens da partida entre Paulistano e Corinthians
Ao ser questionado sobre o que representa ser o líder em um fundamento tão nobre e gentil, mas que é menos reconhecido do que quem pontua, Elinho respondeu: “É uma boa pergunta e o que falou é verdade. Hoje em dia, aqui no Brasil, isso está muito melhor, não vou negar. Mas, realmente, uma defesa, assistência, rebote, às vezes é pouco valorizado, trabalho sujo também. Mas é uma característica que eu sempre, sempre, sempre tive, sempre o passe foi minha primeira opção. Acho que se dá muito por quando eu comecei a jogar, os professores no colégio, o Tico, que é o assistente técnico do Pinheiros, foi o cara que me apresentou o basquete, a Telma, também do Pinheiros, que foi minha primeira técnica federada. Eles que me ensinaram a essência do basquete. Todo mundo sabe disso, eu fico muito mais feliz em dar uma assistência do que eu mesmo fazer a cesta. E não só de assistência na quadra, sou assim fora da quadra também, eu gosto de ajudar, de ver a galera em volta de mim feliz. Isso daí me faz feliz e consigo trazer isso um pouquinho para quadra. Isso se reflete nessas assistências.”
Geralmente, momentos históricos são realizados como tal depois que eles passam e que as pessoas olham para trás para entender a dimensão do que foi o acontecimento. No caso de Elinho, a história estava “programada” conforme o seu desempenho nos últimos jogos, isso desde a temporada passada do NBB CAIXA. O Maestro contou essa administração da ansiedade até que a marca se concretizasse. “Eu já sabia, acho que todo mundo já sabia, faz tempo que a galera perguntava se seria nessa temporada. Na semana passada, lá no Rio, conseguimos ganhar os jogos, dei treze assistências (na vitória contra o Flamengo). Então, todos, na hora que eu voltei, falaram que estava chegando e perguntavam se seria em casa ou qual jogo aconteceria. Todo mundo tentou se programar para estar no jogo, mas é algo que eu tentei deixar naturalmente acontecer. É um negócio que, lógico, passa na sua cabeça, tudo. Teve pessoas falando, pessoas comigo me filmando, sai um pouco da minha rotina, mas eu tentei ser o mais natural possível, consegui fazer, estava zero pressão, porque uma hora iria acontecer. Poderia chegar aqui hoje e não dar nenhuma assistência, poderia acontecer muita coisa e não acontecer isso hoje. Então, foi natural e estou muito feliz.”
No fim, Elinho ainda terminou como o quarto maior pontuador do Corinthians na partida com dez pontos, dois rebotes e 12 assistências, na noite em que Victão fez 22 pontos (cestinha do duelo), sua maior pontuação em um jogo do NBB CAIXA e com parte desses pontos vindos das assistências do Maestro. “É uma característica que gosto bastante, controlar o jogo. O Corinthians me dá muito essa liberdade, o Jece (treinador) e todo mundo. Quando não acontece, como nos últimos jogos que perdemos, não impomos nosso ritmo, isso é culpa minha. Como armador, eu preciso colocar o ritmo, melhorar. Eles me dão total confiança, falamos no intervalo que não significaria nada bater o recorde, não seria uma noite super especial para mim depois da derrota. Eles me deram essa vitória, no final até falaram que foi para mim, mas foi um trabalho de equipe”, concluiu Elinho.
O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Sportsbet.io, Penalty e UMP e apoio oficial Infraero, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.