HOJE
O Pinheiros é o Brasil no Interligas!
Por Gustavinho Lima
O torneio sub-22 entre brasileiros e argentinos terminou com vitória do time da capital paulista e o Gustavinho Lima passou a limpo essa conquista do Pin no Interligas LDB 2023
Como atual campeão da LDB, a equipe sub 22 do Pinheiros viajou à cidade de Oberá, na Argentina, e venceu todos os seus confrontos para levantar o troféu do Interligas. Os quatro melhores times de Brasil e Argentina se enfrentaram em um “Final Four” (todos contra todos). Um intercâmbio incrível entre essas duas ótimas escolas de basquete, sem dúvida enriquecedor para todos os jovens dos dois países. O Interligas é tão relevante para o desenvolvimento do basquete, que as duas ligas já confirmaram que a próxima edição contará com 8 participantes, sendo os 4 melhores classificados de cada país.
Na abertura do torneio, demonstrando muita capacidade de resiliência, o Pinheiros bateu de virada o tradicional Instituto de Córdoba 75 x 71. Afiado na linha de três pontos (4/6), o ala Yan Djalo foi o grande nome do azul e preto com 19 pontos, 8 rebotes e 25 de eficiência. O time dirigido por Jonathan Cintra ficou boa parte do último quarto atrás no placar, mas voltou ao jogo através de boa competitividade na defesa e conseguiu a vitória nos segundos finais em um espetacular “step back” de três pontos do sempre ousado Adyel.
Uma vitória dessa maneira traz muita confiança para a sequência do campeonato. Na partida seguinte, o Pinheiros entrou com moral contra o São José dos Campos, obteve uma superioridade absurda nos rebotes 54 (sendo 25 ofensivos) x 25 e venceu o atual vice-campeão da LDB por 79 x 67. Melhores números da carreira do pivô Agapy, que brigou muito na tábua, com 20 pontos,16 rebotes (sendo 10 de ataque) e 34 de eficiência para o pivozão.
A finalíssima foi um bom e velho Brasil x Argentina. O Pinheiros enfrentou o Oberá, donos da casa e atual campeão da LDD (Liga de Desarollo), que também havia vencido seus dois adversários iniciais. Estava em jogo o título da competição, disputado pelos dois melhores times da América do Sul.
Antes da análise final, um breve contexto sobre a o histórico recente dessa rivalidade antiga entre brasileiros e argentinos.
Brasil x Argentina
A rivalidade no esporte é um dos melhores combustíveis. O oponente que por algum motivo vira inimigo momentâneo. São muitas as variáveis para que tenha início uma rixa. Aspectos sociais, políticos e esportivos estão no cerne e fazem aflorar algumas animosidades. No caso da rivalidade entre Brasil e Argentina eu particularmente gosto das provocações (quando não violentas) vindas de ambas as partes. No esporte, esse é um dos ingredientes que dão mais sabor ao resultado final.
Nos últimos anos, a seleção brasileira adulta tem penado contra o selecionado argentino. Na última Copa América, em 2022 no Recife, o Brasil ficou com a prata. Um chute do Lucas Dias que faria a festa das arquibancadas, caprichosamente entrou e saiu e o ouro ficou com os hermanos.
Entre a seleção de novos demos o troco na Copa América sub-18. Reynan botou a bola de baixo do braço e deu “Brasa” contra a Argentina na Final. No entanto, nesse ano de 2023, há poucos dias, essa mesma geração sofreu outro revés no mundial sub-19 para os “pibes” argentinos. Derrota doída de uma equipe muito talentosa e promissora nas oitavas de final, pondo fim ao sonho de medalhas.
No cenário dos clubes a rivalidade é a mesma. No entanto, os brazucas vêm levando consideravelmente vantagem contra nossos vizinhos. Na última década, o Brasil só não venceu a medalha de ouro uma vez nos campeonatos da Liga das Américas, (posteriormente virou BCLA) e também do Sul-Americano. De 2012 a 2023, somando as duas competições, a taça foi erguida 15 vezes por times brasileiros em 19 possíveis (duas temporadas não houve competição). Uma BCLA e um sul-americano foram vencidos pela equipe do Guaros de Lara, da Venezuela. As agremiações argentinas ganharam somente duas vezes nesses anos todos. Em oito oportunidades foram vice campeões, perdendo para os brasileiros na final. Dá para dizer que são fregueses!
Mas os argentinos não irão escutar calados! Possivelmente irão apelar para a Olimpíada no Rio, e o rebote do Campazzo e… “faz a falta”, não… “triple” do Nocioni. Desculpem o devaneio. Melhor parar por aí! Tem que respeitar porque os caras são campeões olímpicos!
Brasil e Argentina é, e sempre será, um dos maiores clássicos do mundo independente da modalidade.
A grande final – Pinheiros x Oberá
O Oberá tem um time no melhor estilo argentino. Organizado taticamente, brigador e que valoriza a posse de bola. Dois jogadores em especial, Azpilicueta e Quiroga, que já atuaram nas seleções de base da Argentina, tentaram se impor na primeira metade da peleja mas esbarraram na forte defesa pinheirense. O versátil Tarnowyck cresceu de produção na segunda metade, contribuiu com 18 pontos, mas não foi o suficiente para os hermanos,
O que se viu foi o maior campeão da história da LDB (5 vezes) ditando o ritmo de jogo. O Pinheiros tem uma formação muito atlética com Adyel e Djalo correndo a quadra. A dupla soube uma vez mais “furar” a defesa e criar desequilíbrios. Sempre muito agressivos em relação à cesta quebraram totalmente o sistema de jogo defensivo dos argentinos.
O armador e capitão Tico do Pinheiros comandava o time com a sua vibração já característica. Com a mão quente, o “baixinho” matou 5 bolas de longa distância e terminou a partida com 17 pontos. Vindo muito bem do banco, o atlético Ivan Neto foi fundamental e anotou um duplo – duplo expressivo de 18 pontos e 10 rebotes.
O técnico Jonathan Cintra explorou formações bem diferentes em quadra e o ponto forte de seu time foi, sem dúvida, foi a sólida defesa. Com todos os jogadores defendendo de maneira coletiva, conectados, saltando para a bola e se comunicando, deixaram o Oberá em 31 pontos no 1° tempo. O pivô Fidélis foi uma peça importante, conseguindo defender os “miss match”, sustentando os cortes e sem cometer faltas desnecessárias. Como é característico também da equipe principal, o Azul e Preto dominou os rebotes. Foram 14 ofensivos contra 5 do time da casa.
Atuante dos dois lados da quadra Adyel Borges fez novamente uma grande atuação (21 pontos 4/8 de 3 pt) e com total méritos foi eleito MVP da competição. O ala/armador terminou com média de 23 pt, 5 reb, 3,3 as e 21,3 de eficiência.
Foi uma vitória emblemática do Esporte Clube Pinheiros 79 x 71, calando as arquibancadas do Ginásio do Oberá. O amadurecimento no esporte passa por ter equilíbrio psicológico e controle emocional diante de momentos de decisão. Ter a capacidade e a coragem de performar em uma final diante da torcida do rival é um fator que eleva o nível do jogador. Saber lidar com a pressão é um dos grandes aprendizados do basquete e a equipe do Pinheiros sai muito fortalecida desse Interligas nesse aspecto.
Os jovens campeões sem dúvida devem comemorar essa conquista e daqui há muitos anos, rememorar e se divertir ao lembrar dessa vitória sobre seus rivais históricos. Como diria o ilustre Galvão Bueno, “ganhar é bom, mas ganhar dos argentinos é melhor ainda”.