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Mundial de Clubes

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24-09-2015 | 05:47
Por Liga Nacional de Basquete

Campeões da Liga das Américas e da Euroliga, Bauru e Real Madrid (ESP) iniciam disputa pelo título do Mundial de Clubes nesta sexta-feira, no Ginásio do Ibirapuera

Bauru se sagrou campeão invicto da Liga das Américas e conquistou seu 4º título em 4 competições na temporada (Gaspar Nóbrega/Inovafoto)

Bauru é o atual campeão das Américas e agora está em busca do inédito título mundial (Gaspar Nóbrega/Inovafoto)

Chegou a hora de saber quem é o dono do mundo no basquete. Nesta sexta-feira (25/09), Paschoalotto/Bauru, campeão da Liga das Américas 2015, e Real Madrid (ESP), dono do título da última edição da Euroliga, estarão frente a frente no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo (SP), às 21 horas (de Brasília), para o primeiro jogo da Copa Intercontinental 2015, que terá transmissão ao vivo do SporTV.

Depois, no domingo (27/09), as duas equipes voltarão à quadra do Ibirapuera para o segundo e derradeiro jogo do torneio que definirá o campeão mundial. A partida acontecerá às 12 horas (de Brasília) e também será transmitida ao vivo pelo SporTV.

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“Estaremos em casa, vamos para o Ibirapuera e não poderia ser melhor. Poderíamos estar jogando na Espanha, mas estaremos em casa e convoco todo mundo para torcer por nós. Não será Bauru e Real Madrid, mas sim Brasil contra Espanha. É por isso que eu espero que todos que compareçam venham torcer pelo Bauru e, consequentemente, pelo basquete do nosso país, que terá um desafio muito importante e difícil pela frente. É nossa chance de fazer história”, destacou o armador Ricardo Fischer.

“Sabemos que Bauru é uma equipe que joga muito bem no contra ataque, arremessa muitas bolas de 3 pontos, tem uma defesa agressiva, com jogadores como o Rafa (Hettsheimeir), que jogou com a gente, Alex Garcia, que é um dos jogadores mais importantes do elenco, e vários outros que estão com muita vontade de vencer. Sei que não vai ser fácil”, comentou o armador espanhol Sergio Llull, maior ídolo da história recente do basquete do Real Madrid.

Repleto de estrelas, Real Madrid possui um dos melhores elencos da Europa (Divulgação/Euroleague.net)

Maior campeão mundial da história, Real Madrid vai em busca de seu 5º título do torneio (Divulgação/Euroleague.net)

Disputada em uma melhor de duas partidas, a Copa Intercontinental terá como campeão a equipe que vencer as duas partidas ou conquistar o melhor saldo de cestas na somatória dos resultados dos dois confrontos. Na edição passada, por exemplo, o Flamengo perdeu o primeiro jogo para o Maccabi Tel-Aviv (ISR) por três pontos de diferença (69 a 66), mas ganhou o segundo duelo por 13 pontos de vantagem (90 a 77) e sagrou-se campeão do mundo.

Local conhecido

Palco de grandes disputas na modalidade da bola laranja, inclusive do memorável título mundial do E.C. Sírio em 1979, o primeiro de um clube brasileiro na história, o Ginásio do Ibirapuera volta a receber a competição após 31 anos – a última vez foi em 1984, quando o Brasil foi representado pelo mesmo Sírio, mas o campeão foi o Pallacanestro Roma (ITA).

“É um sonho disputar um Mundial, principalmente por ser aqui no Ibirapuera. Sou natural de São Paulo e poder jogar neste ginásio com uma enorme tradição me deixa ainda mais empolgado para esses dois jogos. Temos ciência de que o Real Madrid é uma grande equipe, mas também sabemos que as coisas se resolvem dentro da quadra”, disse Ricardo Fischer.

+Saiba mais: 34 anos depois, Real Madrid volta ao Ibirapuera, palco de seu último título mundial

Além dos citados anteriormente, o Ibirapuera também recebeu os Mundiais Interclubes de 1973, que teve como representante brasileiro também o Sírio, vice-campeão, e foi vencido pelo Ignis Varese (ITA), e o de 1981, mais uma vez com o Sírio representando o Brasil e vice-campeão, mas vencido pelo próprio Real Madrid (ESP).

Maior campeão da história do torneio, com quatro conquistas (1976, 1977, 1978 e 1981), o clube merengue agora está de volta ao palco de sua última conquista e, agora, 34 anos depois, tentará acrescentar mais um troféu do Mundial Interclubes à sua galeria.

Elencos de respeito

– Bauru

Representante do basquete brasileiro na Copa Intercontinental 2015, o Paschoalotto/Bauru disputa pela primeira vez um título mundial e por isso entrará em quadra com um dos melhores elencos da América Latina, não à toa conquistou o título da Liga Sul-Americana e da Liga das Américas 2015 e ainda ficou com o vice-campeonato na sétima edição do NBB.

O destaque fica por conta do experiente ala Alex Garcia, de 35 anos, que possui em seu currículo nada menos que quatro Copas do Mundo (2002, 2006, 2010 e 2014) e uma Olimpíada (2012) com a Seleção Brasileira, além de uma passagem pela NBA (San Antonio Spurs e New Orleans Hornets) e uma final de Euroliga quando defendeu o Maccabi Tel-Aviv (ISR) na temporada 2007/2008. Nesta oportunidade, inclusive, Alex enfrentou o Real Madrid (ESP) duas vezes na competição europeia e venceu as duas.

+Saiba mais: vice-campeão da Euroliga, Alex Garcia está invicto contra o Real Madrid

Outro que carrega tamanha experiência em sua bagagem é o pivô Rafael Hettshemeir, nome crucial na classificação do Brasil para os Jogos Olímpicos de Londres (2012), que também disputou a Copa do Mundo de 2014 e conquistou o ouro pan-americano de Toronto. De quebra, o jogador defendeu as cores do próprio Real Madrid em sua passagem de nove anos pelo basquete espanhol, em que atuou por CAI Zaragoza e Unicaja Málaga, além de equipes da segunda e terceira divisões.

Um dos mais experientes do elenco do Bauru, Alex é uma das principais esperanças da equipe brasileira (José Jimenez Tirado/FIBA Américas)

Um dos mais experientes do elenco do Bauru, Alex é uma das principais esperanças da equipe brasileira (José Jimenez Tirado/FIBA Américas)

Também importantes no ouro pan-americano da Seleção Brasileira no Canadá, o armador Ricardo Fischer, o ala Léo Meindl e o ala/pivô Rafael Mineiro (contratado exclusivamente para o Mundial) também adquiriram experiência internacional e podem ser decisivos para o Bauru diante do Real Madrid. Mineiro, inclusive, disputou a edição 2013 da Copa Intercontinental pelo EC Pinheiros contra o Olympiacos (GRE), assim como o armador Paulinho Boracini, que inclusive foi capitão da equipe pinheirense na ocasião.

“A característica do nosso time é a força nos arremessos de três. Temos excelentes chutadores em todas as posições, desde a armação até os pivôs, que também abrem e chutam. Mas a equipe do Real Madrid é muito forte, alta, e temos de trabalhar mais e com muita paciência para que esses chutes saiam livres. Pensar na infiltração, movimentar a defesa deles e envolvê-los para depois buscar o chute, porque qualquer precipitação pode ser fatal”, analisou Ricardo Fischer.

– Real Madrid

Em busca de seu quinto título mundial na história, o Real Madrid chega ao Brasil com um dos melhores elencos no universo FIBA. Na temporada passada, a equipe da capital espanhola faturou todos os títulos que disputou – Liga ACB, Supercopa da Espanha, Copa do Rei e Euroliga. Agora, os merengues querem adicionar mais um troféu à sua galeria, e para isso vieram com esquadra completa e força total.

+Saiba mais: Real Madrid (ESP) tem 5 na seleção Espanha e 9 garantidos nas Olimpíadas de 2016

Com cinco atletas campeões do Pré-Olímpico Europeu com a seleção da Espanha – os armadores Sergio Rodríguez e Sergio Llull, o ala Rudy Fernández, e os pivôs Felipe Reyes e Willy Hernángomez – e um vice-campeão – o lituano Jonas Maciulis –, os madridistas ainda tem Andrés Nocioni, campeão do Pré-Olímpico das Américas com a Argentina, na lista de jogadores garantidos nos Jogos Olímpicos do Rio em 2016.

“A equipe está bem fisicamente, um pouco rodada por conta das partidas nas nossas seleções, mas ainda sim muito bem. O núcleo forte da temporada passada se manteve e isso facilitará as coisas. E os jogadores novos também estão se esforçando bastante para ajudar a equipe”, concluiu o merengue Sergio Llull, que somou média próxima a dez pontos por jogo no Eurobasket 2015 pela seleção da Espanha.

Gustavo Ayón, Rudy Fernandez, Nocioni, Felipe Reyes e cia: Real Madrid possui elenco repleto de estrelas (José Jimenez Tirado/FIBA Américas)

Gustavo Ayón, Rudy Fernandez, Nocioni, Felipe Reyes e cia: Real Madrid possui elenco repleto de estrelas (José Jimenez Tirado/FIBA Américas)

Dos citados acima, Rodríguez, Rudy e Nocioni já tiveram longas passagens pela NBA, assim como o ala/pivô mexicano Gustavo Ayón e os recém contratados Jeffery Taylor, ala sueco, e Trey Thompkins, ala/pivô norte-americano. Além deles, o jovem pivô Guillermo “Willy” Hernángomez, de 21 anos e 2,10m de altura, foi selecionado pelo Philadelphia 76ers no último Draft da NBA e também pode figurar na liga norte-americana nos próximos anos.

De quebra, o Real Madrid trouxe ao Brasil um garoto que é tratado como uma das grandes promessas da equipe: o esloveno Luka Doncic, de apenas 16 anos. O armador, de 1,98m de altura, foi MVP da liga espanhola Sub-18 e da Euroliga Sub-18, ambos com título do clube merengue, e registrou média de 35,0 pontos no Eurobasket Sub-16 por sua seleção.

“É um grande orgulho estar aqui. Me lembro de jogar a primeira edição da Liga das Américas por um time mexicano e agora estar aqui com o Real Madrid é algo que significa muito para mim. O Real Madrid tem muita gana nessa copa, já que é a primeira vez para todos os jogadores de nossa equipe. Esperamos fazer um grande torneio e que no domingo a festa seja nossa aqui em São Paulo”, afirmou o pivô Ayón, um dos grandes nomes do Real Madrid.

Preparações

Bauru tem usado o Campeonato Paulista como preparação para o Mundial de Clubes (Caio Casagrande/Bauru Basket)

Bauru tem usado o Campeonato Paulista como preparação para o Mundial de Clubes (Caio Casagrande/Bauru Basket)

Para chegarem à Copa Intercontinental 2015 nas melhores condições possíveis, Bauru e Real Madrid pegaram firme nas preparações. A equipe brasileira usou o Campeonato Paulista 2015 como parâmetro e, mesmo sem o time completo em todas as partidas, puderam aprimorar seu ritmo de jogo na competição estadual.

Na fase de classificação, a equipe bauruense ganhou quatro das 12 partidas que fez, a maioria delas com desfalques por conta das participações de seus atletas nos Jogos Pan-Americanos de Toronto e na Copa América pela Seleção Brasileira, como Ricardo Fischer, Léo Meindl e Rafael Hettsheimeir, e também do período de férias de outros, como Alex Garcia e Robert Day.

“Hoje o mundo é online, então todos têm informações sobre qualquer equipe. Estamos estudando o Real Madrid há algum tempo e já vinhamos acompanhando os jogos na acb e euro é um time que joga mt forte, até diferente do que é visto na europa. Eles tem uma defesa muito boa e um ritmo de jogo muito constante, mas nossso time está se ajustando e vamos dar nosso máximo nessas duas partidas”, comentou o técnico Guerrinha, do Bauru.

Já o Real Madrid viveu situação semelhante com seu plantel e realizou praticamente todo seu período de pré-temporada com time incompleto, devido às presenças de seus atletas na Copa América – o argentino Andrés Nocioni e o mexicano Gustavo Ayón – e no Pré-Olímpico das Europeu,  o “Eurobasket”, que contou com a presença de sete atletas do clube merengue, todos eles finalistas – os espanhóis Sergio Llull, Sergio Rodríguez, Rudy Fernández, Felipe Reyes e Willy Hernángomez, e o lituano Jonas Maciulis.

Mesmo desfalcado de suas principais estrelas, Real Madrid se preparou firme para o Mundial de Clubes (Divulgação)

Mesmo desfalcado de suas principais estrelas, Real Madrid se preparou firme para o Mundial de Clubes (Divulgação)

Como forma de preparação, a equipe madrilena participou do Torneio de Córdoba, no qual jogou três partidas, contra Khimki (RUS), Unicaja Málaga (ESP) e Sevilla (ESP), esta última, com Ayón e Nocioni em quadra, a única vitória merengue no torneio. Em quase todas as suas partidas preparatórias, os madrilenhos apostaram no ala/armador norte-americano Jaycee Carroll, no também estadunidense Trey Thompkins, um dos recém contratrados, e o garoto esloveno Luka Doncic, de apenas 16 anos.

+Saiba como foi a preparação do Real Madrid para o Mundial de Clubes contra o Bauru

“Sabíamos que teríamos um curto tempo de preparação por conta do conflitos de datas das seleções nacionais. Mas de qualquer forma, estou muito contente com as participações dos jogadores em suas seleções, mas também tenho ciência de que nossa preparação não foi a ideal para uma competição de tamanha importância. De qualquer forma mantivemos boa parte do nosso elenco em relação à temporada passada e isso é muito válido”, declarou o técnico do Real, Pablo Laso.

A Copa Intercontinental de Clubes

Em 1966, a FIBA (Federação Internacional de Basquete) reuniu quatro dos principais clubes do mundo para a disputa do primeiro torneio mundial interclubes de basquete, realizado na cidade de Madri, na Espanha. A competição, que ficou conhecida como Copa Intercontinental, teve o Ignis Varese, da Itália, como o primeiro campeão ao superar o Corinthians (SP) na decisão.

A Copa Intercontinental foi disputada 21 vezes, entre os anos de 1966 a 1987 – somente em 1971 e 1972 não foi disputada – e também com uma edição extra em 1996. O Brasil esteve presente em todos os torneios e foi representado por equipes tradicionais do basquete nacional, como Corinthians, Franca (SP), Botafogo (RJ), Sírio (SP) e Monte Líbano (SP).

Em 1979, a cidade de São Paulo recebeu a competição, pela segunda vez (a primeira foi em 1973). O representante brasileiro, o Esporte Clube Sírio, conseguiu chegar à final diante da forte equipe da antiga Iugoslávia, o KK Bosna. Com o Ginásio do Ibirapuera completamente lotado, os alas Oscar Schmidt e Marcel de Souza e o pivô Marquinhos Abdala lideraram a equipe do Sírio à conquista inédita do título mundial.

Além desse feito, o Brasil conquistou também seis vice-campeonatos mundiais: Corinthians (1966), Sírio (1973 e 1981), Franca (1975 e 1980), Monte Líbano (1985). Em 2013, a FIBA anunciou a volta do torneio e o Olympiacos, da Grécia, venceu o Pinheiros/SKY, em disputa realizada na cidade de Barueri (SP), para ficar com o primeiro título da “Era Moderna” do torneio.

Em 2014, o Flamengo voltou a colocar o Brasil no lugar mais alto do pódio da Copa Intercontinental. Ao lado de sua fanática torcida, que compareceu em peso na HSBC Arena, no Rio de Janeiro, nas duas partidas, o time rubro-negro superou o tradicional Maccabi Tel-Aviv, de Israel, e conquistou o mundo.

Na primeira partida, a equipe europeia levou a melhor, por 69 a 66, mas o apertado placar deixou a disputa pelo título completamente aberta. E os cariocas conseguiram reverter o cenário no segundo jogo. Com a vitória por 90 a 77, os comandados do técnico José Neto garantiram o histórico título e fizeram o dia 28 de setembro de 2014 se tornar histórico não só para o Flamengo mas para todo o basquete nacional.