HOJE
Enfim, juntos!
Por Liga Nacional de Basquete
O encontro tão esperado de Fernando e Ricardo Fischer: depois de se enfrentarem muitas vezes, para nervosismo da mãe, os dois jogarão juntos no Bauru
A situação de dois irmãos em lados opostos dos gramados e quadras no esporte não chega a ser incomum. Atualmente, houve exemplos como Alecsandro e Richarlysson no futebol e Gustavo e Murilo no vôlei. O basquete também teve um confronto familiar por algum tempo, com Fernando e Ricardo Fischer. Mas isso não vai acontecer mais. Depois de muito tempo, enfim, os Fischers vão atuar juntos, integrando nesta temporada o time do Paschoalotto/Bauru.
A reunião familiar acaba de vez com a situação que ambos consideravam estranha. Ninguém queria que o outro não jogasse bem na quadra. Mesmo com a meta de vencer o jogo, um irmão torcia para que o outro fosse muito bem na partida. Na torcida, a mãe deles não sabia o que fazer, achava totalmente sem necessidade que um marcasse o outro e só gostaria que todas as partidas em que seus filhos duelassem terminassem empatadas.
Graças a uma proposta do Bauru, Ricardo, de 21 anos, pôde finalmente se juntar a Fernando, de 31 anos. Até isso acontecer, foram alguns anos de distância entre dois irmãos que sempre foram muito ligados, desde o dia do nascimento do mais novo. Telefone, internet, jantares esporádicos, qualquer coisa valia para matar a saudade. Que também era eventualmente quebrada com os encontros “desagradáveis” entre os dois nas partidas.
Apesar da oportunidade da tão esperada reunião, Fernando fez questão de ficar neutro. Não quis se envolver na negociação de Ricardo, não deu nenhum palpite. Apenas torceu para que tudo desse certo e que o sonho dos dois e toda a família Fischer fosse concretizado.
Aconteceu. Agora, Fernando e Ricardo Fischer vão vestir a mesma camisa. Vão poder torcer um para o outro sem medo de que isso acarrete na derrota do time que defende. Vão poder trocar passes, assistências, comemorar pontos juntos. E existe a possibilidade de comemorarem um título juntos – Bauru é um dos favoritos aos títulos do NBB e do Paulista.
O que era estranho pode passar a ser incrível. E é sobre isso que os dois, separadamente, falaram ao site do NBB. Apesar de as entrevistas não terem sido feitas com os dois juntos, muitas respostas são parecidas. Provando a ligação intrínseca dos irmãos do basquete.
A ligação entre os Fischers
Fernando Fischer: “Nós sempre fomos muito próximos. Lembro do primeiro dia que ele chegou em casa da maternidade, eu voltando da escola. Mas por causa do basquete, a gente passou a viver longe, ele foi cedo para a Suíça”.
Ricardo Fischer: “A gente é muito ligado, sempre tentamos sair juntos. Quando estávamos distantes, a gente sempre se falava por telefone, internet. Mas agora que estamos juntos na mesma cidade, a gente sê vê nos treinos e faz as coisas juntos”.
Os confrontos Fischer x Fischer
Fernando Fischer: “Na Suíça, chegamos a treinar juntos, mas não jogamos. Já tivemos muitos confrontos, como Hebraica x Barueri e São José x Bauru. Era uma situação bem estranha. Eu torcia para que ele jogasse muito bem, fizesse muitos pontos, mas que meu time ganhasse”.
Ricardo Fischer: “Jogar contra ele era meio estranho. Ele sempre esteve ao meu lado, sempre torceu ao meu favor. A gente foi se acostumando a essa situação, mas nunca foi legal. Sempre que joguei contra ele, torcia para ele jogar muito bem, mas pensando em ganhar. A gente sempre foi assim, torcíamos pelo nosso bem, mas tínhamos de vencer. Agora eu vou torcer para a gente, para ele meter muitas bolas, assim, a gente vai vencer junto”.
A oportunidade da esperada reunião
Fernando Fischer: “Quando ele saiu de Barueri, ele tentou vir para Bauru, mas não deu certo daquela vez. Aí ele fez um bom campeonato pelo São José e causou o interesse do Bauru. Eu nunca quis o influenciar. É lógico que eu queria jogar com ele, sempre foi o nosso sonho, mas ele tinha de tomar a decisão por conta própria. E foi uma boa decisão, independentemente de jogar comigo. Ele vai ter mais minutos de jogo, vai estar numa equipe formada, com o Guerrinha”.
Ricardo Fischer: “No fim do NBB, tive essa grande oportunidade de jogar no Bauru, um crescimento profissional para a minha carreira, trabalhar com o Guerrinha. Mas sempre que eu tentei pegar uma opinião do meu irmão, de prós e contras de jogar no Bauru, ele sempre preferiu não opinar”.
O primeiro jogo juntos
Fernando Fischer: “A gente quase não jogou junto, eu tive uma contusão e fiquei três semanas parado. Devo voltar em duas semanas. Mas a gente já jogou, e foi muito legal. Ele me deu uns bons passes, já fiz cestas com assistências dele. Foram minhas primeiras cestas com passes dele. Ele conhece meu estilo de jogo”.
Ricardo Fischer: “Jogar com ele foi demais. Pude passar uma bola para ele fazer cesta, a gente se cumprimentou depois de uma cesta pela primeira vez”.
O sofrimento que virou alegria da mãe
Fernando Fischer: “Minha mãe nunca sabia o que fazer quando nos enfrentávamos, não sabia direito para quem torcer. Ela nunca gostou dessa situação de a gente se marcar na quadra, ela até achava que isso não era necessário (risos). Agora ela está bem feliz”.
Ricardo Fischer: “Todo mundo da família está mais tranquilo agora. A minha mãe ficava desesperada ao ver nós dois jogando um contra o outro”.
O sonho do título em família
Fernando Fischer: “Eu penso nessa possibilidade de ganhar o título com meu irmão. Penso muito. Seria uma realização pessoal, um momento especial. Seria o máximo!”.
Ricardo Fischer: “Sempre pensamos na chance de conquistarmos um título juntos. Sabemos que é uma boa possibilidade, pelo time que Bauru tem, mas não vai ser fácil, têm outros times muito fortes. A gente treina para chegar a isso. Se acontecer, levantar a taça com meu irmão vai ser incrível!”.
A primeira partida em que Fernando e Ricardo Fischer atuarão pelo mesmo time no NBB será na estreia de Bauru na temporada 2012/2013, contra justamente o ex-time de Ricardo, o São José/Unimed, fora de casa, no dia 24 de novembro.