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Referência histórica

26-12-2025 | 11:21
Por Marcius Azevedo

Entidades, clubes, atletas, treinadores e profissionais do esporte prestam última homenagem a Claudio Mortari e destacam o legado de um dos grandes nomes do basquete brasileiro

O basquete brasileiro está de luto pela morte do técnico Claudio Mortari, aos 77 anos. Um dos treinadores mais respeitados e vencedores da história da modalidade no país, ele teve sua trajetória reverenciada por clubes, entidades, jogadores, treinadores e profissionais do esporte, que prestaram homenagens e destacaram o legado deixado dentro e fora das quadras.

A confirmação do falecimento foi feita pela família, por meio de uma publicação no perfil oficial do treinador no Instagram. Na mensagem, os familiares ressaltaram uma vida inteiramente dedicada ao basquete. A partir daí, uma série de homenagens passou a ocupar as redes sociais de entidades e personagens ligados à modalidade.

Entre as entidades, a Confederação Brasileira de Basketball publicou nota oficial lamentando a perda e classificou Mortari como um dos maiores técnicos da história do basquete brasileiro, destacando sua passagem pela seleção nacional e a influência direta na formação de atletas e treinadores. A Federação Paulista de Basketball também se manifestou, reforçando a importância histórica do treinador para o basquete paulista e nacional.

Ex-presidente da Liga Nacional de Basquete, João Fernando Rossi enalteceu o profissional e o ser humano Claudio Mortari. Eles trabalham juntos, primeiramente, no Pinheiros e depois, mais tarde, no São Paulo. Nos dois projetos, destacou Rossi, o treinador aceitou assumir desafios enormes. No Tricolor, por exemplo, ele chegou para ser o treinador na Liga Ouro, Divisão de Acesso ao NBB CAIXA.

“Para mim foi um privilégio conviver com o Claudio Mortari durante mais de 20 anos, dentro e fora da quadra. Na quadra, pude conviver com um profissional extremamente vencedor, um trabalhador, um profissional dedicado. Para ele não existia feriado, não existia folga, eram 24 horas por 7 dias. Não existia Natal, não existia Ano Novo. Um homem que tinha conhecimento técnico, mas ele tinha um plus, que era saber trabalhar com o ser humano. Ele tinha uma capacidade de interpretar os jogadores e retirar deles o máximo possível. Ele era um gestor de pessoas. Conseguia trabalhar desde o jogador mais importante até aquele que estava no juvenil, porque tinha uma gestão de vestiário impressionante”, afirmou Rossi.

João Fernando Rossi trabalhou com Claudio Mortari no Pinheiros. Foto: João Pires

“Fora de quadra, que é o que eu mais gostava, tivemos uma convivência quase que diária, pós-treino, pós-jogo, que era tomar o nosso café, comer a nossa pizza e também comer os hambúrgueres. E, tanto na vitória quanto na derrota, estávamos sendo juntos. Uma pessoa brilhante, uma pessoa interessante de conversar, formada em economia pelo Mackenzie. Ele tinha uma capacidade de entreter a conversa, que era muito agradável. Estar com ele, conviver com ele, era uma satisfação diária”, completou.

Diversos clubes que marcaram a trajetória de Mortari também prestaram homenagens. O Esporte Clube Sírio relembrou a histórica conquista do Mundial Interclubes de 1979, título que marcou época e colocou o basquete brasileiro em evidência no cenário internacional. Flamengo, São Paulo, Palmeiras, Rio Claro, Mogi Basquete, Sesi Franca e Corinthians, entre outros clubes, também realizaram publicações enaltecendo o legado do treinador, sempre citado como relevância histórica e de fundamental papel em todos os times em que trabalhou, além de destacar suas conquistas.

Instituições ligadas ao esporte olímpico também prestaram homenagens. O Comitê Olímpico do Brasil destacou a participação de Claudio Mortari como técnico da seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Moscou 1980, ressaltando sua contribuição para o desenvolvimento do basquete nacional em competições de alto nível. “Treinador vencedor e apaixonado pelo que fazia, colecionou títulos importantes e participou de momentos que transformaram o basquete brasileiro, inspirando atletas, treinadores e novos talentos ao longo de várias gerações”, escreveu o COB. A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) também publicou uma nota de pesar.

 

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Além das entidades e clubes, jogadores e treinadores também prestaram homenagens e utilizaram as redes sociais para lembrar Mortari como um técnico exigente, mas generoso na transmissão de conhecimento, alguém que marcou gerações não apenas pelos títulos conquistados, mas pela forma como contribuiu para a formação de pessoas e profissionais dentro do esporte.

“É uma perda gigantesca, não só para mim, mas para o basquete brasileiro, para o esporte como um todo. Mortari sempre se posicionou como um grande líder. Tive o privilégio de ser treinado por ele, consegui vivenciar o dia a dia, o espírito dele, competitivo e sempre conseguindo arrancar o melhor de cada jogador. Para mim, ele foi um mestre na gestão de grupo. É o melhor que eu já vi nesse aspecto. Foi campeão por onde passou. Uma pessoa muito diferenciada, muito inteligente, sempre muito irreverente, sempre com um senso de humor muito aguçado. Vai deixar realmente muita saudade, mas o legado dele é eterno”, afirmou Gustavinho Lima, comentarista do NBB CAIXA e que trabalhou com Claudio Mortari no Pinheiros, onde também atuou ao lado do filho do treinador, Bruno.

Com uma carreira de mais de quatro décadas, passagens por clubes históricos, atuação como técnico da seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Moscou 1980 e conquistas emblemáticas, como o Mundial Interclubes de 1979, Claudio Mortari deixa um legado que ultrapassa números e troféus. As homenagens publicadas por clubes, entidades, jogadores e treinadores refletem a dimensão de um nome fundamental na construção da história do basquete brasileiro.