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Um brasileiropelo mundo

19-02-2022 | 11:16
Por Rodrigo Bussula

Aos 42 anos de idade, Felipe Ribeiro ruma para o basquete italiano e prova que sonhos podem se realizar

Luiz Felipe Elizeu Mendes Ribeiro, mais conhecido como Felipe Ribeiro, é um pivô brasileiro natural da pequena cidade de Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, com pouco mais de 40 mil habitantes. Lá, nasceu o jogador que posteriormente viria a ser uma das grandes figuras do basquete brasileiro nos últimos anos.

Felipe Ribeiro marcou época no Fortaleza Basquete Cearense (Fotojump/LNB)

Sua trajetória de sucesso conta com passagens por diversas equipes. No NBB, o pivô defendeu as cores do Sesi Franca Basquete, do Paulistano/Corpore, do Pinheiros e do Fortaleza Basquete Cearense. Este último, inclusive, foi o lugar onde Felipe marcou época, com nove temporadas representando a equipe da capital cearense.

Recentemente, Felipe, aos 42 anos de idade, realizou um de seus maiores sonhos: jogar na Europa. O destino do experiente atleta foi o UBS Foligno Basket, da Itália. E ah, rolou até entrevista na TV Local, com o jogador arranhando um pouco no italiano:

 

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Entramos em contato e tivemos um bate papo com o Felipe Ribeiro. Na conversa, ele abordou diversos assuntos, desde a transferência para Itália até o legado construído e deixado em Fortaleza. Confere aí:

Qual foi a equipe mais marcante que você jogou no NBB?

Todos os clubes que joguei no NBB foram mais do que especiais. Tenho um carinho muito grande por Franca, que foi nossa primeira temporada. Lá eu ganhei vários títulos, participei de uma equipe muito vitoriosa e foi meio que um marco especial na minha vida, pois acabei fazendo amigos, mas a minha grande paixão sempre foi o Fortaleza BC. Também nunca deixo para trás o Paulistano, foi um marco na minha vida, um lugar que me tornei sócio e fiz grandes amigos, o Paulistano sempre estará no meu coração.

Mas é claro que esse amor acabou evoluindo para o Fortaleza BC, lá eu passei 10 temporadas, fui muito além da quadra, fiz história lá dentro, conquistei números, fiz amigos, conquistei bastante fãs.

Você viveu grandes momentos no Fortaleza B.C. Qual foi o principal?

A temporada que jogamos contra o Paulistano nas oitavas de finais, o Paulistano era o atual campeão, lembro que classificamos em 12º e pegamos eles. Estavam com um timaço, Georginho, Yago, Lucas Dias… era um grande time e fomos totalmente de azarão na história. Ganhamos o primeiro jogo em Fortaleza e fomos jogar dois jogos em SP. Lembro que nesse jogo estava super parelho, estávamos perdendo, faltavam dois minutos e eu estava com dois pontos.

Faltava um minuto e meio e acabei fazendo 15 pontos, acertei três bolas de três consecutivas, recuperei uma bola, um lance-livre a gente acabou eliminando o Paulistano dentro do ginásio deles, então foi um marco na minha vida sem igual.

Você acha que deixou um legado em Fortaleza?

Eu fui além das quadras, acabei escrevendo um livro sobre uma comunidade carente perto da minha casa, me envolvi com diversos projetos sociais, virei um amante de KiteSurf, um esporte muito praticado no litoral cearense e acabou virando meu segundo esporte. Acabei me envolvendo, comprei uma casa, fui ficando por lá e minha relação só foi amadurecendo, melhorando. Sou um grande apaixonado pela cidade de Fortaleza. E minha dedicação para com aquela equipe foi 100%, deixei a equipe com a consciência bem tranquila de não ter economizado nada, de ter feito tudo o que eu podia fazer, de ter dado todo meu talento, meu carinho, meu amor, meu tempo, toda minha dedicação que eu poderia ter feito por essa equipe eu fiz. Gostaria de ter conseguido algo mais, gostaria de ter colocado esse time em uma competição internacional, mas Deus sabe o que faz, fizemos muita história. Chegamos a colocar 12 mil pessoas no CFO lotado, Paulo Sarasate várias vezes, Jogo das Estrelas, enfim… fizemos muita coisa pelo Fortaleza.

Como foi a ida para a Itália?

Confesso que me pegou muito de surpresa essa proposta. Já tinha perdido a esperança de jogar fora do país, especialmente em um país de primeiro mundo, aqui na Itália, na Europa. Foi um desafio muito grande na minha vida, estava completamente confortável na minha situação, estava em um clube que eu já tinha uma história muito grande, vivendo bem, super adaptado, e eu quis fazer algo a mais, não só na minha carreira, não quis apenas me desafiar, mas também me tornar referência.

Eu estou prestes a completar 43 anos e eu sei que isso é um absurdo dentro do esporte profissional, então eu queria não só me superar, mas também ser exemplo para aquele cara que está com 22 anos e acha que não vai jogar um NBB, ou aquele cara que já está com 35 anos e acha que não vai jogar em time grande, ou aquele garoto que está com 18, 19 anos e acha que já passou o tempo dele… Minha maior motivação é mostrar que quando você faz as coisas com amor, com vontade… quando você supera você e o seu corpo, idade não é o limite para nada.

E eu acabei realizando uma grande vontade, um grande sonho meu agora com 42 anos. Minha adaptação aqui tem sido maravilhosa, tenho recebido um apoio aqui da equipe extraordinário, são super parceiros, são bem amigos, já joguei dois jogos aqui e ganhamos. Foi bem bacana e a minha adaptação foi muito rápida. O problema todo aqui é só o frio, o frio é de lascar. Hoje deve estar um, dois graus aqui, está bem gelado. Comparado a Fortaleza, foi a única coisa que me pegou. Mas de resto foi bem legal mesmo.

Qual o recado que você deixa para a nova/atual geração do basquete brasileiro?

Nosso tempo (mais experientes) está se esgotando. Olivinha, Marquinhos, Alex, Shamell, são exemplos, caras que fizeram/fazem história no NBB. Para essa garotada que está chegando agora, da LDB… que tenha 20, 21, 23 ou que seja 25 anos… o que eu mais falo: acredite muito em você não deixe ninguém colocar coisa na tua cabeça, que você não pode. Nós atletas não temos limite, viva seu sonho diariamente, acredite nas coisas que vem do coração, treine muito, seja obediente, respeite seus treinadores, respeite os mais velhos, ganhe experiência.

Hoje o basquete está muito globalizado, muito mais difícil de jogar. Você tem que ir além da quadra, não adianta ser só um bom jogador. Deve-se querer ser um bom atleta , ser uma boa pessoa. O funil está muito grande. O que falo para todos os garotos é que não deixem passar nenhuma oportunidade. Pode ser que naquele dia que você não esteja muito feliz, sem muita vontade de treinar, um olheiro vá te ver. Então dê seu máximo todos os dias porque passa rápido.

O NBB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), com chancela da Confederação Brasileira de Basketball (CBB) e em parceria com a NBA e o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), e conta com os patrocínios oficiais da Budweiser, SKY, Penalty, EY, Betmotion e apoio da IMG Arena, Genius Sports e Accor.