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LDB

Entrou na roda, tem que dançar!

12-08-2022 | 06:01
Por Arthur Salazar

Conheça um pouco mais sobre dois destaques do Flamengo que vêm dando o que falar na LDB

Artigo escrito por Arthur Salazar via Collab NBBxPosterizamos

No ritmo da base, frenético e impulsivo, os personagens muitas vezes dançam de acordo com as batucadas das portas. Portas se fecham; portas se abrem; portas se arrombam e, no fim das contas, é preciso muito gingado pra não errar os passos e bater de cara com alguma porta trancada. O pior de tudo, é que essa coreografia dramática só se aprende na prática e a história de hoje é sobre dois jovens do Flamengo que chegaram à Gávea por conta dessa folia do basquete nacional. Fecharam as portas de um, que teve que se requebrar para voltar para sua terrinha, enquanto o outro escolheu a porta que se abria mesmo entrando no compasso de uma cidade e vida nova. Os 2 dividem semelhanças e papéis em quadra, mas além de tudo, são gigantes de mais de dois metros que estão descobrindo desde cedo que se entrou na roda, tem que dançar.

Emanuel se acostumou com o ritmo pinheirense, mas nunca deixou de lado sua identidade carioca. “O Cria”, como sempre foi chamado mesmo em território paulista, acumulou aparições de gala no Ginásio Azulzinho e encheu sua casa com troféus e prêmios dos tempos de glórias da geração 2003 do time da zona sul paulistana. Em três anos e quase metade de outro vestindo as cores do Pinheiros, o ala-pivô se destacou a ponto de ganhar espaço na amarelinha e no time principal do tradicional clube de São Paulo. Mesmo assim, a cadência carioca não combinou com o arranjo paulistano e, pouco tempo antes da LDB, o Cria voltou para o seu Rio de Janeiro. 

Emanuel, do Flamengo (Wesley Morais/LNB)

O Flamengo virou sua nova casa e “como é bom estar de volta” confessou Emanuel pra mim quando o vi em julho. Porém, o gigante se moldou ao basquete paulista e deixou claro que sentia falta do holofote e oportunidades que rondam SP. Na verdade, pouco importa o que acha ou já achou Emanuel, porque desde que virou rubro-negro ele se tornou peça chave e essencial pro Mais Querido. É o terceiro que mais joga; o segundo que mais pontua e pega rebotes; além de garantir onze pontos de vantagem para o Mengão quando pisa em quadra e fechou a primeira etapa com duplo-duplo de média. Como bom carioca, se tornou um dos protagonistas desse bailão e assumiu de vez a malandragem que só aparecia nos não tão raros momentos de “Cria” na terra da garoa.

O outro que dança a valsa flamenguista é Lucas Brandão. Esse é da capital paulista, jogou no Paulistano e Corinthians e escolheu o Flamengo no começo de 2022 mesmo já fazendo parte do time principal do Coringão. Brandão virou Lucas quando chegou na cidade fluminense, e teve que deixar o número 16 de lado quando se deparou com Olivinha no mesmo teto. Curiosamente, o jovem de 19 anos é o mais parecido com a lenda rubro negra na base, por conta da sua intensidade contagiante que é fruto da vontade de fazer diferença de qualquer jeito.

Pelo Fla, Lucas veste a 14 e não sentiu o peso da regata que já passou nas mãos santas de Oscar Schmidt. Mesmo vindo do banco na LDB, fica entre os três primeiros em todas as estatísticas do elenco carioca (exceto pontos por jogo) e é crucial para que o ritmo do Mengão funcione tão bem. Se tornou um dos favoritos da torcida apaixonada, que vê o paulista-carioca como representante da nação rubro negra em quadra por todos os motivos esperados. Brandão chegou com fome, não tem vergonha de fazer o jogo sujo, e está se tornando um vencedor daqueles que escolhem o coletivo acima de qualquer purpurina própria.

E o ritmo flamenguista? Esse serviu bem à dupla de alas-pivôs, mais acostumados ao papel de cinco do que o de três, e que jogam sem tantas alegorias e adereços mas com muito gingado e toda a manhã necessária para não rodar na pista. “Jogue o jogo” ou nesse caso “dançe a dança”, o que importa é que não sendo inimigo do ritmo dá pra dizer que sempre vai ter uma porta prontinha pra ser aberta.