HOJE
O xadrez doschutadores
Por Douglas Carraretto
Bolas de 3, aproveitamentos e especialistas: veja como Franca e Paulistano usam seus arremessos de longa distância
Não tem como falar de Sesi Franca x Paulistano/Corpore sem falar de bolas de 3. Portanto, já aviso: o assunto aqui será só esse.
Os dois primeiros colocados do NBB CAIXA, que vão se enfrentar neste sábado (24/11), no Pedrocão, às 14 horas (ao vivo na Band), prometem fazer um verdadeiro “xadrez de chutadores”. Vamos explicar o porquê.
Começando pelos números ofensivos de ambos: Franca tem o melhor ataque do campeonato (87,7 ppj), enquanto o Paulistano tem o terceiro (81,9 ppj). E o mais interessante: ambos têm a bola de 3 como grandes forças de seus ataques.
Eles são os times que mais arremessam para 3 pontos na temporada: Paulistano chuta 30,78 por jogo, e Franca 29,9 por jogo.
Os francanos ainda lideram o ranking de bolas convertidas, com 11,0 por partida, enquanto o clube alvirrubro é o quinto, com 9,44 por jogo.
A única discrepância entre eles é o aproveitamento: Franca tem o terceiro melhor (37,12%), enquanto o CAP tem o terceiro pior (30,69%) do campeonato.
+Ranking de pontos e arremessos das equipes do NBB CAIXA 2018/2019
Mas, apesar de toda essa igualdade nos números, a maneira com que os dois arremessam são diferentes e mostram um pouco de como eles exploram essa arma. Para isso, é preciso analisar os arremessadores de cada um. Vamos lá:
Sesi Franca:
Vamos começar por David Jackson, que é como um hors concours (termo de origem francesa usado para algo excepcional, de qualidade superior aos demais) no quesito arremesso.
Ele tem nada menos que o melhor aproveitamento em bolas de 3 pontos na história do NBB CAIXA, com 46,04% – considerando apenas atletas com um mínimo de 50 jogos disputados e uma média de no mínimo de uma bola convertida por partida na história da competição.
+Estatísticas da carreira de David Jackson no NBB CAIXA
Na atual temporada, DJ lidera com folgas o ranking de tiros de 3 pontos convertidos por jogo, com 3,0 de média, e tem expressivos 50% de aproveitamento. De quebra, é dele o recorde de arremessos longos certos em uma só partida, com nove contra o Vasco.
O estilo de arremesso que impera em seu jogo é o catch-and-shoot, que no grosso do português significa “pegar e atirar”. Ou seja, é aquele cara que recebe a bola paradinho, posicionado, e já manda bala, mortal.
No entanto, como se trata de um especialista de primeira, DJ também é capaz de criar seu próprio chute através do drible, que na linguagem do basquete chamamos de arremesso off-the-drible.
Didi e Alexey são outros atletas do Franca com essa capacidade de criar o próprio arremesso, mas são melhores no chute parado, assim como Elinho.
Aliás, o catch-and-shoot é a especialidade de outros atletas do time, como o ala Jimmy, um especialista nos chutes de 3 paradinho, principalmente da zona morta – uma de suas maiores armas – e Lucas Dias.
No entanto, a maioria dos jogadores se adaptou a um estilo de jogo e rende melhor arremessando de outra forma: o spot-up-shoot.
Isso que nada mais é do que um arremesso também sem drible, porém com o atleta recebendo a bola em movimento – algo que David Jackson executa com maestria e também é feito por Hettsheimeir, Lucas Dias, Didi, Cipolini e Alexey.
Conclusão: Essa predominância no spot-up já acusa uma das características do ataque do Franca, que é mais organizado, trabalhado em movimentações, desequilíbrios de defesa. É assim que são criados os chutes de fora da equipe Top 1 em bolas de 3 convertidas do NBB CAIXA.
Paulistano:
Já no Paulistano, o principal atirador é o ala/armador norte-americano Evan Roquemore, líder da equipe em bolas de 3 – tanto em média de acertos quanto em aproveitamento.
Diferentemente de seu compatriota David Jackson, do Franca, Roquemore é um cara que quase sempre cria seu próprio arremesso, off-the-drible, seja usando corta-luzes ou na base do isolamento, do 1×1 ou em transição.
DO “A” DO C-A-I-X-A!!! @BasqPaulistano #NBBnoFOXSports pic.twitter.com/vH97abrMnQ
— NBB CAIXA (@NBB) November 16, 2018
O Roquemore chutou essa lá do meio do Clube… @ClubePaulistano #NBBNoFOXSports pic.twitter.com/O2EdE8llqJ
— NBB CAIXA (@NBB) November 17, 2018
O Paulistano em si é um time que gosta muito de arremessar em transição, porém, o aproveitamento em geral não tem sido bom nesse tipo de arremesso para a equipe – apesar de explorarem bastante.
O jogo de transição do CAP se dá principalmente através da velocidade do armador Yago, que será desfalque contra Franca devido à lesão no tornozelo sofrida contra São José – ficará de fora de duas a três semanas.
Yago, por sua vez, também é um atleta que, além das bolas em transição, usa muito bem o isolamento e os chutes oriundos de corta-luzes, ou seja, os chutes off-the-drible, assim como Roquemore.
Já se tratando de chutes em movimentação, o spot-up-shoot, quem se sobressai são Georginho, Guilherme Hubner e Eddy, que apesar da precisão neste tipo de arremesso, vêm produzindo pouco ofensivamente na temporada – médias de 6,2, 7,4 e 4,5 pontos por partida, respectivamente.
#NBBnoFoxSports
Georginho matando bola de 3 pontos! pic.twitter.com/YLv1kRxP1q— NBB CAIXA (@NBB) October 20, 2018
Mas um fato é: o CAP baseia praticamente todos seus ataques no corta-luz. Isso é indiscutível. A maioria das posses da equipe começa a partir dos bloqueios na bola, que dão origem às movimentações de ataque que resultam em arremessos.
O pivô Guilherme Hubner, por sua vez, é um atleta letal em arremessos depois de corta-luz, na maioria das vezes da cabeça do garrafão. Ele é daqueles caras que, se deixar livre, vai matar. Apesar dessa característica, ele tem tido um baixo volume nos chutes longos – 0,9 convertidos somente -, mas é capaz de mudar jogos com seus tiros longos. Com ele, não dá para vacilar.
Conclusão: Time que mais arremessa de 3 pontos na temporada, o Paulistano tem um volume muito alto nos tiros longos e gosta de chutar em transição – apesar do baixo aproveitamento. No entanto, a maioria esmagadora dos ataques que terminam em cesta vem a partir de corta-luzes – estratégia ofensiva número um do CAP. É assim que surge grande parte da produção ofensiva da equipe, dona do terceiro melhor ataque do campeonato.
O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), em parceria com a NBA, e conta com o patrocínio máster da CAIXA, os patrocínios de INFRAERO, Avianca, Nike e Penalty e os apoios de UNISAL, Açúcar Guarani, Ministério do Esporte e Governo Federal.