HOJE
Magic Fúlvio Out
Por Gustavo Marinheiro
"Obrigado, Basquete", um dos maiores armadores da história do NBB, Fúlvio anuncia sua aposentadoria das quadras de basquete
Existem jogadores que preferem mais o passe do que o ponto; que saem de uma partida mais contente com uma assistência plástica, do que com uma bola de três ou uma enterrada. Também temos jogadores que fazem outros companheiros de equipe brilharem e se consagrarem. Fúlvio foi todas essas versões. Nesta quarta-feira (13/7), o também conhecido como “Magic Fúlvio” e um dos maiores jogadores da história do basquete brasileiro, anunciou a sua aposentadoria das quadras.
“Obrigado a todos que dividiram a quadra e conviveram comigo por mais de duas décadas de profissional no maior e melhor esporte que existe. Aos meus pais e meu irmão, tenho dívida eterna pelo apoio. Agradeço a minha esposa pelo companheirismo e paciência, obrigado meus filhos, vivo por vocês e espero que entendam os dias que o papai teve que ficar ausente. Obrigado, Basquete. Fui!”.
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Fúlvio Chiantia de Assis iniciou a sua carreira profissional no basquete no início dos anos 2000, quando defendeu as cores do “Nosso Clube”, de Limeira, e logo de cara despontou pela sua grande variedade de assistência, QI de basquete e plástica de jogo. Já nos seus primeiros anos, com passagens pelo Paulistano, Uberlândia, Franca, entre outras equipes, Fúlvio despertou como uma das principais referências do basquete brasileiro na posição de armador, um verdadeiro símbolo para os novos jogadores.
“Ele foi desses caras que fez melhor para o basquete. Todos que jogaram nos anos 2000 tiveram ele como inspiração, principalmente os armadores. Ele sempre foi esse cara que preferiu a assistência, não a pontuação, e não porque ele não sabia pontuar, mas porque ele preferia muito mais envolver os companheiros. Fazendo isso, ele sempre deixou o basquete melhor. Duelei contra ele algumas vezes, e assim, sempre eram noites mal dormidas, dava tudo de mim para enfrentar ele, sabia que seria difícil. Mesmo antes de conhecê-lo, já sabia que ele era um cara muito gente boa, por conta desse jogão altruísta dentro de quadra. Foi muito bom ver ele jogando por tanto tempo. Bom como o vinho”, afirmou Gustavinho Lima, ex-atleta do NBB e amigo pessoal do Fúlvio.
No NBB, Fúlvio marcou história como um dos maiores nomes da Liga. Mesmo não jogando em duas temporadas por conta de lesões, o armador lidera o ranking de assistências com 2.416 de saldo, 300 a mais que o Nezinho – segundo colocado na lista. Além disso, também é o detentor do recorde de mais assistências em uma única partida, com 21, contra Uberlândia, na temporada 11/12.
O ex-jogador ainda conta com a melhor média de assistências da história do NBB (mínimo de 100 jogos), com 7.0 por jogo. Também foi, em cinco temporadas, o jogador líder na estatística (10/11, 11/12, 12/13, 15/16, 16/17, 20/21) e por três vezes o melhor armador do ano (09/10, 11/12, 12/13, 16/17).
“Falar do Fúlvio é complicado, é meu melhor amigo dentro do basquete. Jogamos juntos em São José, Assis, Bauru, sempre dividimos quarto, muitas experiências, ele é até padrinho do meu filho. Hoje eu vi o post dele de despedida das quadras, e assim, é um sentimento de felicidade, mas de tristeza também, é muito difícil ver um craque finalizar sua passagem no esporte. Mas foi com chave de ouro, ele é um vencedor”, disse Jefferson William, ex-companheiro de Fúlvio.
Nas últimas temporadas, em especial no Mogi, Fúlvio assumiu um papel de mentor para jovens talentos que estavam em ascensão no clube. Além de liderar a equipe do interior à grandes campanhas no NBB, Paulista e Liga das Américas, o ex-armador ajudou no desenvolvimento de nomes como Lucas Lacerda e Lessa, que conduziram o Mogi na temporada passada, enquanto ele estava lesionado.
“Jogar ao lado do Fúlvio foi uma honra para mim. Com a chegada dele, aprendi bastante, foi uma grande experiência, ele me ajudou muito. Nos meus momentos ruins, ele sempre teve palavras para me reerguer, sou muito feliz por ele ter feito parte da minha história no basquete. Foi o melhor armador que eu já conheci, uma inspiração pra mim, agradeço por tudo, por todos os conselhos, por tudo que aprendi dentro de quadra. Obrigado, Fúlvio, por ter deixado essa magia no basquete. Parabéns pela sua história”, afirmou Guilherme Lessa, companheiro do Fúlvio nos seus últimos anos em Mogi.
O legado de Fúlvio vai além da dedicação e da qualidade para se tornar um jogador de basquete de alto nível; Alcança também a ética e a moral de se tornar um atleta altruísta, que gosta de envolver e animar os seus companheiros, fazer o show acontecer. Fúlvio mostrava que o basquetebol era arte e encantava quem o assistia. Foi uma honra ter a sua mágica nas quadras do NBB.
O NBB é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete (LNB), com chancela da Confederação Brasileira de Basketball (CBB) e em parceria com a NBA e o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), e conta com os patrocínios oficiais da Budweiser, SKY, Penalty, EY, Betmotion, Centauro e apoio da IMG Arena, Genius Sports e Accor.